letters :: stydia

5.0| we're broken people

Era só mais um dia comum quando cheguei no colégio, logo me encontrando com Scott.

"Você falou com o Stiles hoje? Não tenho conseguido conversar com ele esses dias"

"Ainda não, mas ele deve estar bem, só um pouco atrasado" respondi depois de negar com a cabeça e sentei em minha mesa, já que já era possível ver o professor chegando na sala.

Pensando bem, era estranho Stiles ter se atrasado. Da última vez que aquilo acontecera, não acabara de um jeito bom.

[...]

Duas aulas já tinham se passado e nada do garoto pálido aparecer, me deixando preocupada.

stiles?
s?
mieczyslaw?

s: oi
s: mieczyslaw é muito complicado, ainda prefiro michief

onde vc ta?
por que não veio hoje?
me responde
o que aconteceu?

Comecei a ficar mais preocupada quando o garoto parou de responder as minhas mensagens. Decidi ligar para seu pai, para confirmar minhas suspeitas.

"Alô, senhor Stilinski?" perguntei após alguns segundos de silêncio do outro lado da linha.

"Olá, Lydia?" a voz do mais velho de fez presente "Está procurando o Stiles?"

"Isso mesmo" respondi após apenas acenar positivamente com a cabeça e perceber que o outro não poderia ver.

"Bom, ele não levantou hoje" comecei a me desesperar, já imaginando o pior "Percebi que ele estava demorando para aparecer e então fui para o seu quarto. Ele não parecia estar dormindo, mas não se mexeu nem mesmo quando me ofereci para levá-lo para aquele evento de histórias em quadrinhos que está na cidade"

Congelei no lugar ao perceber a gravidade da situação; Stiles vinha falando daquela convenção já muito tempo e tentava participar da mesma durante toda a semana em que estava na cidade. Se o mesmo não tinha se animado nem com a ideia de faltar um dia de aula para ficar rodeado daquelas histórias que tanto amava, nada de bom poderia ter acontecido.

"É mais um episódio depressivo?" perguntei já arrumando meu material para sair daquele colégio.

[...]

Larguei a bicicleta de Scott - que peguei emprestado para chegar mais rápido na casa de Stiles - no quintal dos Stilinski, logo me apressando até a porta.

Apertei a campainha repetidas vezes até perceber que ninguém atenderia, então levantei o tapete localizado na entrada da casa para pegar a chave que liberaria a minha entrada, abrindo a porta com cuidado e logo subindo.

Abri a porta de seu quarto cuidadosamente, me preparando para o que poderia acabar encontrando.

Observei Stiles deitado em sua cama, com os braços por cima do edredom que o cobria e os olhos fixos em algum ponto do teto. Ele não parecia estar dormindo e muito menos tranquilo, devia estar em um estado de transe, pensando em sua vida.

"Oi, seu pai disse que você estaria aqui" falei e vi baixo quando o moreno se revirou na cama e soltou alguns grunhidos, provavelmente por causa da luz entrando pela janela que eu acabara de abrir "Não precisa se preocupar em levantar, só é bom sentir um pouco do Sol"

Sai de perto da janela e me direcionem para o outro lado do quarto, passando a ponta dos dedos pelas memórias presas em seu quadro - fotos com seu pai, Scott, comigo e com nossos outros amigos, além de algumas em que ele ainda era bem pequeno, com sua mãe.

Me lembrei da primeira vez em que fui visitá-lo e o encontrei naquela situação, fiz a mesma coisa que naquele dia. Desde então, tinha o costume de passar por suas coisas para fazê-lo falar.

"Lembra desse dia? Lembro de quando você mandou uma carta falando dessa nota" comentei com uma risada, tirando uma tachinha do lugar para pegar uma das únicas provas em que Stiles tirara nota máxima "Você me contou que só foi bem porque tinham que fazer um texto qualquer, então você começou a falar sobre o Batman"

Pude jurar que vi um meio sorriso surgir no rosto do Stilinski, mas se o mesmo o fez, parou em um instante, logo soltando um longo suspirou e voltando para a sua posição original na cama.

"Obrigado" Stiles praticamente sussurrou, me fazendo sentar na ponta da cama em que estava "Por estar aqui"

"Eu sempre estarei aqui, S. Até você melhorar, por que nós somos namorados e eu te amo"

"Isso já aconteceu varias vezes antes, não vai mudar. Eu não vou conseguir mudar" o moreno soltou, fechando os olhos.

Dei um longo suspiro. Apesar de estar me acostumando com os episódios do garoto, era inevitável ficar triste com toda aquela situação.

"Preciso te contar uma coisa" comentei, atraindo o olhar do mais velho "Eu sei que isso não vai te ajudar a melhorar, mas você precisa saber"

O Stilinski me olhou, sem dizer nada, mas eu sabia que o garoto estava atento, então respirei fundo e voltei a falar.

"Lembra quando nós éramos mais novos, que eu te contava sobre o meu pai? Então, com uns 9 anos ele simplesmente abandonou a nossa família. A minha mãe ficou realmente mal, ela não parava em casa direito por alguns meses, aí tive que passar esse tempo morando com a Allison" parei para respirar por um momento "Depois de um tempo, minha mãe voltou para casa, porém ela estava bêbada quase que o tempo todo. Era quase impossível de se morar com ela, mas era a minha mãe e ela estava se sentindo sozinha, o que mais eu poderia fazer além de ficar ao seu lado? Isso durou até meus 16 anos, quando ela chegou sóbria em casa um dia e decidiu que se juntaria ao Alcoólatras Anônimos. A partir daquele dia eu passeia morar com a Alli"

Terminei de contar e fomos envolvidos por um silêncio até que constrangedor. Não esperava alguma reação de Stiles, então apenas o olhei.

E foi um bom ato, pois quando o fiz, pude perceber o moreno soltando um sorriso mínimo, que me fez ficar confusa.

"Por todo esse tempo, pensei que você fosse perfeita, agora posso ver que não é bem assim" o Stilinski explicou, me fazendo acompanhar seu sorriso do momento.

Logo voltamos ao silêncio de antes, porém agora era mais confortável ao seu lado.

Tomei coragem e me levantei, logo pedindo para que o garoto se afastasse um pouco na cama, assim que o fez em silêncio, acabei me deitando ao seu lado e apoiando minha cabeça em seu ombro.

Puxei sua mão para poder segurá-la, entrelaçando nossos dedos.

Naquele momento eu apenas me lembrei de uma coisa que estava na minha cabeça à muito tempo.

Vale a pena lutar por nós.