Prólogo

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Ao abrir os olhos, eu soube que não voltaria a dormir tão cedo.

Não pela forma abrupta que despertei, mas sim pelo sonho que acabara de ter. Mesmo que os detalhes me fujam no momento, me lembro da sensação ao sentar na cama. Meus olhos ardiam, como quando saímos para a claridade após dias trancado em um lugar escuro. Não que eu já tenha estado nessa situação, é apenas como imagino que seja.

No sonho, eu carregava algo pesado em minhas costas, e me arrastava. Eu arranhava o chão, quebrando minhas unhas e ralando meu peito. Eu não imaginava o que carregava sobre mim, mas podia jurar que ouvia respirações além das minhas. Havia uma música tocando e um som de sirenes no ar, além de gritos e batidas nas portas que completavam o longo corredor.

Percebi que estava sonhando, e forcei minha mente a acordar. Muitos chamam isso de "sonho lúcido". Bem, para mim não importa o nome, o que importa é que eu fechei meus olhos, tentando acordar, buscando achar o interruptor cerebral que me tirasse daquele pesadelo.

E foi quando eu despertei. Todos sabem que, para fugir de um sonho ruim, basta fechar os olhos dentro do mesmo e forçar para acordar.

Funciona quase sempre.

Minha memória às vezes falha, mas sobre o decorrer daquele dia eu posso contar todos os detalhes, pois foi, sem dúvidas, o pior de minha vida. Nunca acreditei em Deus, e nunca me senti arrependido por isso.

Exceto naquele dia.    

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