Se a Rafaela de exatos um ano atrás me visse hoje, juro que não saberia dizer se iria sentir orgulho ou vergonha. Estou voltando para a casa da minha mãe e tinha prometido a mim mesma que não o faria. Só sairia da minha casa por parte de pai se fosse para meu próprio apartamento, mas é só que...
É que as coisas se complicaram e venho me sentindo mais sozinha a cada dia, tanto em relação à família quanto aos amigos. Discussões com meu pai tornaram-se rotina, estava perdendo minha melhor amiga para outra pessoa e eu não me sentia mais acolhida naquele lugar, mesmo sabendo que era e que grande parte era só coisa da minha cabeça. Tinha consciência disso.
Foi então que decidi retornar à minha mãe. A distância no passado nos fez bem e hoje nossa convivência é a melhor em anos. Sua casa algumas vezes foi meu porto seguro, longe de tudo e todos. Talvez eu possa finalmente dizer que estou de volta ao lar.
O auge dos meus dezesseis anos está próximo e simplesmente vejo minha vida correr pela minha frente, sem que eu possa fazer alguma coisa para mudar ou impedir. A falta de liberdade e confiança que meus pais tem em mim é a culpada disso tudo. Embora eu saiba que eles só querem me proteger, sinto-me como se estivesse em uma prisão.
Saber que vou poder começar do zero assusta e alegra-me. Essas antíteses me atormentam frequentemente antes de dormir, e a sensação é estranha. Por um lado, há o medo de não ser aceita, de ser exilada, de provavelmente me apaixonar à primeira vista ou de não me adaptar. Por outro lado, tem a possibilidade de ser a melhor decisão que eu poderia tomar em toda a minha vida. A verdade é que no fim, todos só esperam que as coisas aconteçam e deem certo.
Uma das coisas mais intrigantes da nossa existência é que nada nunca é cem por cento e que ela sempre nos dá segundas chances. E eu vou fazer o melhor possível para que essas minhas nova moradia, rotina, escola e vida sejam aproveitadas da melhor forma possível.
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Salto no Escuro
RandomColetânea de crônicas, poesias e lágrimas de sonhos paralelos.