Comodismo

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Era uma quinta à noite depois da faculdade quando saí com alguns amigos. Fomos só para a casa do amigo de um amigo meu, o Bruno. Realmente era tudo o que eu precisava depois de uma prova prática de minimalismo. Meu professor nos orientou a ir com a roupa mais básica possível (eu mesma fui de jeans azul, camiseta branca e all star). O objetivo da avaliação era performar um trabalho mínimo como se estivéssemos no meio termo entre a realidade e a obra.

Tom era o dono da casa e estava acompanhando de umas quarenta pessoas quando chegamos lá. Eles bebiam, jogavam e se divertiam. Alguns estavam dentro da piscina. Ficamos meio divididos nos primeiros minutos, mas quando percebemos já estávamos mais que misturados. Eu conheci uma garota, a Catrina. Ela é tatuadora e é uma das principais artistas que tatuou o Tom (era difícil encontrar um pedaço de pele dele em branco). Despedi-me dela quando minha amiga Isabela me chamou para jogar uma partida de truco. Ela e o namorado estavam no fim de uma partida.
- Miga, vou reabastecer meu copo e arranjar um parceiro. Cê segura esse jogo até eu voltar.
- Ok, MEI PAU, LADRÃO! - ela gritou.
- EU SÓ DESÇO NO NOVE! - o adversário gritou de volta. Aaaaaah, essa partida vai ser o cão.
Fui numa mesinha que tinha uma bacia com gummy. Enchi o copo e quando eu estava voltando, o anfitrião esbarra em mim e derruba as bebidas em nós dois. Maldita camiseta branca que eu tava usando.
- Puta merda, me desculpa. Meu Deus, você é a Sabrina, né? Derrubei tudo em você. Desculpa, Nina, desculpa mesmo. - ele tava todo atrapalhado não sabendo o que fazer. Eu só sabia rir mesmo.
- Ei, brother, relaxa, ok? Eu derrubei em você também, não é mesmo? Estamos no mesmo barco. - falei tentando acalmá-lo.
- Mas a sua situação tá pior que a minha e isso acaba complicando mais as coisas. - ele apontou para o decote todo da blusa. - Se você quiser eu te empresto uma camiseta e...
- E eu fico com ela como presente. Bem, onde fica o quarto?
- Você não vai me pagar nem um café antes? - ele dá um sorriso fodidamente lindo e com segundas intenções.
- Você é quem deveria me pagar o café. Olhe só para mim! - ele olha até demais e eu dou um tapa no braço dele. - Larga de ser abusado.
Ele deu de ombros e serpenteou pelas pessoas me puxando pela mão.

