Eu Fui A Melhor Amiga De Jane Austen

Sábado, 9 de abril de 1791

A diligência do correio está marcada para chegar às dez esta manhã. Gostaria de não ter que ir encontrar-me com Augusta e Edward-John, mas a sra. Austen é insistente comigo. Ela diz que Cassandra e Charles devem ir também, bem como Jane, é claro. O sr. Austen e Henry pegaram a carruagem mais cedo para visitar James em Oxford; Frank foi se juntar a um grupo de caça na residência dos Portals.

- Mostraremos a eles que você tem uma família aqui, e que essa família a valoriza - diz ela, beliscando minhas bochechas para ficarem rosadas. Depois me pede para ir lá para cima trocar meu vestido de algodão e colocar o meu melhor vestido de musselina azul.

- Acompanhe-a e penteie o cabelo dela, Cassandra - ela ordena. - Faça do jeito que fez para o baile, preso apenas no topo da cabeça com alguns cachos soltos no pescoço. Achei que ficou muito adulta com aquele penteado. Internato, sem dúvida... é o que veremos!

Sinto meus pés pesados ao sairmos e, pela primeira vez, a sra. Austen não está enxotando todos para apressá-los.

- Dez horas - ela diz olhando para o relógio enquanto passamos pelo vilarejo. - Vamos nos atrasar muito.

- Ah, querida - diz Cassandra mostrando preocupação, mas a sra. Austen apenas sorri satisfeita.

- Eles se convidaram, deixe que esperem nossa conveniência. - Parece satisfeita consigo mesma.

Ao chegarmos a pousada Deane Gate, não há sinal da diligência, nenhum tumulto por perto, trocas de cavalos, nem pilhas de bagagens no chão - apenas a esposa do dono da pousada olhando ansiosa a estrada.

- Ah, sra. Austen, madame, estou tão preocupada; não sei o que fazer - comenta. Ela olha para minha tia. Todos na vizinhança confiam nela para lhes dizer o que fazer, e agora a esposa do dono da pousada volta para o portão e se junta a nós. - A diligência está atrasada, senhora. Temo que tenha havido um acidente. A senhora acha que eu deveria mandar um homem até lá para procurá-los? O problema é que meu marido não voltou de Basingstoke.

- Vamos caminhar pela estrada para ver se ela está chegando. - Como sempre, a sra. Austen toma uma decisão imediata. - Eles podem nos trazer de volta se os encontrarmos. - Está de bom humor, saboreando a possibilidade de uma batalha pela frente, mas estou preocupada. Sei como Augusta é. Sempre tenho a sensação de que ela me odeia. Sei que ressente por minha mãe ter deixado cinquenta libras para me dar como dote quando eu me casar ou atingir a idade de vinte e um anos - o que acontecer primeiro.

A sra. Austen olha para mim algumas vezes, mas não diz nada. Cassandra está calada porque Tom Fowle foi passar o fim de semana em casa, Charles está olhando para o riacho que corre paralelo a estrada para ver se há muitos peixes nele, e Jane, presumo, julgando por suas bochechas vivas e olhos cintilantes, está inventando uma história na qual Augusta será derrotada por um artifício esplendidamente estranho - ontem à noite estava sugerindo coisas como armadilhas de aço espalhadas por toda Steventon!

E estamos em silêncio quando chegamos na curva. Há árvores de álamos pertencentes às terras da família Ashe dos dois lados da estrada, transformando-a quase em um túnel verde, mas o sol brilha através do túnel e podemos ver claramente a cena adiante.

A diligência está ali na nossa frente. Não está virada ou nada parecido. Os quatro cavalos ainda estão presos nela. No entanto, as portas estão totalmente abertas e os seis passageiros, inclusive Edward-John e Augusta, estão na estrada. Suas bagagens firam retiradas da diligência. Um assaltante mascarado está saqueando as bolsas e baús enquanto o outro mantém duas pistolas apontadas para o grupo reunido, inclusive com o cocheiro e o guarda.

Os assaltantes de estrada não nos viram. O sol da manhã brilhará diretamente nos olhos deles se olharem para nós, mas toda a sua atenção está voltada para os prisioneiros. A sra. Austen coloca o dedo nos lábios e avança para tocar Charles no ombro. Ela acena com urgência e todos nós atravessamos com cautela a vala e entramos na floresta. Ninguém faz um ruído sequer, e logo depois passamos vagarosamente entre as árvores fazendo o caminho de volta.