Capítulo 31

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P.O.V Jane

Abri os olhos lentamente pisquei-os alguma vezes para me habituar à luz do quarto. Quando me virei, esperava encontrar o Niall mas isso não aconteceu. Levantei me para procurar melhor mas o quarto estava vazio.

-Niall?- esperei mas não obtive resposta. Onde será que ele foi? Se calhar arrependeu-se e foi-se embora. Não, impossível. Ele nunca faria isso. Certo?

Ouvi o som da porta a abrir-se e tapei-me melhor com o lençol por impulso. Não ouvi mais barulho, por isso decidi ir verificar se a porta estava ou não aberta. Enrolei o lençol à volta à volta do meu corpo e prendi-o para que não caísse. Olhe à minha volta e agarrei a primeira coisa que me apareceu à frente, o candeeiro. Com passos cautelosos, desloco-me para a entrada. Os passos de outra pessoa foram-se tornando mais sonoros, indicando que estávamos mais próximos. Respirei fundo para me encher de coragem e segurei o candeeiro com mais força. Com toda a valentia que tinha, saltei para a frente prestes a atirar o objeto...

-Aaaaaaa!- paro-me a mim mesma quando vejo o rosto familiar de Niall.

-Credo, Jane! Que susto! O que estás a fazer?- fiquei sem reação, tanto que o lençol se desprende mostrando o meu corpo nu. Rapidamente o apanho e cubro-me de novo. Tento não mostrar o meu estado de completa vergonha mas a realidade era esta. É IMPOSSÍVEL!

-Onde estavas?- as minhas bochechas tomam um tom mais rosado ao perceber os seus olhos vidrados ainda no meu corpo. Começo a estalar os dedos à sua frente tirando-o do seu transe.

-Hum... é... eu fui buscar o pequeno-almoço para nós.- só então reparei no carrinho cheio de comida à minha frente. 

- Oh... Eu pensei que tivesses ido embora.

- Não, eu nunca faria isso. -  Ele aproxima-se de mim, envolvendo a minha cintura de modo a ficarmos mais próximos. Ele vai deixando beijos pela minha bochecha, descendo até ao meu pescoço. Um dos meus braços rodeia o seu pescoço ao mesmo tempo que ele vai subindo até ao meu ouvido. 

- Gosto mais de te ver sem roupa. - As suas mãos tiram o lençol do meu corpo. Os nossos lábios encontram-se, iniciando um beijo cheio de prazer, fogoso. As nossas línguas dançam harmoniosamente. A temratura do quarto aumenta substancialmente. Deixo-me ser guiada até à cama para assim me entregar ao prazer e à luxúria. Perco-me nos seus braços por entre beijos e carícias.

* * *

Depois do nosso momento de amor, tomamos o pequeno almoço e acabams por tomar um banho juntos. Fomos em direção ao bairro do Niall para que ele pudesse trocar de roupa. 

- Jane !

- Michael ! - O pequeno vem até mim e dou-lhe um abraço apertado.

- Tive tantas saudades tuas ! Podemos ir ao parque ?

- Claro que sim. - Michael fica contente. A sua alegria é contagiante, o sorriso está presente nos meus lábios. Depois da noite perfeita e desta manhã, nada pode estragar o meu dia. Estavamos a brincar quando o Michael olha para algo atrás de mim e sorri. 

- Nadie, também vieste ! - Ele corre para abraçá-la e faço o mesmo.

- Vim agora mesmo do mercado. Trouxe comida para todos. Vocês precisam de alguma coisa, querido ?

- Não Nadie, obrigado. 

- Então vou entregando aos outros. 

- Posso ajudar ? - Perguntei e ambos me encararam. 

- Claro que sim, querida. Vamos !

Ajudei a Nade, pegando num dos sacos de compras e segui-a para uma casa minúscula e aparentemente sem condições. A Nadie bateu à porta de madeira e sorriu na minha direção. Um homem apareceu do outro lado e abriu a porta lentamente. O seu rosto parecia-me familiar mas não conseguia lembrar-me de onde o conhecia. 

