Renascimento | Mayara Orcelino

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Renasci do negrume das cinzas das lembranças que num passado próximo queimei, descobri o amor próprio quando fizeram-me abrir os olhos e admirar a mim mesmo, hoje amo mais cada parte de meu corpo e cada pedaço de minha alma que irradia imprevisíveis cores.

Afundei-me no mundo das letras e tive a certeza que deveria acreditar mais em mim, porque o que faz eu seguir adiante, são as pessoas ao meu redor que esbanjam amor. Estou aprendendo a arriscar-me, é como se caminhasse sobre uma ponte com os olhos vendados, as vezes vem uma forte brisa, outras vezes começa a chover sem parar, faz parte.

Como a água fria que cai sobre meu corpo cansado, levando para o ralo toda a podridão que absorvi, as palavras doces esbanjadas aguçam minha audição, circulando como uma dose única de energias positivas que me revigoram, levam-me para um jardim encantado onde há flores de todos os tipos.

A diversidade me circula. Constituo-me de partículas de conhecimento e gostos variados, essa sou eu uma mistura de culturas, uma variação que se extasia facilmente. Me maquio por trás de diversos personagens que aparecem em minhas histórias, as vezes são mulheres, outras vezes são crianças, homens ou idosos e estes carregam uma parte de mim, fazem desmembrar de meu âmago o que estava adormecido, como uma rota traçada descrevo o caminho para cada um.

Mas, a personagem principal da peça chamada Vida, sou eu, que crio mundos e perco-me neles, transcrevo sentimentos e sensações, guardo num frasco a essência de minha alma mística e libero poesia e até frases em sintonia.

Todos possuem seu lado negro, as vezes quando os olhos marejados brilham como uma estrela brilhante, as lágrimas fazem tudo vir à tona, avivando as lembranças que estavam adormecidas, relembrando-me que ainda estão ali misteriosamente guardadas e assim aflorando a saudade. Esses vestígios de cicatrizes que doem de vez em quando, são como as pétalas de flores que foram jogadas pelo chão trilhando um caminho em minha direção e hoje essas pétalas puras estão murchas, secas e mortas, assim como uma parte de mim que foi-se junto com um pássaro que passou rapidamente por uma fase de minha mera existência e depois voou para longe, bem distante, além da campina. Nunca mais o vi.

Aqui jaz uma aura negra que se afundava nas masmorras do Umbral e que nos dias de hoje se redescobriu, porque pôde sentir de perto o poder da gratidão e a magia de transmitir a felicidade ao próximo.

O renascimento inicia-se no interior de cada ser racional que transita pelo atual mundo moderno da individualidade e dos amores vazios e momentaneamente prazerosos.

Nunca é tarde para espalhar alegria pelas esquinas da vida, onde há só tristeza. Palavras reconfortantes e poesias grafitadas no muro da felicidade, podem colorir um universo que já perdeu todas as esperanças e que do único céu só cai cinzas, acompanhado de nebulosas nuvens.

Então, vamos transbordar amor verdadeiro? O bem pode mudar o mundo, sim.


Autora: Mayara_Orcelino

Obs.: Recomendo que passem nos livros da Mayara. Ela é uma escritora exemplar e uma pessoa maravilhosa.

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