Capitulo Um

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– Tim, você está ai? – disse alto entrando na casa.

– Pode entrar gente! – a voz dele ecoou no interior do recinto emadeirado.

Entramos e antes mesmo de chegarmos ao local, jazia um pressentimento ruim. Nosso confinamento iria começar. Em 72 horas, eu e a Katrina ficaríamos confinados em um dos lugares mais assombrados dos Estados Unidos. A atividade sobrenatural tornou essa casa inabitável.
Pouco antes de ela ser demolida, o dono atual a comprou por um preço muito baixo, o que era estranho por uma casa com um vasto terreno e razoavelmente grande, logo após a compra, disse ter acontecido "certos fenômenos". Ele deixou a mobilia original e outros objetos chaves. Apesar de muitos terem se perguntado sobre o que afasta essas pessoas da casa, seremos os primeiros a tentar descobrir, nos confinando aqui por três noites.

– Mesmo antes de chegar, parece que eu havia recebido um aviso, eu me sinto atraído à esse lugar.
Há alguns dias, estou tendo uns sonhos estranhos. Uma garota aparece para mim, como se ela estivesse me alertando sobre esta casa – contei pausadamente a Tim enquanto nos encontrávamos na sala de estar.

– Nick, vou te contar uma coisa – disse Tim com os olhos semicerrados, parecia um poucou apreensivo – Eu já vim aqui várias vezes e não sei se é a casa em si ou se é antidade que habita essas terras – ele fez uma longa pausa, respirou fundo e começou a falar novamente – ela atrai a gente...

– E qual a natureza da assombração aqui? – questionei querendo muito saber.

– Eu falei com a Clara Dândi.

– Da família que viveu aqui nos anos 1970 – o interrompi, me lembrando dos arquivos em papeis amarelados que havia deixado em minha escrivaninha na noite anterior.

– Isso, e a Clara disse que é muito ruim. Enlouquecedor. Tinham barulhos tão intensos que eles decidiram fazer o exorcismo...

Ao terminar a frase, pude perceber de relance que Katrina havia se mexido inquieta em seu lugar.

– Mas eles não exorcizaram a pessoa, certo?

– Não.

– Exorcizaram o local – indaguei alto.

– Sim, o local. O que o Padre Tribolt fez, foi tentar limpar o local da presença maligna da casa. Ele reuniu a família aqui e fizeram a limpeza, o exorcismo foi feito nesta sala.

De repente, Katrina colocou as mãos no peito arfando forte, sua expressão facial também havia mudado, seus olhos arregalados, se mexiam para todos os lados.

– O que foi Katrina? – perguntei preocupado.

– Eu não estou conseguindo respirar – dizia com as mãos no peito e certa dificuldade de comunicação – não consigo.

– O que está sentindo?

– Aqui – apontou para o peito novamente –  é uma pressão, como se o ar estivesse denso demais de tão pesado.

Nós não sabemos com o que estamos mexendo e com o que iremos lidar, apesar da animação, também tenho várias preocupações. Nós estamos em uma casa que já foi exorcizada e toda vez que vamos a um lugar com tanta atividade, uma coisa que não sai de minha mente o tempo todo é: que portas iremos abrir? E será que conseguiremos fecha-las depois?

– Nessa sala em particular, tive muitas experiências – disse Tim, nos forçando à olhar em volta, em pequenos detalhes que ainda não haviamos reparado como, o carrinho de bebê antigo com uma boneca de pano dentro, jogado em um canto empoeirado, uma cadeira de balanço feita com madeira de carvalho ao lado do sofá que exibia uma flanela novinha o forrando, nos convidando para sentar ali, e um lustre antigo cheio de teia de aranha – Mas para mim não é o coração da casa, venha, vou lhes mostrar.

Tim nos guiou e subimos alguns degraus estreitos de uma pequena escada que levava ao andar de cima, onde haviam dois pequenos quartos, um deles era o quarto em que a Marry, filha da Clara, dormia nos anos 1970.
Ao chegarmos na entrada do quarto da Marry, paramos e Tim começou a falar novamente.

– Este é o quarto da Marry, e normalmente não entro neste quarto.

– Por que? – perguntou Katrina sem pudor e curiosa.

Tim olhou para o chão e ficou imóvel durante alguns segundos. Ele cruzou as mãos e estalou a língua.

– É muito triste e sempre fico com vontade de vomitar.

Mesmo nos contando sobre sua dificuldade para entrar no cômodo, ele entrou, e pude perceber seu esforço em estar ali. Ao aparamos no centro do quartinho, notei algo estranhamente sinistro e curioso. Na única janela velha, um emaranhado de moscas se debatiam contra o vidro, fazendo uns barulhos nada casuais.

– Por que têm tantas moscas aqui? – perguntei me aproximando do vidro.

Nossa atenção estava plenamente na janela infestada daqueles insetos asquerosos.

– Por alguma rasão, sempre teve moscas aqui – disse Tim apontando para a janela.

As moscas me preocupam. Muitas pessoas acreditam que moscas agindo daquela forma, são atraidas por campos eletromagnéticos que envolvem entidades demoníacas

– O que quer que seja, não é bom, estou começando a sentir coisas. Estou percebendo que há mais coisas aqui do que imaginamos – Tim parou de falar e olhou para fora da janela – eu não dormiria nesse quarto, de jeito nenhum – disse abanando a cabeça de forma exagerada – não estou dizendo que algo ruim vai acontecer aqui, mas estou dizendo que eu pessoalmente prefiro não estar nesse quarto. Interpretem como quiserem.

O Tim Shaw, homem robusto e alto, de idade já quase avançada cujo entendimento superava duas vezes minha idade, já havia investigado centenas de lugares assombrados e considerados demoníacos, além de ser espiritualista e medium, comecei a me perguntar em onde eu havia ido me meter.

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