capítulo 14- vovó

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            Agatha Narrando

Depois do enterro do Ytalo,voltei para casa.Catarina não estava afim de papo e me doía demais vê-la dequele jeito...sei que não é fácil.Eu não conseguiria me imaginar sem o meu amor,então a entendo perfeitamente.
Resolvi ir então até a casa da minha avó para nos distraírmos um pouco.Alice e eu não a víamos a um bom tempo.Depois da morte dos meus tios,não tive mais contato com a vovó e Alice no começo não estava querendo ir lá de jeito nenhum:
-Temos que ir mesmo?!...Não se tem nem clima para isso-comentou Alice desanimada atendo a porta do carro enquanto entrava.
-Temos que ir sim senhora!Não dá para viver de luto o tempo todo Alice.Vovó também perdeu alguém ou você só pensa em você?!...
-Gente.Também não podemos ficar presos dentro de casa com medo.Eu não vou dar esse gostinho pra ele- diz Douglas confiante intervindo entre as duas...
-Você é o primeiro que se cagaria todo Douglas!Nem venha bancar o corajoso aqui...
-Para de implicar comigo o tempo todo Alice!Da um tempo também,você é irritante!...
-Escuta aqui!...
-VAI COMEÇAR ESSA DISCUSSÃO DE MERDA É ISSO MESMO?!-interferiu Agatha gritando no meio dos dois.-Vamos logo Douglas!Acerela essa lata velha!E Alice,vê se para de querer contender com Douglas toda vez!Que saco!...
Depois de um tempo de viagem,Alice questiona curiosa:
-Por que você resolveu ir ver a nossa avó logo agora?
-Não sei...só quero sair de casa um pouco.Com toda essa história do Ytalo,o clima fica cada vez mais pesado,e também,é sempre bom ir ver a vó como ela tá.Ela sofreu muito também com a perda da tia.-
-Você acha que se a gente sair vai fazer o Abadom parar de nos assombrar?!...disse Alice ironicamente.
-Não,não irá!Mas o poder do Abadom nas nossas vidas é do tamanho da importância que damos a ele.Não vamos deixar esse demônio dominar nossas vidas né... -disse Douglas reflexivo.
-Nem sabia que nessa sua cabeça tinha o cérebro para falar frase com tamanha razão...Deve ser que acabou de morrer seu único neurônio que presta,estamos em luto!...-zombou Alice com um sorriso sarcástico.
-Vamos mudar de assunto.Já estamos quase perto da casa da nossa avó,não quero que ela saiba dessas coisas... -disse Agatha curta e grossa.
Então se permaneceu o silêncio no carro.Eu só queria esquecer do que estava acontecendo,mas ainda não tirei da cabeça o sonho que tive com a minha tia.O que será que ela quis dizer com " Você deve devolver antes que seja tarde demais!...não cometa o mesmo erro que eu e seu tio quando tínhamos a sua idade".Se aconteceu algo com a minha tia,ninguém melhor do que a minha vó para saber.Preciso tirar essa dúvida da minha cabeça.
Logo chegamos na minha vó,chegando a entrada da casa,antes mesmo de tocar a campanhia,me veio um sentimento de segurança...o meu coração se explodia de alegria só de pensar em ver minha vó,algo que eu não sentia fazia tempo.Tocamos a campanhia e ela veio logo atender,ao abrir a porta o cheiro doce de fragrância enundou meu ser...ali eu tive a certeza que não tem lugar melhor no mundo.Minha vó abre um sorriso e nos convida a entrar...
-Vovó, como a senhora está? - A cumprimentei lhe dando um abraço apertado.
-Estou bem meu amor...que saudade de vocês minhas netinhas queridas. -disse a vovó retribuindo o abraço mais apertado ainda.
-Vó,quanto tempo não a vejo... -falou Alice interrompendo o abraço
-Vem cá meu docinho,como tá esse frágil coração?!...-Vovó como sempre,se preocupando com o bem-estar dos que amam em primeiro lugar...com emoção ao abraçá-la a neta
Vê minha avó e a Alice se abraçando,me emocionou muito.Mostra como é o valor da família de verdade.
-Vó,esse é o Douglas.Douglas,essa é a Vó -eu disse em seguida logo após o momento de comoção.
-Prazer,é...vó?!- disse Douglas todo sem graça e com o seu jeito bobo estendendo a mão.
-É Marta,meu querido!-Sorriu ela pela reação de Douglas ao cumprimentá-lo.-Vamos entrar meus queridos,fiquem a vontade,a casa é de vocês!
Enquanto entrávamos,eu observava cada detalhe da casa:um leque de lembranças da nossa infância aqui se passou na minha cabeça...fui interrompida quando chegamos a sala e a Alice dizia algo estúpido:
-Vó,a senhora sabe de algo macabro que meus pais tenham feito quando eram mais novos?-perguntou Alice diretamente com a voz embargada.
-Meu docinho,seus pais se conhecem desde pequenos,fizeram muitas besteiras e bobagens juntos. Não posso afirmar que uma delas era macabras,porém,quem sabe, vocês jovens fazem muitas coisas que não devem ...- disse ela se sentando.
-Aah vó...alguma aventura sei lá,tipo jogo como de tabuleiro ou algo como cemitério...- falei me sentando ao lado dela.
-Já vi que​ vocês querem saber de algo, porque não vão logo ao assunto...
-A gente brincou com um jogo no cemitério e deu merda...depois começamos a ter pesadelos e ver coisas e agora o nosso amigo está morto,pronto falei!- Douglas abriu sua boca rápido e nervoso.
-Douglas!Não era para falar!Era só pra perguntar se ela se lembrava de algo que​ meus tios tenham feito idiota!...
