Grupo de Leitura

26 2 0
                                    


Estava perdida nos meus pensamentos, nos dias que se seguiram. Não conseguia tirar o olhar e o sorriso daquela moça da minha mente.

E ainda mais a mensagem que ela me deixou. Deixou o celular, e o endereço. E finalmente era Quarta-Feira, esperei a semana toda para dar esse dia.

Trabalhava, mas apenas de corpo presente, a mente estava naquele olhar, e em tudo que ele me fazia sentir, ainda que por breves minutos que a conheci, ela ainda sim, não saía do meu pensamento.

Claro que ela nem me conhecia, nem sabia sobre minha vida mas... Com o tempo, tudo seria revelado.

Eu sabia que precisava ir pela noite naquele endereço. Precisava novamente encontrar aquela moça, e descobrir o que ela tinha que me fazia sentir assim, atônita... Sem graça, sem ar.... sem vida, se não fosse quando vi aquele olhar.

Ao fim do dia de trabalho, que pareceu se arrastar por dias naquela quarta-feira esperada, corri para pegar o ônibus, e chegar o quanto antes em casa. Ia colocar um vestido para a surpreender mas, tinha esfriado significantemente aquele dia, precisaria ir de calça e sobretudo.

Então, coloquei uma blusa decotada, me agasalhei bem e peguei o papel com o telefone, e o endereço. Vi no WAZE o mapa do local, e como chegar lá, e já ia me dirigindo para saída quando meu celular toca.

Atendo com pressa, e ouço a voz de veludo do outro lado.

- Sarah meu amor, esqueceu que tínhamos marcado de nos ver mais tarde? - Eleonora diz, aflita , mas ainda sim com a voz doce e delicada.

- Léo meu amor perdão... Tinha esquecido completamente. Combinei de ir no grupo de leitura de uma amiga, quer ir comigo?

- Não coração, pode ir - Léo diz, com um perceptivo desânimo na voz - A gente remarca o cinema e a saída pra outro dia linda.

- Tem certeza amor? Posso ligar pra ela e desmarcar... O grupo tem encontros toda quarta-feira, vou na quarta-feira que vem - Disse evasiva, rezando para receber uma resposta negativa.

- Sarah pode ir... Nos falamos depois ok? Te amo bb.

- Ok minha ursinha. Beijo amor, te amo! ♥

Sorri ao desligar, meio que já me sentindo culpada pelo que ia fazer. Não tinha feito nada de errado, ainda mas... A minha namorada nem desconfiava que eu estava indo ver a ruiva que havia flertado comigo, e disparado meu coração como nunca antes, em muito tempo.

Chegando ao local, reparei que já tinha uma quantidade significativa de pessoas, era uma casa grande, daquelas que parecem ter saído de um filme.

Jardim bem cuidado na entrada, uma escada com árvores em volta toda decorada, e os degraus que pareciam mais altos do que o meu salto.

Meio sem jeito por toda aquela arquitetura, e eu já achando que não estava vestida corretamente para o evento, pela majestade da casa, vou me aproximando devagar, quando vejo a moça em cima da escada, esperando mais convidados, ela sorri e vem na minha direção.

Meu coração já saltava pela boca, ao ver ela se aproximar, e quase dou um pulo de susto quando ela se aproxima, e vem ao meu encontro, dar um abraço de boas vindas.

- Calma menina, não vou te morder! .... Ainda! rs Sou a Marina, a moça que teve o "esbarrão" contigo outro dia, e seja bem vinda à minha casa.

Sorri de volta, ainda vermelha e sem jeito, disse de volta para ela:

- Ah sim... Prazer Marina, que bela casa você tem!

- Era dos meus pais, herdei e cuido bem dela desde então.... Você não me disse seu nome.

- Ah sim, não er... Não disse mesmo! Sarah, prazer!

- Prazer só mais tarde querida! - Ela sorri e fala maliciosamente, piscando pra mim e me deixando ainda mais sem graça, enquanto adentramos na "mansão" dela.

Ao entrar percebo que tem casais hétero, gays, e ainda sim gays e lésbicas solteiros, gente de todo tipo, e vestida de todo o jeito, que se acomoda entre os inúmeros sofás daquela imensa sala, e espera a anfitriã dar as palavras de boa noite daquele dia.

- Boa noite à todos. Antes de começar a leitura em grupo dessa noite, tenho uma nova convidada, e quem sabe, futura membra do nosso grupo de leitura.

Fico ainda mais vermelha e sem jeito, e quando ia abrir a boca, dizendo que não era necessária essa introdução, ela me puxa para perto dela, e eu atônita levanto, e sorrio a todos.

- Sarah, seja bem vinda! - Marina diz, e todos repetem em uníssono logo a seguir.

Sem saber aonde enfiar a cara, procuro o meu lugar para sentar, e percebo que ele foi ocupado, restando agora, apenas um local ao lado de Marina para eu sentar.

- Parece que vai ficar ao meu lado a noite toda, menina! - Ela sorri, e faz menção para eu sentar.

Já roxa de vergonha, e completamente sem jeito, sento rapidamente, e fico calada ao ouvir as histórias e poesias que todos lêem, batendo palmas e sorrindo.

Ao final, Marina antes de se despedir diz, olhando fixamente para mim - Esta foi sua primeira noite Sarah, então tudo bem não ter escrito nada. Mas esperamos algo de você na quarta-feira que vem!

Sorrio vermelha, e falo quase sem voz

- Er... Claro, claro.

Ela vai se despedindo de todos, e eu ia embora já, sem mais delongas, quando escuto ela chamar meu nome...

- Sarah, espere um pouco sim? Quero lhe oferecer algo para beber, não vá ainda!

Ao saber que não era o certo, e eu realmente deveria ir embora, falo aflita :

- Acho melhor não, está ficando tarde e er... Eu acordo cedo amanhã.

Marina diz com a voz forte

- Eu insisto. Te deixo em casa logo em seguida, mais meia hora sim?

Sorrio de volta para ela, e para não ser rude, aceito e espero falando.

- Tudo bem, Marina.

Sento no sofá, e aguardo ela se despedir de todos, com as mãos no bolso, aflita e nervosa.

Ao final de todas as despedidas, Marina se aproxima de mim e fala, sentando ao meu lado, e pegando um copo de refrigerante para ambas...

- Oras, mas ainda sim está nervosa? Não vou fazer nada demais criança, nada que você não queira. - Ela sorri maliciosamente, e coloca os copos na mesa da sala, em frente ao sofá aonde estávamos sentadas, e vai se aproximando rapidamente de mim.

- Eu não... deveria estar ainda aqui.... minha na.... - Sou interrompida antes de falar a palavra namorada, e Marina me dá um longo e quente beijo, e aos poucos quando noto, vou deitando no sofá, e ela vai ficando por cima de mim,  e eu quase sem ar, aperto bem o corpo dela, sem saber o porquê de estar gostando tanto daquele momento...

Amor Platônico Where stories live. Discover now