SINE CORDI

Capítulo 9

ט

"O homem é uma ponte suspensa no abismo

que liga a besta ao super-homem".

- Nietzsche -

Santana chegou à firma de advocacia aos bocejos e tratou de ir à copa para ingerir sua terceira xícara de café só nesta manhã.

Ouviu Russel perguntar por ela e se mostrou à entrada da dependência para o homem, que se dirigiu até ela e a levou de volta para dentro do recinto e perguntou se tinha notícias de Quinn.

A morena tomou um gole da bebida quente e recém-preparada e, após, respondeu que esteve no Tavern on the Green com Britt e Rachel num jantar e que, por ironia do destino ou sabe-se lá a causa que move coisas inesperadas, Quinn estava lá fazendo o mesmo.

A expressão de espanto na face do Fabray não foi maior porque não havia espaço. Quinn num jantar?

"E não estava sozinha...", comentou a advogada, sabendo que o homem mais velho estava ansioso porque a filha ainda não havia decidido se auxiliaria a promotoria no caso contra Raul Street, "e não era Alex que a acompanhava. Era um cara que parecia o Leonardo DiCaprio. Como sempre, sua filha estava muito educada", havia um rasgo de desfaçatez na voz latina, "ela foi até a nossa mesa, apresentou-nos o homem, destilou sua dose regular de cinismo e, quando eu estava preparada para lhe pular no pescoço, despediu-se e saiu com ele".

Russel não opinou sobre o comportamento da filha. Há muito já não fazia isso, entretanto o fato de ela parecer demorar a tomar uma decisão que, para ele, era simples, parecia uma espécie de tortura que ela lhe imprimia. E isso acabava com os nervos dele. Suspirou profundamente:

"O promotor Lancaster está inquieto por uma resposta do escritório... Quer saber se o 'gênio invencível' da minha filha aceitará ajudá-lo no julgamento do assassinato da 'socialite' Wood e Q está incomunicável. Todos os telefones dela estão mudos. Sant, diga-me: por que ela faz isso? Ela sabe que o caso é importante, que trará dinheiro para a firma e... Ela parece não se importar", desabafou, abespinhado.

A advogada preferiu não se manifestar sobre o comportamento da loira. Quinn era uma incógnita. E o Fabray, mais do que qualquer outra pessoa, já deveria saber disso. Entrementes, achou importante observar, a fim de reter a ânsia do homem:

"Russel, você sabe que sua filha não faz milagres. E sabe, também, justamente por não fazer milagres, o quanto ela é perfeccionista e escolhe os processos que defenderá a dedo. Talvez esteja considerando os prós e os contras de esse caso ser conveniente ou não para ela e para a Fabray&Advogados".

O homem se quedou em pensamentos, consciente de tudo o que a latina lhe falou. E, justamente por ser consciente, temia a decisão de Quinn. E somava a isso o fato de ela adorar deixá-lo em suspense. Mas a considerava muito capaz de suportar outro julgamento.

"Não deseja saber como foi o encontro dela com a Rachel?", inquiriu a advogada, quebrando o silêncio, enquanto observava o homem mais velho.

Russel Fabray suspirou e meneou a cabeça em negativa. Não se preocupava com Quinn e a mulher que fez parte do passado dela. Na verdade, agradecia o fato de elas se afastarem, mesmo não se importando qual a razão porque tudo resultou nas opções da primogênita, inclusive levando-a a se olvidar da fotografia e optar por se tornar a advogada perspicaz e arrojada que era agora.

"Estamos falando do calcanhar de Aquiles de Quinn", Santana tentou fustigar um pouco o homem, mas ele não pareceu escutá-la, ao comentar:

"Acredita que a defesa do Street está completamente a favor de Quinn auxiliar a promotoria?".