- Bom dia, Frank. - A mulher ao meu lado cumprimentou. 

- Bom dia, Nadie. - O homem deu um sorriso fraco e depois reparou em mim. Fico espantada ao ver o homem que partilhou a sua triste história comigo. É o mendigo ! Será que ele se lembra de mim ? Antes  que pudesse ver um sinal de resposta à minha pergunta, a Nadie quebrou o silêncio. 

- Então, estás melhor ? A Maura contou-me que estiveste doente...

- Sim, já estou bem. Obrigado. 

- A casa é muito fria ?

- Não, é suficiente para mim. 

A Nadie começou a tirar alguns alimentos do saco e entregou-os ao pobre homem. 

- Caso precises, é só bater à porta. 

O Frank sorriu em agradecimento e eu continuei distraída demais para falar. Espreitei discretamente para dentro da casa. Parecia pequena, fria, húmida e sem dúvida com falta de condições. As roupas do homem estavam gastas e sujas, senti pena dele por viver assim e relembrei a sua história. 

- Jane ! - Gritou o Niall enquanto corria na nossa direção. Olhei-o confusa e rapidamente percebi o motivo da sua preocupação. O carro luxuoso do meu pai estava lá no bairro. Ele saiu do automóvel envergando um dos seus  fatos caríssimos. Parecia furioso e olhou-me friamente. Os seus passos apressados na minha direção iam ficando cada vez mais intimidantes. Passei os sacos que tinha na mão ao Niall e caminhei receosamente até ao meu progenitor. 

- Pai, o que estás aqui a fazer ? 

- Isso é uma pergunta que me cabe a mim fazer. O que é que estás aqui a fazer, Jane ?

- Eu só... 

- Eu já te avisei sobre isto ! Tu nunca me ouves... Os pobres são como pedras no sapato. 

- Eles não são como tu pensas, pai ! - A esta hora gritava a plenos pulmões, tentando chamá-lo à razão. 

- Claro que são. Não têm coração. 

- Bem, se calhar o único sem coração és tu ! - a minha cara é virada abruptamente e um ardor enorme cresce na minha bochecha. Levo a mão até ao sítio onde, pela primeira vez, ele me bateu. Tanto Nadie como Niall permanecem chocados. Páro de conter as lágrimas e deixo que rolem pela minha cara. 

- Que seja a última vez que falas assim comigo. Eu sou teu pai e exijo respeito. 

- Desculpe mas, depois do que fez, não pode ser considerado pai dela. -Nadie faz-se ouvir. 

- Mrs Spielgerberg, acho que não está no direito de falar da educação que dou à minha filha. A senhora não é mãe dela, pois não ? - A Nadie fica completamente sem fala. Os meus olhos procuravam os de Niall, que estava demasiado quieto. A sua expressão refletia preocupação. Eu sei que ele quer ajudar-me mas também sei que isso é impossível. Temos de manter o disfarce. 

- Vamos embora, Jane. Tens uma festa de noivado a que não podes faltar, lembras-te ?

Agarrou-me o braço com força, deixando-me sem tempo para protestar ou fazer o que quer que seja. Fui arrastada até ao carro e, antes de entrar, lancei um último olhar ao Niall. A viagem até casa foi silenciosa, ouvindo-se apenas o meu choro. Mal chegamos, corro diretamente para o meu quarto sem querer comer nem falar com ninguém. Só preciso de estar sozinha. Algum tempo depois, oiço uma batida na porta. 

- Não quero falar com ninguém !

- Sou eu, querida... - A voz doce da Nadie faz-me sentir ligeiramente melhor. Levanto-me da cama e caminho para a porta, abrindo-a devagar. Sou imediatamente rodeada pelos braços da pessoa mais querida à face da Terra.

The Poor Rich Girl/Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora