Capítulo 2

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Ela:

Sem saber o que fazer, sequei as lágrimas estupidas que insistiam em descer e engoli meu choro. Não era hora de ser fraca. Não agora.

Passara tanto tempo sendo repreendida para que não chorasse, que aprendera a chorar por dentro. E isso, doía ainda mais.

Deitei-me novamente sobre as flores e fiquei observando o teto da caverna. Agora sabia bem onde estava, fechei os olhos suspirando.

O monte Ebott era dono de muitas lendas, e nenhuma delas eram boas.

Sorri, desgastada física e emocionalmente. Me levantei e comecei a andar por aquele lugar, perdida, sem rumo. Sem destino.

Sem escolhas.

Melhor morrer andando do que sentada esperando que as coisas acontecessem.

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Ela:

Tão cheio e tão vazio.

Cheio de flores, porém, vazio de vida, pensei.

Não havia nada do que as histórias prometiam, nenhum monstro, nenhum demônio, nenhum ser sedento pelo sangue das virgens.

Não havia nada, e justamente isso que me preocupava.

A ausência do som era enervante e tornava o silêncio esmagador, pesado, chegando a quase ser palpável.

Tudo estava literalmente em ruínas, aos pedaços. Prédios, de uma civilização antiga ao meu ver, caíram ao chão perante o tempo implacável, dando lugar para uma natureza mais forte e densa do que o concreto. Flores, cipós, troncos. Tudo se misturava as ferragens e tijolos, num misto de beleza e morbidez.

Tudo parecia tomado naquele lugar, com exceção de um circulo de terra nua, vazio.

Curiosa, me aproximei e fitei-o.

Estranho.

Sentei-me e fiquei encarando fixamente a terra crua, me sentindo um pouco tola, mas na atual circunstância, não se havia nada mais interessante para se fazer. Brinquei um pouco com a poeira, tentando ocupar o corpo e a mente, evitando pensar em como e por que cheguei nesse lugar.

" - Você nasceu para isso" - disseram.

Mas, não me parecia certo alguém nascer para morrer.

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Obrigada por lerem, até a próxima, um xeru no coração <3

A Garota das Cicatrizes de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora