Conto V - Carta de Adeus

35 1 0
                                    

   

   Era uma bela tarde de verão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

   Era uma bela tarde de verão. Mas os raios do sol não mudavam o clima triste do cemitério, um homem de uniforme observou isso. O coveiro. Seus cabelos negros estavam sujos de terra assim como seu uniforme, ele havia acabado de cavar sua terceira cova no dia:

- O mundo está tão perigoso a ponto de me dar tanto trabalho? - ele reclamou ajeitando sua pá por cima dos ombros

No meio do caminho seus olhos castanhos se desviaram para o chão, só então ele percebeu que acabou pisando em um envelope de carta azul com uma figurinha de coração o mantendo fechado. Uma carta. Por curiosidade o jovem coveiro a abriu, a data era 10 de Julho de 2016 e assim dizia:

"Você havia me prometido, sim, você havia me prometido nunca sair do meu lado. Porque eu só possuía você, nossos pais se foram e você quebrou sua promessa no dia 28 de Junho no hospital depois de um acidente de carro cujo você foi atropelado.

Desde o dia 28 de Junho eu não ando de bicicleta muito longe da calçada, eu só vivo minha vida de um jeito seguro. Sem riscos, sem decisões mal pensadas, sem você me desafiando a passar dos meus limites. Eu nunca me machuco, não por dentro.

Quando lhe internaram ficou difícil confiar nas pessoas que sempre disseram que nós dois ficaríamos bem. Porque eu não me sentia bem e os médicos nunca souberam me dizer se você estava, apenas repetiam a mesma coisa. "Luis Andrade está em coma". Por causa disso estou com medo de ouvir os outros.

Me sinto obrigada a forçar um sorriso ou risada na escola ou no orfanato onde agora moro, as vezes sinto lágrimas se formando em meus olhos. Mas eu não choro, me disseram que chorar é uma fraqueza e eu não quero te decepcionar sendo fraca. Além disso eu tenho medo de começar e não parar depois.

As vezes me pego pensando, nas vezes que o vi sorrir, quando te ouvi chorar em seu travesseiro de madrugada, as vezes que você me chamava de "maninha" e as que você cantava meu nome para me acordar. Ou seja, penso no que nunca irá voltar. Mas, por mais que esses momentos não voltem, você será para sempre o meu irmãozão.

Um grande abraço da sua caçulinha...
Ass: Ana Clara Andrade"

Fechando a carta com cuidado sentindo seus olhos marejados, o coveiro caminhou até o final do corredor de lápides e se ajoelhou em frente de uma em especial:

- Sua irmã deixou para você, meu amigo. - o moreno encaixou o delicado envelope feito a mão entre a lápide e um vaso de flores alaranjado que estava ali para só então voltar ao trabalho

O Amor conta um contoOnde histórias criam vida. Descubra agora