Confusão Amorosa

O Estranho

No dia seguinte no caminho ao meu serviço passei na cafeteria da esquina que sempre frequentava. O café deles é uma maravilha, vocês têm que experimentar o gosto da cafeína descendo sua traqueia bem quentinho. Huumm... Ainda bem que tenho o cartãozinho "Beba mais". Você compra uma xícara de café e ganha a metade quando completar um mês de cliente fiel. Na verdade, já deveria ser sócia na empresa de tantas xícaras que já comprei.

- Tenha um bom dia srta. Ferraz.

Sorrio.

- Apenas Sophia, meu caro.

- É que temos de tratar nossos clientes sempre bem.

- Já percebi isso – rimos – Mas me chame apenas pelo primeiro nome, ok? – pisquei pra ele e sai segurando minha xícara.

Ah! Esqueci de falar. Sou advogada na empresa D'Ávila. Trabalho há três anos na empresa e amo o que faço. Escolhi a área social, o ramo como advogada criminalista nunca chamou minha atenção, mesmo contra a vontade de meu pai que é juiz na cidade onde mora.

Peguei o elevador e apertei o botão. As portas se abriram e segui para minha sala. Ao entrar encontro com Cássia, minha assistente e amiga.

- Olha quem chegou! Bom dia!

- Bom dia, Cássia.

Deixei minha bolsa em cima de sua mesinha e me sentei no divã vermelho sentindo que iria fracassar com o plano.

- O que aconteceu? – quis saber se aproximando.

- Estou na merda.

- Ok disso já sabemos, quero realmente saber o que aconteceu.

Olhei para minha amiga tentando entender porque ela respondeu daquele jeito.

- Temos que entregar aqueles relatórios de todo mês, lembra? E nem se quer começamos.

Depois do que ela disse a situação fez mais sentido.

- É eu sei, mas isso podemos dar um jeito. O que não posso conseguir é arrumar um namorado em menos de sete dias!

Cássia me olhou confusa.

- Que diabos você fez?

- Menti para meus pais que estava namorando.

- Mas você não tem namorado, ou tem? – perguntou colocando a mão na boca fingindo estar surpresa.

- Não! Por isso mesmo estou na merda! Como vou a reunião da família sem namorado? A Babi vai rir de mim novamente, vai fazer o maior escândalo e eu vou ficar para titia mais uma vez – respondi com total desânimo.

- Que triste.

- Para de ficar lamentando – ela riu – Preciso de ajuda, urgente! Quero um namorado, nem que seja de mentirinha.

- Ah meu Deus! Como vai fazer isso? Quem vai querer fingir ser seu namorado?

- Seus comentários não estão ajudando – levantei-me e olhei pela janela – Eu não sei de nada. Tenho que achar alguém para fingir durante os dias que vamos estar lá.

Cássia pensou, rolou com os olhos e comecei a imaginar que estava passando mal.

- Ninguém daqui vai topar.

- Disso eu sei!

- E o que vai fazer?

- Não sei!

Cruzei os braços e deixei a mente trabalhar um pouco.

Talvez se ligasse para meus pais e dissesse que estava com dor de barriga tudo se resolveria. Ou poderia dizer que não tinha pego folga. Grrr... Tudo que pensava já tinha sido usado nos anos anteriores, não ia ser uma desculpa boa. Se bem que dor de barriga não dá apenas uma vez.