Capítulo Quatro

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11/02 – Sábado

- Para de ficar tão preocupada! – Gabriel diz quase chorando de rir da cara da amiga, que no momento está toda apressada e possivelmente desesperada – Tenta ficar calma!

- Gabriel, nunca peça para uma garota ficar "calma" isso só piora as coisas – Anna diz num tom de brincadeira, mas sua expressão continua a mesma. De repente ela para sua busca por uma bolsa preta e encara o amigo com um olhar triste – Eu ainda não sei se devo... Se meus pais não gostarem da ideia? Mal o conheço e tudo que fiz foi mandar uma mensagem dizendo que ia sair com um amigo. É, eles não vão gostar; talvez eu devesse cancelar ou pelo menos adiar...

- Anna, está tudo bem, você nunca fez nada de errado, é tão santa e... – Ele cancela sua voz assim que a amiga o interrompe.

- Gabriel, você age como se não soubesse como meus pais são, eu não sei nem que horas eles vão chegar, não respondem e nem atendem as minhas ligações...

Segundos depois ambos ouvem a porta destrancar, abrir e fechar. "E agora?" Anna pensa, como ela vai explicar para os pais extremamente rígidos e religiosos que pretende sair com um cara? Um que por sinal eles só o viram uma vez na igreja... Isso! Na igreja. Talvez Anna possa usar isso como argumento, pessoas ruins não vão à igreja. Sua atenção se volta para a porta do quarto, que antes estava encostada (Anna jamais trancaria a porta com um menino dentro) e agora está sendo levemente aberta.

- Oi Gabriel. – Raquel diz num tom suave e simpático, mas logo observa a irmã numa expressão de dúvida e surpresa – Está se arrumando? Vai sair com quem?

Anna abaixa a cabeça e encara a sapatilha preta em seus pés. Raquel possui um grande respeito da irmã. É admissível que ela era mais presente na vida de Anna do que a própria mãe, mesmo tendo ido morar fora Raquel ligava na maioria dos dias para saber como a irmã caçula estava e a aconselhando para os estudos. Anna estava envergonhada em dizer o que pretendia fazer, mas não ousaria mentir para ela.

- Ela foi convidada para seu primeiro encontro... O rapaz parece ser uma boa pessoa. – Anna percebe o esforço que Gabriel fez para dizer a última frase – Ela só não sabe se deveria ir sem antes conversar com os pais...

- É o garoto que vimos na igreja? – Anna afirma com a cabeça baixa ainda sem dizer nada, temendo a resposta da irmã protetora que agora parece um pouco pensativa – Certo. Eu conversarei com eles e explicarei a situação, não se preocupe. Pode ir.

Anna vai em direção à irmã para abraçá-la e um grande sorriso se forma em seu rosto delicado. Gabriel se preocupa que eles possam passar do limite e chegar de orelha a orelha. Em seguida, ela pronuncia um "obrigada" num tom abafado.

- Qual o nome do garoto? – Raquel pergunta depois de encerrar o abraço

- Augusto Negreiros. – Pelo canto dos olhos Anna pôde perceber que Gabriel se contraiu discretamente ao ouvir esse nome.

- Eu vou tomar um banho. Só... – Raquel passa a mão nos cabelos da irmã com delicadeza e a olha com suavidade – Tome cuidado, Anna. - Dito isso ela sai do quarto em direção ao banheiro.

Anna termina de se arrumar cinco minutos antes do horário combinado com um batom nude não muito forte. Assim que acaba ela para em frente do espelho do quarto, respira fundo e solta um sorrisinho de canto. Anna sai do quarto em direção à sala, procurando Gabriel, o encontra sentado no sofá em uma ligação, provavelmente chamando um táxi. Ele guarda o celular assim que a vê. Anna está com um casaquinho jeans meio bege rosado por cima de um vestido branco pouco justo na cintura com mais ou menos um dedo acima do joelho – ela nunca usara roupas mais curtas que isso – acompanhado de uma sapatilha preta e uma bolsinha da mesma cor.

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