Capítulo 02: Precisamos falar sobre nós dois

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Precisamos falar sobre nós dois

Capítulo único: E sobre aquele dia

O beijo depositado na testa suada foi rápido e superficial. Baekhyun sentia falta da época em que era recebido por um caloroso abraço e declarações bobas de amor, mas não podia reclamar. Ou, simplesmente, não sabia como contornar aquele tipo de situação.

Situação que já se estendia por um, infeliz, ano.

— O jantar está no microondas, eu imaginei que você chegaria mais tarde hoje. — Chanyeol verbalizou, encaminhando-se para o banheiro.

Já era tarde, quase meia noite, e Baekhyun voltava de seu primeiro dia em um novo emprego. Os chefes obrigavam os funcionários ficarem até a última dose de soju ser tomada pelos novatos. Em outras palavras: Baekhyun estava, literalmente, embriagado. Embriagado de álcool, tristeza e saudade. Mas, não se importaria de beber um pouco mais, se isso trouxesse de volta os braços longos de Chanyeol ao seu redor. Baekhyun esta noite precisaria de uma longa dose.

— Onde estão as bebidas? — perguntou, sem se importar em abrir a porta do banheiro.

— Bebidas? — Chanyeol enrugou as sobrancelhas. — Você não se aguenta em pé e ainda está procurando por mais? — questionou, trancando a fechadura da porta após trazer o marido para mais próximo de si.

— Me solta. — Baekhyun murmurou cambaleando. — Se você tiver escondido não tem problema, eu mesmo irei procurar, e se possível, até no inferno. — vociferou descontrolado.

Baekhyun parecia estar quebrado. E, por incrível que pareça, ele sabia exatamente quando as coisas começaram a esfriar, quando Chanyeol passou a tratá-lo daquela maneira fria. Tudo o que o Byun mais desejava era encontrar o erro naquele relacionamento, eles sempre foram perfeitos juntos, mas hoje se mostravam o inverso.

— Inferno? — o mais alto indagou chocado. — O que aconteceu para você está tão fora de si? — continuou a perguntar.

Para Chanyeol, o seu pequeno sempre foi alguém doce e calmo. O que ele não sabia era que ele próprio havia sumido com aquele antigo Baekhyun.

— Você precisa de um banho frio, vem que eu te ajudo. — Chanyeol tentou tirar a camisa social que o menor vestia, mas foi impedido. — Fica quieto, amanhã a gente conversa. — verbalizou, decidido a tomar alguma atitude no dia seguinte.

— Me deixa, porra. — Baekhyun quase gritou. — Eu quero ficar sozinho. — pediu, já sentindo os olhos lacrimejarem.

Estava difícil continuar a se fazer de forte com os toques, mesmo que simples, em sua pele. Baekhyun sentia vontade de se jogar nos braços do moreno. Vontade de colocar para fora tudo o que lhe entristecia. Mas não podia, não hoje, quando havia mais soju do que sangue dentro de si.

— O que aconteceu? — Chanyeol não era cego. Podia ser desligado, bobo, tudo. Mas negar que Baekhyun não estava chorando e, provavelmente, por sua causa, seria uma grande mentira. — Eu poderia, pelo menos, abraçar você? — perguntou, sabendo que só poderia avançar mais caso o menor permitisse.

Baekhyun não conseguia piscar, falar, ou muito menos se mexer. Aquele erro não era inteiramente culpa do Park, também havia uma parcela da culpa em suas costas.

E, somente após um pequeno manear afirmativo, foi que Chanyeol acalentou as lagrimas que corriam silenciosas pelo rosto vermelho do marido, estas que com o passar das horas transformaram-se súplicas abafadas pelas paredes.

Baekhyun não apenas parecia estar quebrado. Ele, realmente, estava quebrado. Aos pedaços, trapos, definhando. Sozinho.

Desde aquele dia, 20 de abril de 2016, que Park Chanyeol havia sido encontrado morto dentro de seu escritório. Desde o trágico velório em que vestiu o seu melhor terno para enterrar aquele que mais amou. Baekhyun passou a se quebrar desde o dia em que aquela visão distorcida de Chanyeol passou a lhe atormentar, tudo por causa daquela briga idiota, que o fez passar três dias sem falar com o marido. Que o impediu de se desculpar antes que fosse tarde demais.

A imagem de Chanyeol que vivia hoje consigo era uma completamente divergente daquele que um dia o seu marido foi. Frio, fraco, sem vida.

Na verdade, Baekhyun sentia vontade de se jogar nos braços do moreno. Vontade de colocar para fora tudo o que lhe entristecia. Mas não podia, não hoje e nem nunca mais.

Tudo o que o Byun queria era falar sobre nós dois, mas, por um infeliz destino, o seu relacionamento havia sido subtraído por um. Um que remetia a Park Chanyeol.

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