Capítulo X

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Uma sensação agridoce envolveu o dia de Susan. No meio de atividade corriqueiras ela se pegava pensando na ligação de Richard e no ele poderia querer lhe contar. Sua mente criava mil e um cenários e ansiedade a matava. Ao mesmo tempo, borboletas dançavam em sua barriga apenas com a lembrança do toque de Jude, e essa lembrança fazia seu corpo reagir. Jude... ela ainda tentava entender como tudo aconteceu, a rapidez com a qual ela se deixou entregar. Nunca antes ela havia agido de forma tão impensada, tão irresponsável. Talvez esse fosse o seu mal, o excesso de pensamento, o excesso cuidado. Talvez as melhores coisas da vida estivessem apenas esperando pela entrega dela. Não sabia o que esperar do futuro, tudo o que sabia era que estava adorando a sensação do momento.

Susan passou o dia ansiosa pela ligação de Jude. Sentia-se meio adolescente, uma jovenzinha a espera de companhia para o baile. Além de adolescente, sentia-se tola por deixar que a ansiedade tomasse conta de seu corpo e comandasse suas ações.

Jude havia ligado para ela no meio da tarde para falar sobre a reserva e avisar que às oito horas ele passaria para busca-la. Perto das dezoito horas ela começou a se arrumar, pois não tinha condições de se concentrar em mais nada. Tomou um banho não muito demorado, secou os cabelos e deixou os cachos caírem sobre seus ombros. Decidiu que seria o mais natural possível, o mais casual possível, pois não queria nada forçado, nada fingido, por isso optou por um terno feminino na cor preta, que era discreto, mas que lhe conferia um ar jovial. De maquiagem usou apenas o necessário para acentuar a beleza que ela voltava a ver em si mesma quando se olhava no espelho. Quando estava pronta conferiu o relógio, ainda faltava cerca de trinta minutos para às oito da noite. Ela então sentou-se no sofá da sala e pôs-se a fazer a única coisa que lhe restava, esperar.

Quando Jude chegou, ela pode sentir a ansiedade manifestar-se em forma de frio na barriga. Imaginava as muitas possibilidades que se abririam com a aquela noite e adorava cada uma delas.

Jude a levou para um restaurante bem simples e recluso. Ficava em uma casinha de madeira ao norte de Nova York, quase na divisa da cidade e só era frequentado por moradores do bairro. O ambiente era acolhedor e aquecida por uma pequena lareira. Um local muito romântico que embalou a noite dos dois da melhor forma possível.

Ao longo do jantar, eles conversaram sobre tudo, queriam saber o máximo possível um sobe o outro. Jude contou a ela tudo sobre sua infância simples em Londres e sobre seu sonho de ser ator e mudar a sua realidade pobre. Susan contou sobre seu casamento e os motivos que o levaram ao fracasso, não ousou falar de Richard, mas sentiu-o em seu coração. Eles riram e aproveitaram a noite juntos, vez ou outra Jude a surpreendia esticando-se sobre a mesa para roubar-lhe um beijo, ou brincando com a sua panturrilha por de baixo da mesa. No fundo de seu coração ela queria aquele sentimento de tranquilidade para sempre, mas seu cérebro a lembrava constantemente da finitude de suas emoções.

No fim da noite, Jude a levou para casa. No carro ambos se despediram com um beijo demorado e sereno, livre de segundas intenções. Ambos haviam aproveitado a noite da melhor forma possível e silenciosamente concordavam que ela não deveria estender-se até o apartamento de Susan, que ambos deveriam aproveitar a oportunidade de conhecerem-se.

Susan entrou no apartamento vazio sorrindo consigo mesma. Jude era tão jovem e vibrante, ele transmitia isso para ela. Ela vestiu seu pijama e quando já estava prestes a se deitar, lembrou que Kate nem imaginava o que havia acontecido, então ela decidiu ligar para a amiga.

- Eu acho que seu dia tem sido muito bom, porque você não se prestou nem a responder minhas mensagens.

-Kate, mil perdões. Estive tão aérea hoje que nem peguei no meu celular direito.

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