Capítulo 03: Um crime de ódio

244 39 0
                                    


Foi no dia dez de abril de dois mil e dezessete que eu o conheci.

Estava no meu primeiro dia de férias quando decidi aproveitar a juventude. Foi em um bar próximo a uma cafeteria que ele me pagou uma bebida. Duas. Três. Minha cabeça rodava. Pedi seu número. Ele me disse que se chamava Chanyeol. Park Chanyeol.

Passamos a conversar durante todas as manhãs. Começamos a namorar nas tardes seguintes. Nos casamos no decorrer de todas as noites.

Adotamos três filhos: Kyungsoo, Jongin e Sehun.

Na primavera vamos a Holanda para visitar o museu do Van Gogh. No verão viajamos ao Brasil para tomar um banho de praia. No outono partimos à França para ver o sol nascer. E, no inverno nos aquecemos em casa.

Eu apreciaria ter vivenciado todos esses sentimentos. Ter sido amado em troca por um outro alguém. Ter vivido todos esses momentos.

Todavia, em minha história existe um mas. Um mas que interrompeu o que eu queria. Findou com a minha existência.

A minha vida poderia ser tudo o que eu sempre sonhei, se não fosse por mais dois indivíduos ao meu lado naquele mesmo bar. Estava enjoado demais para lembrar de anotar o número daquele outro cara. Não notei que estava sendo observado. E aceitei as doses seguintes oferecidas por eles. Uma. Duas. Três. Eles sabiam que eu era gay.

Eu já estava pronto para ir embora quando eles me ofereceram uma carona. Não queria ir de ônibus. Eu aceitei. A estrada estava vazia e escura, já passava da meia noite e o caminho tomado não foi o que eu — tentei — falar.

Tentar.

Eu não parei de tentar gritar por ajuda quando eles me levaram para uma mata fechada. Continuei suplicando para não me xingarem por nomes horríveis. Bixa. Viado. Puta.

Tudo em vão.

No fim eu fui apenas mais uma vítima dos milhares crimes motivados pelo ódio.

O ódio quebrou o meu crânio. Perfurou meu coração. Me matou.

E, no dia seguinte, ter a minha foto estampada nos jornais não diminuiu com o preconceito alheio. Não me trouxe de volta os meus sonhos.

Afinal, a cada segundo eu, Byun Baekhyun, me torno mais uma vítima.

Vítima de crimes motivados pelo ódio.

Flores e Angústias.Onde histórias criam vida. Descubra agora