04-Desafiando a sorte

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Depois daquele dia, eu tenho tirado toda vez a camisa de força do Yoongi e lhe oferecido finis de diferentes sabores, mas ele não tem falado comigo como sempre.

Eu não me conformo dele ser assim e não falar nada. Nem pra pedir tinta de cabelo ele têm falado desde que eu estou trabalhando aqui. Ainda permanece com os cabelos
esverdeados.
Uma das enfermeiras disse que foi o maior período com a mesma cor de cabelo que ele passou. Já quatro meses e meio.

Yoongi entra sozinho como tem acontecido nos últimos dois meses. Mas dessa vez me surpreendo por ele não estar usando a camisa de força e sim uma camisa branca lisa.

Ele parece um homem totalmente normal vestido assim. Tão normal quanto o Jimin, e eles têm a mesma idade.

---Olá Yoongi-Ssi. Está bonito com esta camisa.
Ele logo se senta e começa a tortura de eu conversar praticamente sozinha por não ter respostas dele.
Faço todas as mesmas perguntas que faço todos os dias, o garoto só me encara com variadas feições, come os finis... mas nada.

Eu já estou cheia disso. Estou cansada. Quero trabalhar com ele, mas ele nunca permite isto. É muito cansativo.
Não durmo mais, não como direito, mal vejo o Jimin...
Estou perdendo minha vida pessoal por causa do Yoongi, por não desvendar ele.

Me levanto de repente e percebo que isso o surpreende.

---Chega Min Yoongi. Cansei! Só estou fazendo papel de trouxa para você. Eu sei que você gosta disso.---Ele fica em pé igual a mim.---Não vou mais esforçar um osso do meu corpo pra tentar interagir com você. Sinceramente, não me importarei mais com você. Só vou fazer meu trabalho o mais básico possível em relação a você.

O esverdeado pula em cima da bancada se atravessando pro meu lado.
Dou um passo para trás e ele me prensa na parede com os dois braços de cada lado de minha cabeça. Os olhos dele demonstram raiva.

Eu tenho meus olhos marejados, mas me mantenho forte.
O garoto raivoso fica nessa posição por incontáveis segundos. Talvez minutos. Não posso deduzir, mas é muito tempo.
Quando finalmente ouço a sua voz pela primeira vez.

---Por que tem que ser assim?---Ele sussurra.
---Assim como?---Pergunto depois de processar sua pergunta e sua voz antes desconhecida.
---Tão irritantemente insistente.
---Sou insistente porque quero o seu bem.

---por que quer meu bem?---Ele mantém a voz sussurrada. A sua voz é grave e suave e anasalada ao mesmo tempo me trazendo arrepios de dentro.---Você não tem medo de mim?
Não sabe o quanto eu quero te machucar agora. Da. Pior. Forma. Possível.---Fala pausadamente.

---Você quer me ver com medo. Eu não vou ceder. Se quiser me machucar, me machuque, mas não vou ser covarde.---Digo firme.

Ele bate a mão direita na parede para me assustar, mas mesmo com os olhos marejados eu me mantenho firme diante dele.

---Eu acredito em você, Yoongi-Ssi. Esse é meu defeito, acreditar demais nas pessoas.
---Não devia.
---Eu devo. Eu quero acreditar em você.
---Pare!---Ele grita.
---Eu não paro.

Ele se afasta e puxa os cabelos fechando os olhos, vira as costas para mim e eu fico encostada na parede ainda com receio de me movimentar.
O garoto vira para mim novamente e se aproxima do meu rosto.
Os olhos dele são indecifráveis.

Ele faz menção de encostar sua mão esquerda em meu rosto, mas logo a abaixa e se afasta de novo.
Pego sua mão com toda coragem que tenho reunida. É a primeira vez que toco nele. A mão dele é tão macia e ele deixa eu tocá-lo.

Ele resolve se sentar no chão e eu sento em sua frente. O esverdeado permanece olhando pra mim, mas dessa vez ele olha com uma cara de choro.

---Você gosta de música, Yoongi-Ssi?---Pergunto sentindo todo o meu corpo no ritmo acelerado do meu coração.
Ele permanece calado.
Eu pego meu celular e dou play na primeira música da minha Playlist.

Psycho Heart (myg). AUOnde histórias criam vida. Descubra agora