O quarto dele ficava no segundo andar. Tinha uma decoração meio astro do rock do anos 2000, meio de motoqueiro. O fato mais estranho era que ele tinha uma mesa de bilhar no próprio quarto. Não nego que tive alguns pensamentos carnais sobre isso. Ele me mostrou onde ficava suas camisetas.
- Pode escolher.
- Qualquer uma?
- Qualquer uma.
Passei o dedo sobre cada peça, analisando minuciosamente. Ele tem bom gosto. No final acabei pegando uma da Thrasher Magazine. Acho que ele sentiu uma pontada quando escolhi.
- Você pegou minha blusa favorita. - ele parecia bem tristinho enquanto lamentava.
- Tá suave, juro. Vou cuidar bem dela. Mas cê tem uma tesoura? Tô pensando em fazer umas mudanças.
- Seja lá o que você estiver pensando em fazer, isso não vai tocar na minha camiseta.
- Ex.
- Não ainda. - ele puxa a blusa das minhas mãos e eu vou junto. - E tem tesoura no banheiro. - Mantivemos o olhar durante algum tempo até que eu puxei de volta e corri para uma porta que teria de ser o banheiro. Mas ele me alcançou e pegou de volta. - Não acredito que você achou mesmo que iria simplesmente correr.
- Tinha que tentar. - eu estava com o sorriso de quem não se importava de ter sido pega. Mesmo que do jeito errado.
Entrei no banheiro e fucei até achar a tesoura. Tirei o jeans e cortei a parte das pernas, dei uma estilizada rápida e voilà, um short novinho e bacana. Quando estava avaliando a nova peça, percebi que estava com a lingerie vermelha de renda completa. Coloquei o short sem fechá-lo, prezando meu conforto (em parte).
Sai e vi que ele estava apenas de bermuda. E que vista. Só pelas costas eu babei, mas quando ele virou, minha morte foi declarada e eu praticamente chorei. Não disse por onde.
Observei descaradamente seu peitoral musculoso repleto de tatuagens. Ele era a perfeita definição de homão da porra. Tom me olhou de cima a baixo e jogou a blusa depois de pegar uma para si.
- Belas tatuagens. - elogiei.
- Digo o mesmo sobre as suas e o complemento. Fazem um belo conjunto. - eu tinha algumas tatuagens (uma abaixo e entre os seios, na costela, uma rosa na coxa etc), mas nem eram tantas.- Aliás, isso era sua calça? Ficou bem melhor assim.
- Até que eu levo um pouco de jeito pra essas coisas, mas muito obrigada. Ei, cê quer ser meu parceiro no truco?
- Não só nele.
- Pilantra safado.
Nos vestimos e descemos rindo. Isabela ganhou a partida com o João, o namorado dela, e começamos a jogar. Depois de algumas rodas de jogo e bebida, a gente já não estava mais sóbrio a ponto de prestar atenção em alguma coisa. Minha amiga saiu da mesa com o namorado, nos deixando a sós.
- Que partida da porra. - comentei e levantei, ele me acompanhou.
- Assim como você. - e então ele me puxou para um beijo e foi me levando para a a parte de fora da casa.
Lá a festa estava fervendo absurdamente. Ele tirou a camisa e me empurrou na piscina, pulando logo depois. Tom me encontrou e me colocou em seu colo. Eu dei alguns tapas nele fingindo estar com raiva.
- Ficou bravinha, foi, bebê? - ele ficou me provocando durante as mordidas e beijos que ele deixava no meu pescoço.
- Chamou de bebê, tem que cuidar. E sim, eu tô brava. Mas também com pena, porque você vai ter de me emprestar mais uma roupa, já que o senhor fez o favor de me molhar toda. E nem sequer foi do jeito certo. - digamos que essa segunda parte Tom já tenha conseguido sim, mas ele não precisa saber disso.
Ele me fez sentar de frente para si. Me pegou no colo de jeito e saiu da piscina, indo direto para seu quarto. Não parou nem para pegar a blusa que havia tirado.
Nos beijamos durante todo o percurso. Perdi a conta de quantas mãos bobas, mordidas e outras coisas tiveram.
Ainda comigo em seu colo, ele fechou a porta e me jogou na cama.
- Primeiro, independente de te chamar ou não de bebê, eu vou cuidar de você. - nisso eu puxei ele para vir de meu encontro. Ele fala demais.
Arranjei suas costas enquanto nos beijávamos e Tom tirou minha(sua) camiseta. Invertemos nossas posições e fiquei por cima dele. Mordi os lábios ao me dar contar realmente da situação. Seu cabelo estava todo bagunçado e sorria para mim. Tiramos meu shorts e sua bermuda.
Entre amassos e beijos, minha lingerie voou para um lado e sua cueca foi para onde nem a deusa do amor e da fertilidade sabe.

A foda havia sido maravilhosa e a festa ainda estralava no andar de baixo. Claramente eu não voltaria para casa hoje, mas também não me importava. Há quantas luas que ninguém me dava um trato assim? Tom ainda estava jogado quando peguei mais uma blusa de seu guarda-roupa e voltei para a cama. Ele não estava dormindo, óbvio, mas não disse nem demonstrou nada quando retornei. Se antes estávamos molhados, não sei qual palavra poderia nos descrever agora.
Peguei um cigarro e traguei. Uma ideia me veio à cabeça e eu passei a perna por cima dele, permitido com que ele fizesse carícias.
- Estava pensando... você bem que - eu ia fazendo um caminho com a mão que estava livre pelos contornos de suas tatuagens. - poderia descer, pegar algumas garrafas de bebida e a gente aproveitaria para ficar aqui em cima até o raiar do sol. - mordi o lábio pensando nas possibilidades.
Ele inverteu as posições.
- Alguém já lhe disse o quanto fica mais gostosa, se é que isso é possível, quando morde o lábio? - e nisso, eu dei uma mordida  seu pescoço como resposta para sua pergunta. Com relutância, ele vestiu uma roupa e desceu.

QUE HOMEM.

De todas as minhas tacadas, provavelmente esta deve ter sido a melhor. Além de ser ótimo na cama, ele é um cavalheiro. Acho que, apesar de tudo, eu tenho sorte sem compromisso no jogo e no amor.

(meu deus q merda de final, algum dia eu faço algo decente)

Salto no EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora