Capítulo 1

43 12 0
                                    

Naquela mesma noite Alice acordou. Meia sonolenta abriu os olhos e encarou o relógio grudado a parede de seu quarto. O mesmo marcava 10:00 pm. Tentou permanecer acordada mas o cansaço era maior. Acabou adormecendo novamente.

Então ela sonhou. Sonhou com a sua mãe, ela estava longe perto de um riacho qualquer, olhava para Alice esperançosa, com um belo sorriso no rosto, assim como a sua aparência.

''Eu te amo muito Alice, eu nunca vou te abandonar e tudo que  você está passando agora, é apenas uma coisa passageira. Você terá uma grande vitória futura, não será fácil, mas você saberá  fazer boas escolhas'' Exclamava a mãe da garota.

Em um sobresalto Alice despertou. Assustada, e sem entender as palavras da mãe. Ela levantou-se e foi até a cozinha, pegou um copo d'água e bebeu todo líquido de seu copo, largou o mesmo sobre a pia em seguida. Seu pai ainda não havia chegado e ela nem tinha certeza se ele vinha ou  não. Talvez nunca mais aparecesse! 

Ela ficou angustiada, pois não sabia o que fazer. Não sabia se ia atrás do pai, ou ficava em casa à sua espera.

Na manhã seguinte,  a menina acordou com batidas em sua porta. Levantou-se correndo e desceu as escadas, achando que poderia ser o seu pai. A esperança é a última que morre.  Mas para a sua decepção era apenas a sua vizinha que trazia algumas coisas para o café da manhã. A mesma também avisou  Alice que passaria o dia fora para resolver alguns assuntos, mas que se a garota precisasse de alguma coisa, ela poderia ligar, que a mesma faria o possível para ajuda-lá. Mas Alice sabia que não faria isso com a pobre vizinha que já dava de tudo e mais um pouco à ela. Com um sorriso meio a boca, ela agradeceu a vizinha e alertou que estava bem, e que se precisasse ligava sim tranquilizando-a.

Elas se despediram-se e Mayra a vizinha se afastou deixando Alice ali. Assim que a garota fechou a porta, lembrou do sonho que teve na noite passada com a mãe, ainda não entendia o que ele significava. 

Ela foi até a cozinha e preparou o café da manhã, comeu algumas poucas coisas. Ela ainda não sentia tanta fome assim para comer como uma condenada. O vazio de não ter mais os seus pais ali com ela, ainda percorria o seu corpo, era como se uma parte dela não existisse mais.

Após o café, ela parou e pensou: Ela havia tanta coisa á fazer.

A primeira delas era trazer seu pai de volta, a segunda era decidir o que fazer com as coisas antigas da sua mãe. Vender ou guardar? Além de ter que pagar as contas da casa, que já estavam chegando.

Agora uma pergunta que ela ainda se fazia, e a escola? O que ela faria?

Já estava no seu último ano da escola, já tinha comprado o vestido de formatura que seria daqui a 3 meses, e sua mãe estava mais empolgada que ela mesmo. Ah! ainda doía pensar em sua mãe. E em como ela falava na formatura, em como ela estaria orgulhosa de ver a filha se formar no ensino médio. Quando percebeu, Alice já chorava feito um bebê, aos prantos, ela era tão nova e já não tinha a sua mãe por perto. Segundos depois e ela sentiu uma paz em seu corpo, como que se a sua alma fosse alcamada por algo ou alguém, ela não sabia dizer o que era exatamente. Sentiu a presença de algum ser de luz ali. Passou a mão sobre o rosto e enxugou ás lágrimas em seu rosto.

Alice levantou-se e foi para o quarto da mãe, tinha que começar a separar as roupas da mãe. Tirou tudo do guarda-roupa e começou a organizar dentro de algumas bolsas que havia em sua casa. Depois ela ia decidir o que fazer com as peças não eram muitas, já que mãe era simples e o que ela mais usava eram os uniforme de enfermeira do hospital em que trabalhava.

A garota acabou reencontrando algumas fotos, muitas eram suas, de quando bebê. Acabou se emocionando com o tanto de lembranças que teve só olhando os retratos que a mãe guardava.

Quando ela terminou, começou a carregar as caixas e bolsas que estavam com as roupas da mãe, ela decidiu que guardaria tudo por enquanto. Deixaria tudo na garagem até decidir o que fazer com aquelas roupas definitivamente. Talvez ela doasse, sua mãe iria gostar de  ver as suas roupas sendo usadas por pessoas com necessidade.

Assim que terminou voltou para sala, já eram quase meio  dia. O telefone começou a tocar, ela correu para atendê-lo. 

Era apenas a sua vizinha querendo saber se o pai de Alice aparecido. Ela negou é claro. Como queria poder dizer que ele havia aparecido. A vizinha também perguntou sobre o estado de Alice, se ela estava bem, se havia almoçado e tudo mais. Como Alice não queria preocupar a vizinha acabou afimando tudo. Que estava bem, que havia se alimentado e etc..

Quando encerrou a ligação, Alice decidiu que não deveria mais ficar parada e esperando seu pai chegar. Iria procura-lo. Trocou de roupa novamente, pegou dinheiro e seus documentos e saiu pela vizinhança em busca do pai. Ela ainda tinha esperança de encontra-lo, nem que fosse jogado em uma das ruas. O que ela mesmo queria era achar ele e leva-lo para casa.

Ela passou a tarde procurando pelo pai, foi a hospitais da região, bares e até mesmo em uma delegacia, e tudo que ela encontrou foi NADA. Nenhuma notícia sequer dele. Aquilo a preocupava, afinal ele era o seu pai. Mas ela sabia que se continuasse assim, essa vida de viver atrás dele e nunca conseguir achar ele, não a levaria a nada.

Ao voltar para a casa Alice sentiu a mesma sensação que de antes, quando chorava aos poucos. Como se a luz passasse sobre a sua alma novamente. Só que dessa vez essa luz indicava uma coisa boa para ela. Como se fosse um conselho espiritual. Naquele momento ela teve certeza de uma coisa:

Ela tinha que seguir em frente.

Antes & Depois do Poli dance[REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora