little kisses heal [jae.jae]

!youngjae meet one boy

Deixou a escola, aquele inferno com pessoas vivas, e pegou o caminho de casa, mancando um pouco pelas agressões.

Choi queria sumir da face da terra e nunca mais aparecer, queria se fechar em uma caixa e jogar a chave fora. Queria se sentir protegido.

-YoungJae chupa bolas - ouviu a voz de um garoto, e viu que era um dos alunos que o bateu nos armários, acompanhado de mais dois. - Agora você vai apanhar de verdade!

Paralisou, o coração na mão e as pernas bambas.

Sentiu então um soco no estômago, um soco forte, que o derrubou, e seus joelhos bateram com força no chão,  fazendo-o gritar de dor. Foi atingido por um chute nas coxas e se encolheu no chão, estremecendo de dor.

O maior deles o segurou pela gravata do uniforme e acertou um murro em sua boca. YoungJae ficou zonzo por um tempo, ouvindo os três rirem como psicopatas. Viu-os andarem até o outro lado da rua e pegarem pedaços de pau.

- Vamos lá, bichinha fraca - um deles riu excitado.

YoungJae não deu tempo dos três se aproximarem novamente, se levantou e começou a correr, o máximo que podia. Ouvia os garotos correndo atrás, mas estes eram um pouco acima do peso, dando vantagem a Choi, que não parou de correr, nem por um minuto, até mesmo quando já não havia sinal de valentões em seu encalço.

Queria correr e não parar mais, por mais que se sentisse como se nunca estivesse seguro o suficiente.

Mas se cansou e parou de correr, pondo as mãos nos joelhos, sentiu os pulmões queimarem e o corpo todo doer como nunca antes.

E voltou a chorar. Chorar por tantos motivos.

Os joelhos doíam, a calça estava rasgada naqueles locais, revelando feridas feias. As costas das mãos também ardiam por causa dos ferimentos, e o estômago latejava por causa do soco. YoungJae levou os dedos até a boca, e um choque de dor intensa correu seu corpo, por que droga, havia um corte no lábio inferior.

Ele se sentou no meio fio e tentou assoprar os machucados dos joelhos, assim como sua mãe fazia, mas não aliviava em nada com ele mesmo fazendo.

Tentou enxugar as lágrimas, mas elas vinham sem parar, tornando as tentativas, de Choi, inúteis.

Ele escondeu o rosto com as mãos e soluçou alto, não se importando com quem poderia passar e ouvi-lo. YoungJae sentia raiva de si mesmo por ser tão fraco, por não conseguir se defender, sentia raiva por ser diferente dos outros, raiva de si mesmo por gostar de meninos.

Queria ser um garoto normal de 13 anos, e estar naquela fase de ficar duro toda vez que vê uma menina, e jogar bola com outros garotos. Mas não, estava apanhando e correndo dos outros por ser gay.

Agarrou os cabelos e os puxou com força, gemendo de ódio e vergonha.

Fechou os olhos e relaxou as mãos, chorando sem consolo algum, sem apoio, sem amigos.

- Hey - YoungJae sentiu uma mão tocar seu ombro.

Levantou no susto, em reflexo e se afastou imediatamente.

- O que você quer? - YoungJae perguntou nervoso ao ver que o garoto usava o mesmo uniforme que ele. - Quer me bater também?

O garoto sorriu tristonho e tirou um celular do bolso, o qual Choi identificou como o seu próprio e começou a tatear os bolsos de sua roupa, vendo que aquele era realmente seu celular.

- Eu achei no pátio - O garoto de cabelo escuro com brincos na orelha estendeu a mão com o celular. - E vi que tem uma foto sua no papel de parede.

YoungJae pegou o celular, ainda amedrontado e desconfiado.

- Obrigado - Respondeu quase inaudívelmente. - Deve ter caído na hora que me pegaram.

- Eu vi de longe o que aconteceu - O rapaz disse, e sorriu solidário para Choi. - Quero que saiba que muitos alunos acham aquilo um absurdo. Não é a escola inteira que está contra você.

YoungJae sorriu um pouquinho ao ouvir aquilo, mas a dor no lábio o pegou e ele lembrou que não havia motivo algum para ficar feliz.

- Isso não muda nada - Desviou o olhar dos olhos serenos do garoto. - Apanhei do mesmo jeito.

- Não dê importância pra isso - Pediu ele, se aproximando.

- Como não vou dar? - YoungJae queria explodir. - Eles cuspiram em mim, me disseram coisas horríveis e depois me machucaram de novo!

- Eu sei que foi doloroso - O garoto abaixou a cabeça. - Mas não chore, por favor.

YoungJae assentiu com a cabeça e tentou secar as lágrimas com a manga da camisa, mas elas não sumiram totalmente.

- Qual seu nome? - YoungJae sentiu, de repente, com muita vergonha de estar perto do garoto.

- Im Jaebum - O garoto deu um sorriso iluminado e Choi sorriu em troca. - Você é o YoungJae... Acho que todo mundo sabe agora.

YoungJae abaixou a cabeça, constrangido.