Capítulo 2

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- Querem reabrir o seu caso, mas ainda não sei se isto vai acontecer. Essas coisas são demoradas por aqui. Só você minha irmã sabe quem foi.

-A senhora está falando sozinha? – uma voz de homem me pegou de surpresa.

- Quem está falando? – eu me virei para trás.

Um rapaz moreno, alto estava a poucos passos de mim e vestia uma calça escura e uma camisa branca.

- Desculpe tê-la assustado. Eu estava passando e acabei escutando sua conversa.

- Eu falava com meus próprios pensamentos. Não era uma conversa. – eu tentava me explicar.

- Sim, sim. Entendi. Mas a senhora perdeu sua irmã assassinada, é isso? Sabe quem a matou?

- Não. De maneira nenhuma, eu não sei de nada

Foi me dando um medo e olhei ao redor e não via mais ninguém por perto. Eu queria sair correndo dali, mas o homem a poucos passos de mim parecia ser uma barreira.

- A senhora está pálida, parece que não se recuperou do susto.

Ele me olhava, um olhar negro e penetrante. Ele sabia do meu medo e esse medo só aumentava cada vez que ele falava algo.

- O senhor tem horas aí? – era a pergunta mais idiota que alguém podia fazer.

- Ainda é cedo. A senhora vem sempre aqui?

Minhas pernas começavam a ficar bambas de medo.

Esse homem puxava conversa, apesar de ver meu estado de pânico, e ainda mantinha uma calma estranha.

- Eu preciso ir. Eu tenho um compromisso.

- Às vezes o momento presente é o nosso único compromisso.

Agora já era demais! Eu precisava agir.

- O senhor me dá licença, eu preciso passar.

- Ainda não. A senhora fala com os mortos?

- Claro que não!

Imagina esse homem era mais louco do que eu pensei.

- Veja bem, tem pessoas que possuem esse dom.- ele disse.

- Eu não tenho dom nenhum e eu preciso ir. – eu disse.

Minha irmã falava comigo nos meus sonhos, mas isso era um segredo nosso.

- Se eu disser que o caso da sua irmã me atinge diretamente?

- Como assim? O senhor é jornalista?

- Quem dera! Sou não, sou segurança.

Pronto, ele agora vai tirar uma arma e atirar em mim ali mesmo junto ao túmulo da minha irmã.

Eu queria gritar por socorro, mas minha voz não me obedecia. Olhei bem pra ele pra ver se portava alguma arma, mas ele não tinha nada com ele.

- Está com medo? – ele me perguntou.

- Isso é lá pergunta que se faça? Francamente me deixe passar!

Eu tinha que enfrentar ele agora ou nunca.

Com Todo o Meu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora