Durante a tarde do dia 25, tal como estava planeado, fui reencaminhado para casa. A viagem não foi nada de especial, mas fiquei a saber que existe uma rede de comboios, a InterS, que nos leva para todas as secções e, com autorizações especiais, para a sede do Império e as instalações da I.S.I. Ao chegar à vila, a primeira coisa que fiz foi ir à procura de Anthony. Procurei no átrio, no mercado na floresta, inclusive em sua casa, mas não encontrei.
Como é que iria anunciar aos meu colegas que tinha chegado, se não os encontrava. Depois disso decidi ir para casa para descansar da longa viagem, porque parecendo que não ainda são quatro horas de comboio.
Já perto da hora de jantar, enquanto preparava uns deliciosos ovos mexidos com um ótimo chouriço, que tinha comprado enquanto estava a tentar encontrar Anthony, ouvi alguém gritar do lado de fora da janela:
- James, estás ai?
Curioso com o que acabara de ouvir, levantei de leve a persiana, que após sem ninguém lhe mexer já tinha ganhado pó.
- Anthony! - gritei eu com um sorriso que me quase rompia o rosto – Finalmente te vejo!
Apressadamente estendo o meu braço para abrir a porta.
- Entra, já jantaste? Se não eu tenho aqui para ti também.
- Não, estou bem obrigado - respondeu ele com um sorriso embaraçado.
- A sério, eu insisto, era bom ter companhia!
- Pronto, já que insistes - disse ele soltando um pequeno riso
Mal acabei de cozinhar o jantar, agarrei em dois pratos e em um bom vinho para levar para a mesa. Reparei que Anthony não estava muito confortável.
- Então, o que se passa? - perguntei eu preocupado.
- Foi na sexta-feira passada – disse ele começando a chorar - Foi horrível.
- O quê? O que aconteceu?!
- Nós... Nós vamos deixar de ser uma secção! E já não nos irão dar recursos.
- Mas assim vamos morrer à fome! Não pode ser! Como é que soubeste disso?
- Chegaram-nos cartas da sede do Império. E sei que muita gente se sinta como eu neste momento. Pessoas que não têm ninguém, iguais a mim, que não podem acreditar em nada, a não ser esperança.
- O mundo já não é o mesmo do que há vinte anos, sabes James?
- O quê?
- Eu sei coisas que pouca gente sabe, mas desconheço a razão.
- Espera, o que é que sabes? Enquanto estava na I.S.I. também ouvi umas coisas. Conta-me tudo.
- Foi há vinte anos que tudo mudou, e o que passei não pode ser esquecido. Nunca te perguntaste porque é que eu tenho uma acentuação diferente?
- Pois é. É um pouco estranho, mas porquê?
- Porque, antes eu vivia numa linda quinta com os meus pais. Era em New Forest. Sempre amei aquele lugar, era muito verde e lindo, com cores carregadas e vivas, regalando os nossos olhos. Sinto tantas saudades dos meus pais...
- Então mas o que aconteceu?
- No dia 30 de abril de 2034, com a explosão de uma bomba, na América do Norte, começaram-se a registar muitas mortes e mais de dois terços da população mundial morreu. Nos dois anos seguintes houve um avanço neste vírus, que tem como nome Uoncus, fazendo com que as pessoas com o tipo de sangue B, após serem infetadas com o vírus ,nas 24 horas seguintes eram capazes de inconscientemente transmiti-lo pela expiração, sendo que depois morriam, provocando quase a extinção completa da raça humana
- Lá na I.S.I. falaram-me do Uoncus. Disseram-me que ele estava a matar pessoas dentro do Império. E que me queriam fazer os exames, porque eu sou imune, mas depois mandaram-me para casa. Achas que ele chegou ao Império?!
- James, não me leves a mal. Lembras-te do dia em que o teu pai morreu?
- Infelizmente – disse eu com um rosto entristecido
- Bom, ele não foi infetado com o Uoncus. A I.S.I. levou-o, porque, tal como eu, o teu pai tinha a capacidade de resistir a uma substancia criada por eles. A História é a seguinte, depois do começo da epidemia morreram milhões de pessoas, e a companhia de saúde mundial criou instalações na Oceânia. Estavam constante mente a se movidas para cá pessoas novas, mas infelizmente um dos organizadores apanhou Uoncus, e ele era do tipo B, logo transmitiu o vírus a todos os outros principais colaboradores e até mesmo ao Embaixador. Com sorte de eu vim para cá para, mas muita gente morreu. Depois da morte do embaixador, uma companhia, pouco conhecida na altura, mostrou ter um grande poder económico tomando assim posse deste reino, que mais tarde começaram a chamar de Império. Essa companhia começou a matar muitas pessoas inocentes, por puro prazer. Alguns anos depois quiseram recomeçar tudo e esquecer essa época do Uoncus. Para isso tiveram de criar um dispositivo para eliminar a memória à população. Mas algumas pessoas conseguiram resistir, e ficaram com a memória dos desagradáveis dias de escuridão que pairavam sobre o único local seguro na terra, o Império.
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Uoncu: A Origem
Science FictionNum futuro pós-apocalíptico, na secção 3-C, começaram-se a registar um elevado número de mortos e estes eram todos lenhadores, James que convivia todos os dias com estes, não era era infectado. A empresa responsável pela saúde do Império levou James...