capítulo 3: A Festa

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— Alice, acorda! — falou Agatha sentada na cama de Alice balançando ela pra despertá-la do seu sono.

— An... oi, tudo bem, o que foi? — acordou Alice esfregando os olhos e bocejando.

— Vem Lice... vamos se arrumar — falou Agatha tirando a sua coberta.

— Eu não quero ir! Me deixa dormir! — reclamou Alice puxando de volta a sua coberta e se cobrindo novamente.

— Vamos Alice. Se você não se despedir deles, vai se arrepender amargamente depois — aconselhou Agatha num tom mais carinhoso possível sem a intenção de ofendê-la.

— Ma-mas... eu não quero acreditar que é verdade — falou já com lágrimas nos olhos.

— Eu sei Lice. Eu tô aqui. Vamos superar isso juntas! Sua dor é minha dor, até porque eles eram os meus tios. Vou permanecer sempre ao seu lado, cuidar de você e jamais te abandonar! — Agatha tentando motivar ela com suas palavras, logo em seguida, deu um abraço apertado nela.

Mesmo com o peso da dor, Alice recolheu suas forças, levantou da cama, lavou seu rosto e pela primeira vez não se arrumou, ia do jeito em que estava. Quando desceu encontrou Agatha e Douglas já prontos para sair:

— Você tá legal cara? — Perguntou Douglas com um olhar meio estranho ao ver a situação da garota "patricinha".

— Olha pra mim e veja se eu pareço com uma pessoa que está bem?!

— Vocês dois, por favor! Hoje não! Só hoje!...— implorou Agatha com as mãos na cabeça.

— Vou ligar o carro e esperar vocês duas lá fora— e saiu Douglas rapidamente pra não ter que discutir e nem aturar a ignorância da Alice nesse momento.

— Desculpa Gata. Eu não quis ser grossa, é que...

— Mona... deixa isso pra lá. Esquece. Temos outra coisa mais importante agora pra focar.

E saíram eles de casa e entraram no carro indo em direção ao enterro, chegando lá, Alice se recusava entrar, e logo quando estavam em frente ao portão do cemitério, as lágrimas começaram a brotar. Olhar aquela cena foi demais, um do lado do outro, lá estavam seus pais. Chegando mais perto, ela pôde ver que a vida não estava mais em em seus rostos, mas sim um descanso pairaiva sobre eles.

Caindo no chão de joelhos,começou a se lamentar profundamente,com dificuldade de acreditar o que estava diante dos seus olhos, não querendo ver que aquilo era real,só uma ilusão, um pesadelo... alguém que lhe falasse "relaxa Lice, isso tudo é brincadeira" como uma pegadinha que passa várias vezes na televisão. Mas não. Ela está vivenciando tudo isso de perto. É cruel. É doloroso. Essa é sua terrível realidade,é preciso aceitar e se tornar uma pessoa mais forte,mais madura e pé no chão.

Alice começou a se jogar cima do caixão dos seus pais,implorando e gritando para a mãe e o pai acordarem, para levantarem e abrirem os olhos. Então, uma das suas tias que estava presente no enterro, b
tentou tirá-la de cima do caixão, mas ela soltou o braço com violência e olhou furiosamente nos olhos da tia e gritou:

— ME LARGA AGORA!!!

— Calma Alice! Você está fora de si...

— CALMA?!? Você tá me pedindo pra ter CALMA?!? — Alice se irritou mais ainda — Aonde você estava quando fiquei no hospital internada?!? Aonde você estava quando a minha mãe precisou de você nos maiores momentos de dificuldade na vida dela?!? Em?!? Me diga!!! Ah... já sei!... Estava cuidando da sua própria vida e olhando pro seu próprio umbigo sem se importar com ela!Por que está aqui,em??? Continue nos ignorando e nos tratando com indiferença, fazendo isso que você e o restante da família que estão aqui presente como sempre fizeram... porque agora quem não precisa de vocês sou eu!

Um sonho com os mortos Onde histórias criam vida. Descubra agora