Antigamente 1

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Os meses foram se passando e cada vez estava mais perto dela ganhar o bebê, nós dois continuávamos pela estrada, dormindo em hotéis baratos, por mais que as coisas estivessem ruins eu estava feliz por estar perto das duas pessoas que eu mais amava nesse mundo. Ainda não sabíamos o sexo do bebê, mas já tínhamos alguns palpites em mente, nós não tínhamos comprado nada ainda, ganhamos só algumas roupinhas simples em alguns abrigos que íamos para dormir, o dinheiro que restava ou era para a gasolina de um carro velho ou para comermos alguma coisa, na maioria das vezes só ela comia, por que ela estava com um bebê na barriga, eu deixava de comer por ela, mas nunca reclamei, ela precisava mais do que eu.

Já era o ultimo mês de gestação dela, o bebê podia nascer a qualquer momento, decidimos passar em algum hospital mais proximo, para pelo menos ver como o bebê estava, entramos em "nosso" carro e saímos atrás de um hospital, não conhecíamos nada dali, era uma cidade que nunca tínhamos visto ou passado na vida, estávamos numa estrada deserta quando a gasolina acabou.

"O que ouve?" Ela perguntou.

" a gasolina, acabou..droga!" Responde e desçe do carro, olhei para todos os lados, não tinha nada la perto.

" eu vou atrás de um posto..fica me esperando aqui okay?" Perguntei para ela, mas como sempre muito teimosa ela se recusou a ficar sozinha ali.

" o que? Não vou ficar aqui sozinha..vou com você.." ela desceu do carro e saiu andando.

" mas pode ser que esteja longe..você não pode ficar andando assim.." falei andando atrás dela.

" Dane-se..não vou deixar que a porcaria da gasolina me impeça de saber o sexo do nosso filho."

" okay se se cansar me fala..e paramos" falei enquanto andava em seu lado.

Ficamos andando por um bom tempo, estava sol, e só tínhamos uma garrafinha de água que já estava pela metade, e uma bolsa com algumas coisas, que eu estava carregando, andamos mais e nenhum sinal de um posto ou de alguma lojinha de beira de estrada.

" AH! Merda!.." ela gritou e colocou as mãos em sua barriga, olhei para ela preocupado.

" o que foi?? Ta tudo bem?" Fui até ela.

" A-a bolsa estourou! V-vai nascer!" Ela me olhou desesperada.

" Ah meu deus!" Passei a mão na cabeça e olhei em volta, tinha que ter alguma carro passando por ali, minha mulher não poderia ter nosso filho na beira de uma estrada.

" ta fica calma..segura minha mão.."peguei na mão dela, que imediatamente ela apertou com muita força.

" ta doendo!" Ela disse se curvando de dor,olhei para estrada e vê uma carro passando, comecei a fazer sinal para ele parar de qualquer forma.

" Heyy!! Aqui! Por favor! Socorro!!" Entrei na pista e comecei a acenar com as mãos tentando dar um sinal, e então o carro parou no acostamento da pista e abaixou o vidro, era um senhor, que se não fosse por ele, estávamos perdidos. Entramos no carro e ele nós levou até um hospital.

"Muito obrigado!" Desci do carro e ajudei ela a sair com cuidado, ela estava cada vez com mais dores, ela gemia de dor.

" vem vamos la.."acenei para o senhor, que acenou de volta e saiu dirigindo seu carro. Entramos no hospital e logo uma enfermeira colocou ela em uma maca e a levou para uma sala de cirurgia, eu fui junto, não podia deixar ela sozinha, segurei em sua mão, ela já estava gritando de dor, enquanto a enfermeira a ajudava.

Só segurei sua mão e alguns minutos depois de muitos gritos de dor, só se escutava o choro alto de nosso bebê ecoando por aquela sala de cirurgia sorri e olhei para ela, que chorava e sorria ao mesmo tempo.

"Parabéns é uma linda menininha.." a enfermeira falou e levou a nossa filha para limpa la.

" Uma menina.." ela falou e olhou para mim sorrindo, um sorriso que eu jamais me esquecerei.

" nossa menina.." sorrio e a enfermeira entregou a bebê para ela.

Ficamos ali naquele quarto por um tempo, observando nossa filha, o fruto de nosso amor, um amor perigoso, mas que deu certo, ou pelo menos era o que eu acreditava.
A enfermeira entrou no quarto com uma ficha na mão.

" posso conversar com o senhor?" Ela me olhou.

" okay.." olhei para as duas juntas, ela me olha com um olhar de medo.

" eu ja volto ta bom?" Beijei a cabeça dela.

" okay..não demora..por favor.."ela me olhou preocupada e eu sai do quarto.

A enfermeira me pediu para assinar alguns papéis para alguns exames na bebê, não me lembro muito de quais exames ela estava falando, eu só assinei e voltei para o quarto sorri ao ver as duas dormindo juntas, peguei nossa filha no colo, fiquei olhando para ela, tão linda, e tão delicada, igualzinha a mãe, ela era cheia de cabelinhos ruivos, nariz arrebitado, e seus olhos eram azuis meio esverdeados, igualzinho a de sua mãe, tudo nela lembrava ela. A enfermeira naquela noite, tinha dito para ficarmos aquela noite no hospital, coloquei a nossa pequena bebê em um bercinho que tinha no quarto, beijei o rosto de minha mulher e me sentei em uma poltrona.
Só me lembro de acordar no outro dia, com uma das enfermeiras falando muito alto, ela parecia desesperada, eu não sabia o que estava acontecendo, até abrir meus olhos.

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