Minha avó nos olhava com os olhos arregalados e pergunta:
-Aah meus queridos,como é que vocês estão?Querem um suco ou um bolo?Sei como é difícil perder um amigo querido...
-Não vó,obrigada.-falou alice rápido- a senhora não sabe de nada mesmo!
-Só vou fazer uma pergunta,vocês tem um nome?
- Como assim um nome?-perguntou Douglas confuso
- Pior que sim vovó...Abadom!-confessei.
-Como eu temia!Vou contar uma história pra vocês meus amores...
-Ja estou sentindo uma energia negativa aqui,tá me dando calafrios-se arrepiou Douglas.
-Há muito tempo,o cemitério era um lugar considerado sagrado e temido por todos,ainda é,mas antes,as pessoas tinham mais respeito.Hoje em dia,vários jovens imprudentes e sem senso brincam nesse lugar como se fosse um entretenimento e parque de diversões,desrespeitando assim o descanso dos mortos.Quão idiotas esses jovens de hoje em dia são...da pra acreditarem nisso?!
-Concordamos totalmente com a senhora!-todos declararam em uníssono e olharam um pro outro.
-Bom,todos sabem que o cemitério tem um protetor que preserva as almas e não deixa elas escaparem.Ele tem um forte senso de responsabilidade e exerce perfeitamente seu papel no mundo dos mortos.O nome desse guardião chama-se ABADOM.Ele não age contra os seus princípios e nem é tão "terrível" assim como as lendas falam...ele só fará algo ruim contra você se você quebrar e desrespeitar como aquilo que ele mesmo afirma e criou de "código de lei" do seu reino.A regra é clara e simples:Não rouba nada de algo que lhe pertence ou o que pertença dos seus protegidos.
-Aah,tô ligado!Por isso que ele sempre dizia isso nas suas aparições nos nossos sonhos pra assustar a gente!
-Agora prestem muita atenção nessa história Alice...um grupo de jovens cheios de vigor,adrenalina,bastante aventureiros e que não tinham medo de nada,nem de pisar em solo sagrado,resolveram ir no cemitério...chegando lá,viram um buquê de flores muito lindo e cheiroso,e decidiram pegar nesse buquê.No momento em que eles só tocaram no buquê,sem nenhuma explicação,todos os três sentiram fraqueza por cinco segundos e morreram um por um.
Um deles antes de morrer havia pisado e destruído o buquê.O casal de jovens que estava lá presente também com eles,usando uma ferramenta pra não tocaram no buquê,devolveram ele de volta no seu lugar de origem.Mas não adiantou...Abadom não gostou nada do que viu,vendo as flores no estado que estavam.Então,anos mais tarde,Abadom decidiu se vingar do casal também porque tiveram uma certa participação na destruição das flores.É bom lembrar que Abadom enxergava a vingança como uma forma definitiva e absoluta da "verdadeira justiça" segundo sua concepção.Ele não se esquece jamais dos seus deveres que precisa cumprí-los,ainda que isso resulte em morte.Foi isso que ele fez...ele matou o casal no momento em que eles menos esperaram depois de vários anos depois.Foi repentina e de surpresa...
-Agora fiquei muito confuso...por que só agora,depois de anos,aquele demônio resolveu perseguir o casal que tinha devolvido o buquê?-perguntou Douglas aflito com a história.
-Ela tinha acabado de falar Douglas!Você é tão burro assim por não ter prestado atenção na história direito meu?!…-alterou a voz Agatha já sem paciência.
-Calma minha neta,não precisa se estressar tanto assim e nem ofender seu namorado desse jeito,é confuso mesmo!Eu repito pra você novamente Douglinhas...
-Douglinhas?!Fala sério!...-interrompeu Alice sua vó.
-Porque o Abadom,além de governar aquela região e executar suas tarefas com precisão,é organizado e meticuloso:ele gosta das coisas em ordem e com perfeição,não admite que nada daquele cemitério esteja fora do seu devido e muito menos destruído,até mesmo uma simples flor.Por isso ele guardou ódio do casal e perseguiu os dois até o fim sem nenhuma piedade ou indulgência.Jamais o casal podia pagar os seus "pecados" perante Abadom.Nenhum sacrifício ou mérito deles podiam concertar e apagar esse "erro".
-E-esse ca-casal eram os meus pa-pais...-gaguejou Alice com lágrimas nos olhos
-Infelizemente sim minha querida...-lamentou Marta caminhando em direção a Alice para abraçá-la.-Isso serviu de lição para as próximas gerações para jamais elas brincarem com coisas sagradas,ainda que pareçam fúteis e sem sentido.
-E o que a senhora acha que nós devemos fazer agora?-perguntou Agatha.
-Eu não sei minha querida,juro.Quantas vezes já avisei a sua tia para não brincar com esse tipo de coisa,mas ela não me ouviu porque era cabeça dura,teimosa igual a mula.Vocês precisam descobrir o mais rápido possível do porquê essa entidade está atrás de vocês.
Depois da conversa que tivemos com a vovó e ter passado algumas horas lá,voltamos para casa pois estávamos muito cansados e ansiosos com aquilo tudo.Que grande revelação misteriosa que não sabíamos antes...Fomos então falar com o restante do pessoal sobre isso.




Fomos então falar com o restante do pessoal sobre isso

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Marta

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