Prefácio do Tradutor

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Ao benévolo leitor, servo da Mãe de Deus, vamos apresentar em frases sucintas:

1. O autor do livro

O autor do livro que o leitor tem em mãos chama-se Afonso Maria de Ligório. Afonso foi um grande Santo, foi um zeloso missionário, foi um abençoado fundador, foi um fecundíssimo escritor. Deixou exemplos de virtude, deixou normas para a Congregação religiosa que fundara, deixou uma centena de livros, e ainda hoje deixa abrasados os corações de quantos lhe percorrem os escritos.

Em vida, a Igreja o honrou, elevando-o à dignidade episcopal. Morto, elevou-o aos altares, deu-lhe a auréola do Doutor zelosíssimo, aprovou-lhe os escritos, depois de percorrê-los cuidadosamente. Os Papas o distinguiram, chamando-o coluna do templo, estrela nas nebulosas do erro, mestre em Israel.

2. O valor do livro

Com as "Glórias de Maria" ergueu Afonso um perene monumento de seu terno e vivíssimo amor à Mãe de Deus. Em 1750 aparecia o livro pela primeira vez, dando começo à sua tarefa: orientar, avivar, popularizar a devoção à Mãe de Deus no meio do povo fiel.

Em pouco tempo o livro alcançava onze edições. O próprio Santo corrigiu ainda a última edição, da qual temos a ventura de possuir um exemplar. Hoje está o livro traduzido em todas as línguas cultas, vive espalhado pelo mundo afora.

Especialmente das "Glórias de Maria" vale a observação feita pelo Papa Bento XV: é um livro perene. Tem a perenidade do borbulhar das fontes, do frescor de suas águas. Não passam, como outros, os livros de S. Afonso. Grandes e pequenos, simples e instruídos o apreciam sempre.

Já velho e alquebrado, pediu uma vez o Santo que lhe fizessem a leitura de um livro piedoso. O Irmão que o assistia pôs-se a ler as "Glórias de Maria". Interrompeu-o de repente o Santo com a pergunta: Mas quem terá escrito coisas tão belas sobre a Mãe de Deus? – Leu-lhe o Irmão o nome do autor: Afonso Maria de Ligório. Ferido na sua modéstia, Afonso tratou de outro assunto.

3. O estilo do livro

O livro de S. Afonso é riquíssimo em citações. É com palavras de outros que descreve a grande misericórdia, o extraordinário poder de Maria. Como ele mesmo confessa, passou dez anos colhendo citações nos livros de numerosos autores, tirando deles os trechos mais belos, mais tocantes, mais convincentes sobre a Mãe de Deus.

Formou assim um colar de pérolas que se estende pelas páginas afora da obra. Reuniu as vozes dos Santos Padres, dispersas pelos escritos, e delas fez uma sinfonia em honra da Virgem. S. Afonso vive bateando no caudal da Tradição e por isso há tanto ouro nas citações que faz. Cita com agudez de juízo e com fineza de inteligência. Recolhe, mas como operosa abelha, e apresenta-nos favos saborosos.

O estilo de S. Afonso tem mais uma particularidade. É simples, belo, humilde. O sábio teólogo, o afamado advogado, o admirável pregador, estão ocultos na modéstia da frase. O santo, nota-se, a cada passo esconde a luz da sua inteligência sob a repetição de frases simples.

Por isso, também seu estilo fala ao coração. É cordial, é recordativo de toda a pessoa do Santo. Afonso repete-se, repete sentenças sobre o poder, sobre a misericórdia de Maria. Que fazer? Nisso está o "tema iterativo" do seu hino em honra da excelsa Mãe de Deus.

4. As Revelações no livro

São frequentes no presente livro as referências a Revelações. Que pensar sobre tais Revelações? Tais Revelações feitas por Deus mesmo, ou por meio de anjos e santos, são possíveis, são reais, e sempre existiram na Igreja. Pertencem à categoria das graças extraordinárias de Deus.

Ao contrário da graça santificante destina-se, primeiramente, para o bem de outros. Como o Espírito Santo iluminou os profetas e os primeiros cristãos antigamente, também hoje ilumina a quem quer.

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