Capítulo 26

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Anahí: Oh meu Deus, Paul! Duas semanas. –ela falou animada sentada na sala de visitas do presídio, de mãos dadas ao irmão-

Assim que Anahí chegou em casa naquela manhã, o advogado de Paul ligou para contar a notícia, que mal conseguia acreditar. Ela animada não pensou em outra coisa a não ser ir ver o irmão. Já fazia tanto tempo que não lhe fazia uma visita...

Paul: Anahí, sabe que não gosto que venha aqui. –disse com o semblante triste- Aqui não é lugar para você. –lembrou, a fazendo revirar os olhos-

Anahí: Sabe que não me importo. –deu de ombros- Estou tão feliz que finalmente você vai sair daqui, Paul. –falou emocionada, os olhos já marejados, e ele sorriu de canto- Você está mais magro, seu rosto está só olheiras, e esse cabelo? Rasparam outra vez? –a voz embargou ao constatar a péssima aparência do irmão em voz alta, deixando escapar uma lágrima de seus olhos, que ela rapidamente limpou-

Paul: Estou vivendo os piores anos da minha vida, Any. –lamentou, os dois com as mãos dadas sobre uma mesa que os separava- A vida aqui é um inferno, não há um só dia em que eu consiga ter paz.

Anahí: Está acabando, aguente só mais um pouco. –as lagrimas já inundavam seu rosto, que ela não conseguia mais conter- Eu consegui um emprego. –mudou de assunto, sorrindo animada- As coisas vão melhorar para nós dois outra vez, eu tenho certeza.

Paul: Não sabe o quanto me culpo por não poder cuidar de você da forma que deveria. –ele abaixou a cabeça outra vez, completamente decepcionado consigo mesmo- Eu não queria ser um estorvo na sua vida, queria dar a você a vida que merece.

Anahí: Ei, não diga isso. –o interrompeu, levantando o rosto de Paul- Você nunca foi um estorvo. Eu amo você, Paul. –ela apertou suas mão, passando toda sua força ao irmão- Você é meu irmão, minha família, eu sempre vou amar você, independente do que aconteça.

Paul: Eu queria tanto poder voltar no tempo... –seus olhos apareceram vermelhos, olhando fixamente para a mesa- Queria poder fazer com que aquele acidente nunca tivesse acontecido. Eu não sou um assassino, Any. Eu juro que não sou.

Anahí: Não diga mais nada. –o interrompeu- Não fique se remoendo assim, eu sei que você não teve culpa, eu acredito em você. Eu sei que você nunca mataria ninguém de proposito, Paul. Eu vivi uma vida inteira, com você, esqueceu? -falou com um sorriso- Só eu sei que você escondia seu pedaço do bolo que a mamãe fazia para dar aos meninos de rua. -disse em um sussurro, o fazendo rir fraco- Foi um acidente. -voltou ao assunto, em um suspiro-

Paul: Por que o juiz não acreditou que havia sido um acidente? Por que me condenaram a tantos anos para viver nesse lugar onde todos os dias alguém me inferniza, por que? –perguntou inconformado, ambos chorando a mesma dor-

Anahí: Infelizmente a justiça dos homens é algo que nunca conseguiremos entender. –respondeu- Mas agora que você estará livre, tudo vai mudar Paul. Você vai retomar sua vida outra vez, vamos ser felizes. –ela tentou se animar, sorrindo para ele outra vez, deixando suas mãos- Não se condene mais, irmão. O que importa é que você é inocente, e apenas nós dois sabermos disso, já basta para vivermos em paz.

Quando o guarda veio informar que a visita havia acabado, Anahí se levantou dando a volta na mesa e abraçou o irmão com todo o amor e força que tinha. Eles ficaram os últimos segundos que lhes restavam abraçados, Paul beijou sua testa, e ela se foi. Foi com o coração em pedaços por ver o quanto ele estava derrotado naquele lugar, mas feliz por saber que os dias de sofrimento estavam acabando.

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O domingo havia sido infernal para Alfonso. Quando chegou em casa, as lembranças junto com a noticia que recebera lhe golpearam e ele se sentiu mais destroçado do que nunca. A casa parecia lhe sufocar e só suas doses de uísque conseguiram lhe aliviar a dor. Anahí apareceu em sua mente intrusamente, o fazendo lembrar do sorriso que lhe deu ao se despedir dele no carro pela manhã, a presença dela lhe dava uma paz tão grande que era inexplicável. Ele sentiu falta dessa paz, agora que estava em seu inferno novamente. Ele fechou os olhos com força, afastando os pensamentos, deixando a cabeça tombar para trás em sua poltrona, o álcool cobrando seu efeito, relaxando-o, levando-o para o seu mundo inerte.

Olho por OlhoOnde histórias criam vida. Descubra agora