— Querida, você está bem?
— Sim... Aaaaaaaai! – Zayra sentiu uma dor dilacerante abaixo de seu ventre.
— Zayra, fique calma querida. Pelo bebê.
— Malik? Habib? Não consigo me soltar!
O sheik Malik al Moahmed Barunk-Al-Ali era o verdadeiro exemplo de força e poder. Príncipe Herdeiro do Trono de Barunk-Al-Ali, mas nesse momento não passava de um simples ser humano. Impotente e frágil. Os acontecimentos foram uma sequência de flashes em sua memória.
Malik tentava ordenar as ideias, mas tudo o que conseguiu lembrar era que estava em uma estrada nos arredores de Camberwell próximo a Londres, e seguia para casa de amigos. Ele tinha certeza que sua escolta seguia logo atrás deles, mas não entendia porquê ninguém se aproximava do carro.
O que Malik não sabia era que sua escolta tinha sido comprometida logo assim que ele e Zayra chegaram a Inglaterra, algumas horas antes. O ato fora praticado pelo grupo extremista, "Os Revolucionários da Libertação", que não via com bons olhos a pegada moderna que Malik estava implementando em Barunk-Al-Ali. A escolta só seguiu o carro de Malik até a hora que houve a explosão do bueiro, o que ocasionou o acidente.
Enquanto os minutos passavam, Zayra se desesperava, pois estava grávida e o cinto de segurança pressionava sua barriga fortemente e a dor que sentira minutos antes ainda perdurava, mas numa intensidade menor. O casal real estava realmente numa situação difícil, contudo só horas depois é que teriam noção da dimensão do estrago feito.
*****
48 horas depois
A princesa Zayra tinha acabado de ser transferida do CTI para um quarto do King's College Hospital, estabelecimento situado no mesmo bairro onde ocorrera o acidente. Diante da gravidade dos ferimentos que o casal sofrera, uma remoção de ambos para um hospital maior foi descartada pela junta médica londrina, e ratificada por dois médicos, que voaram do oriente médio para acompanhar todo tratamento, conforme determinação do Rei Zaim, pai de Malik.
Diante do acontecimento trágico, a família Real de Barunk-Al-Ali achou prudente que Malik e Zayra permanecessem em Londres durante toda a recuperação e tratamento que ambos precisariam — ademais, temiam pela vida do casal real, caso retornassem para casa naquele momento.
Os jornais de todo o mundo propagavam o atentado sofrido pelo jovem casal e especulavam como aquele grupo extremista tão pequeno conseguiu fazer um atentado tão bem elaborado. Chefes de estado encontravam-se apavorados, após o "R.L" assumir o atentado, demonstrando, assim, que ninguém se encontrava seguro.
Depois de terem acomodado Zayra em um quarto, no décimo andar do hospital, que fora devidamente checado e reforçada a segurança, ninguém entrava ou saia da Ala norte sem um crachá especial e após uma revista minuciosa feita por homens da inteligência Barunkinesa.
Os médicos estavam felizes pela recuperação que Zayra apresentou, mas o bebê era motivo de preocupação. A pequena Ayah já era uma guerreira, nascera com sete meses, e diante de um quadro de deslocamento de placenta proveniente do trauma sofrido por sua mãe, a princesinha, se encontrava na UTI, tendo todo acompanhamento necessário.
O príncipe Malik também se encontrava na UTI como sua filha. Mas seu caso era muito mais crítico; o mesmo sofreu o esmagamento de uma das pernas e os médicos tentaram uma solução para que não fosse preciso fazer a amputação do membro, entretanto, não foi possível. Vigílias de orações eram feitas em frente ao portão do hospital por diversas pessoas que torciam pela recuperação daquela família, e o pensamento era único: que o casal Barunk-Al-Ali, ficassem bem.

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Apenas Um Olhar
Historia CortaApenas Um Olhar, é a primeira antologia de contos escrita pelos membros do GWA. São cinco palavras-chaves (amor, amizade,preconceito, cicatriz, superação) na qual, cada autor escolheu pelo menos uma e assim deu seguimento ao seu conto. Segundo Ital...