Capítulo 37(Lena)

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1 mês depois...


Minha rotina mudou completamente, estou sobrecarregada de tarefas para fazer e isso se torna melhor, assim não tenho tempo de pensar na minha vida íntima.

— Você não fica zonza por fazer essas coisas em um carro em movimento? — Rafa perguntou enquanto dirigia a camionete toda personalizada com o tema da turnê.

— São tantas as coisas que não tenho tempo de ficar zonza. — ergui meus óculos com o dedo indicador e sorri de lado voltando a atenção para meu notebook.

  Era assim em todas as viagens, e com tantos trabalhos esforçando as vistas meu oftalmologista iria me dar uma bela bronca. Os papéis espalhados em cima do porta luva, o notebook no meu colo e um caderno de anotações em minha mão que revezava entre digitar e fazer adequações em imagens e escrever para anotar algo importante.

— Estamos chegando. — avisou reduzindo a marcha e arregalei os olhos, ainda não tinha vestido a camiseta da equipe.

— Não olha pra mim. — falei e puxei a blusa do banco de trás e tirei a minha que era xadrez de botões.

— O que você tá fazendo?  — perguntou boquiaberto.

— Olha pra lá!  — rosnei e ele se virou rapidamente.

  Troquei a blusa mas vi que ele dava algumas espiadas de relance. Juntei os papéis em uma pasta. Fechei as abas do notebook e o desliguei jogando tudo no banco de trás. Amarrei o cabelo rapidamente enquanto ele saia e pegava as coisas na traseira do carro, liguei o som e como sempre a voz dele me arrepiou, mesmo atolada de compromissos ele ainda fazia questão de aparecer do nada em simples ato meu.

— Sorria Helena. — Rafa tentou me empolgar e lhe dei um sorriso falso mostrando todos os meus dentes.

— Esse tá bom? — subi novamente meus óculos e ele negou rindo.

  Em pouco tempo que estávamos parados em frente da escola do interior de Goiás em uma cidade chamada Pirinópolis, os alunos começaram a sair pelo portão principal.  Começamos a entregar CD's  e planfetos de divulgação.

— Helena? — escutei meu nome e meio que a pessoa se perguntava se era eu mesmo.

  Me virei e segundos depois senti o solavanco de um abraço apertado.

— Meus Deus... — grunhi sentindo meus pulmões pedirem por ar.

— Moça, ela precisa de ar sabe. — Rafa cutucou o ombro da menina e ela me soltou envergonhada.

— Obrigada.  — falei ao passo que minha respiração deixava.

— Eu sou Luanete olha! — ergueu o dedo mostrando o anel de coco e senti pena por o Luan não usar também a alguns anos.

— Que maravilhoso! — falei em uma alegria falsadamente.

— Eu sei! Você e o Luan formam un casal tão fofos juntos. A maneira que vocês se tratam. Pena que não estamos os vendo mais juntos. — sua empolgação era tamanha que me fez engolir seco.

— Sério?  — me fingi surpresa.

— Sim. Olha tenho até um fã clube shippando vocês dois. — desbloqueou o celular rapidamente e praticamente enfiou a tela do celular no meu rosto.

Peguei o aparelho curiosa com as fotos e me perguntava como elas conseguiam. Eram várias e cada uma era visível o carinho que ele tinha e eu também, meu coração ficou dilacerado. Uma em especial me chamou atenção, eu me lembro do dia, foi em um final de show em que eu estava exausta e estava deitada no peito dele de olhos fechados, ele olhava para Arleyde sorrindo como uma criança.

— Eu sei, vocês são fodas juntos. — saltitou.

— Helena, vamos almoçar? — Rafa gritou já quase entrando na camionete.

— Tira uma foto comigo antes?  — pediu com uma carinha manhosa, certamente deve ter cerca de 15 anos.

  Tiramos uma foto simples onde eu esforçava um sorriso meigo para não parecer ser fútil e nos abraçamos em despedida.

— Agora tenho que ir.  — lhe entreguei um CD e ela sorriu animada.

— Você me parece triste. — tombou a cabeça de lado.

— Engano seu. — pisquei.

— Olha, se for algo  com vocês dois só pesso que não o deixe tá, tenho medo dele arrumar outra namorada e ela não ser como você.

  Sem responde-la com palavras apenas dei um sorriso e me distanciei. Voltamos a dirigir e paramos em um restaurante de comida caseira, apenas com o cheiro bom meu estômago deu sinal de vida. Agora enquanto comia teria que me desdobrar para por em dia as coisas da faculdade.

— Se fosse eu já estava ficando louco. — exasperou Rafael me vendo em tal cena de estudos misturado ao almoço.

— Acho que o seu Amarildo fez isso de propósito, ele sabia que eu iria me atolar em trabalho e estudo se ficasse aqui e acha que vou pedir arrego para voltar pro escritório. — falei e logo depois enfiei um punhado de arroz na boca.

— Se fosse eu já tinha pedido pra sair no primeiro dia. Eu já acho muito o que faço. — resmungou.

  Revirei os olhos rindo e dividi minha atenção entre as folhas que ainda estavam em branco prestes a serem rabiscadas com algo e o prato de comida generoso. Assim, até sobre Sofia estar em coma me fazia esquecer... Mas meu sofrimento sempre vinha em dobro a noite...

Fascinante Olhar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora