Era estranho pensar que eu não tinha de fato uma resposta. De um dia para o outro Aubrey havia feito com que minha vida tomasse outro rumo. Eu sabia muito bem quem eu queria ser, até que... não sabia mais.
Sempre senti que o tempo andava mais rápido ao meu lado. Mas nunca achei que fosse piorar.
Havia conhecido Aubrey em uma livraria. Parecia clichê, mas havia sido assim.
Conversava com um colega de time quando a vi. Seus cabelos castanhos presos em um coque milimetricamente arrumado. Sua postura não negava: ela era uma bailarina. Alguém delicada demais para um jogador de hockey. E, a única coisa que lembro naquele dia era que ela havia pedido um autógrafo. E eu fui ao céu ao descobrir que uma menina como aquela era fã de hockey. E melhor ainda, que ela torcia para o Chicago Blackhawks.
É claro que não perdi a oportunidade de pedir seu telefone. A convidei para tomar um café.
- Não tomo café.
Дерьмо.*
- Um chá?
- Pode ser.
Fomos a uma cafeteria no dia seguinte. Aubrey vestia uma meia calça e um vestido preto por cima. Dessa vez, seu cabelo estava solto em ondas compridas. Seus olhos escuros pareciam prestar atenção a tudo ao seu redor.
Naquele dia conversamos sobre coisas banais. Descobri que ela assistia as mesmas séries de TV que eu, também gostava das mesmas músicas e iria no mesmo show no próximo final de semana.
Fui caminhando com ela até o estúdio de dança no qual ela treinava. Aubrey era bailarina no Ballet Chicago Studio Company. Dançava pelo menos 10 horas por dia, e, com o tempo, descobri que ela vivia com calos nos pés.
Esta era outra coisa que tínhamos em comum. Os calos devido às nossas profissões. Seus pés machucados, minhas mãos calejadas, seu corpo dolorido, meu corpo dolorido. Diversas horas de massagem tentando aliviar músculos cansados.
Aprendemos a cuidar dos machucados um do outro. A gente se completava de uma forma perigosa.
Ela estava na minha vida como se eu dependesse dela para respirar. Só de pensar que algum dia poderíamos nos separar, isso era o fim do mundo.
Mas o tempo corria contra a minha vontade.
O sábado chegou e fomos juntos ao show. Era em uma casa noturna e a banda não era muito conhecida. Me surpreendia ela conhecer.
O segurança pediu nossas identidades. Entregamos e ele duvidou que fossemos maior de 21 anos.
- Com certeza essa identidade de vocês é falsa.
- Moço, eu jogo hockey. Não usaria uma identidade falsa.
- A é? E quem você é?
- Artemi Panarin. Do Hawks.
- Você não parece nada com o Panarin. Seu cabelo é mais escuro que o dele.
Respirei fundo. Não estava afim de brigar, só queria assistir meu show em paz.
- Vamos A. Ainda podemos tomar um café no Starbucks.
Aubrey me puxou pela mão e deixei que ela me guiasse pelas ruas de Chicago. Estava tão atordoado que não prestei atenção que ela disse café. Ela odiava café.
Era final de abril, mas o frio ainda era intenso. A abracei pelos ombros. O calor do seu corpo contra o meu era indescritível. Essa mulher só poderia ser de outro mundo.
Entramos no Starbucks e pedimos dois chocolates quente e um brownie para dividir-mos. Estar com ela me transmitia paz. Uma paz que eu nunca havia sentido com outra pessoa do mundo.
Um belo dia estava no treino. Me subiu uma dor no peito sem nenhum motivo. Foi para o vestiário mais cedo alegando uma enxaqueca que não fazia sentido.
Quando estava finalmente sozinho, comecei a chorar. O vazio era maior do que jamais tinha sentido. Estava com medo. Sabia que era alguma coisa com Aubrey.
Peguei o meu celular e tentei falar com ela.
Aubrey McAndrews não era adepta às redes sociais. E isso incluía aplicativos de mensagens. Seu celular apenas recebia ligações. Fui obrigado a ligar para ela.
Duas vezes. Três vezes. Quatro vezes. Em nenhuma delas ela me atendeu.
Troquei de roupa. Sabia que estava fedendo suor mas eu só queria chegar até ela. Meu único objetivo naquele momento era Aubrey.
Estacionei o carro a alguns quarteirões do Ballet.
- A Aubrey está aqui?
- Ela acabou de ir embora Panarin.
- Ela disse aonde ia? Não está atendendo o celular.
- Artemi Panarin? Sou a professora de Aubrey, srta. Gorbunova. - Ela me respondeu em um russo cristalino.
- Olá. Sabe da Aubrey? - continuei no meu idioma. Se ela estava usando o russo era porque não queria que a recepcionista soubesse do que estávamos falando.
Fiquei chateado que Aubrey não me contara que sua professora era russa. Aparentemente tinha muitas coisas dela que eu ainda não conhecia.
- Ela já te contou do ex namorado?
- Não...
- Foi um cara que ela namorou durante o ensino médio quando ainda morava em Omaha. Eles não terminaram de uma forma bacana e, aparentemente, ele mandou uma mensagem para ela.
- Ela conversa com ele?
- Não que eu saiba. Mas ele mandou uma mensagem para ela hoje de manhã que a desestruturou emocionalmente. Não estava concentrando em nada. A mandei pra casa.
Agradeci e voltei para meu carro. Liguei mais uma vez para ela. E mais uma vez caiu na caixa postal. Resolvi tentar na casa dela. Era minha última chance.
Bati na porta de madeira do seu apartamento diversas vezes. Ela morava em um prédio perto do Ballet. Escutei um barulho dentro do apartamento. Aubrey estava em casa.
- A, sou eu. Abre a porta por favor.
Depois de alguns minutos ela finalmente abriu.
- Porque você está aqui Artemi? Eu não mereço alguém como você.
- E porque não?
- Porque, de alguma forma, não consigo deixar ele ir embora.
E ali estava. O medo que sempre tive de perdê-la. Eu só não poderia deixar que isso acontecesse.
- Aubrey, você sabe que pode conversar comigo. Eu não pretendo ir embora.
- Uma hora você vai. Todo mundo vai.
- Eu não vou. Sabe porque? Porque eu te amo. E te perder, bem, isso seria o fim do mundo.
Ela me olhou como quem finalmente tinha descoberto o sentido da vida.
- Eu não sei se algum dia vou poder amar alguém de novo.
- Não estou te pedindo isso. Estou apenas te pedindo para me deixar ficar.
E então ela me beijou. Primeiro lentamente, apenas tocando meus lábios. Aos poucos foi aprofundando o beijo. Passou os braços pelo meu pescoço e me puxou para o seu apartamento. Empurrei a porta fechando-a.
- Um dia iriei esquecê-lo Artemi. E ficaria muito feliz se você ainda estivesse aqui.
- Você não vai se livrar de mim assim tão fácil Aubrey McAdrews.
Lá embaixo era possível escutar o barulho dos carros. As ruas movimentadas de Chicago. Mas naquele momento, a única coisa que me importava era a garota nos meu braços. E eu pretendia fazê-la a mulher mais feliz do mundo.
...
*merda. Segundo o Google tradutor.
I'm happy por ter escrito com esse mocinho. Beijos e qualquer coisa chama no twitter @ichbin_yulia.
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Fim do mundo
Fiksi Penggemar"Só de pensar em te perder por um segundo, eu sei que isso é o fim do mundo" Escrita por @ichbin_yulia Um minuto para o fim do mundo - CPM 22 Artemi Panarin - Chicago Blackhawks (NHL)