3. Carona

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- Vamos, Carina! Por favor!

Ana ainda insistia enquanto eu arrumava meu cabelo depois do treino.

- Falta na aula só hoje! - Gabi, sua amiga, ajudava.

- Eu não vou beber.

Más companhias, era isso o que eu havia conseguido.

- Ah, claro! - Gabi debochou. - Vai fazer um favor para nós.

Continuei a me trocar na frente delas, vestindo a roupa que havia trazido para o pós-treino. Fingi não perceber o olhar fixo de Ana recostada na pia enquanto Gabi digitava fervorosamente no celular.

- Duvido que você não vai beber. - Ana disse quase em um sussurro e eu a olhei para ter certeza de que estava falando comigo.

- Pode duvidar. O que eu tenho a ver com isso? - Dei de ombros. - Cadê a porra do meu celular? - Tateei os bolsos. - Sempre perco essa bosta.

- Tá aqui. - Ana abriu um dos bolsos da mochila e tirou meu celular de lá. - Você acabou de guardar. - Ela riu, balançando a cabeça em negação e andando até a saída do vestiário.

Gabi veio saltitante e me abraçou, me assustando com tanto contato físico.

- Gabi, não seja você, por favor. A Carina ainda é nossa amiga recentemente. - Ana pediu à amiga.

- Já era, filha. Não quero mais ser amiga de vocês. - Provoquei.

- Não! - Gabi me abraçou, quase me derrubando da escada.

- Oh, sua filha da puta! - Xinguei, fazendo-as rir.

- Me perdoa. Juro que não fico perto de você. - Gabi prometeu.

- Ótimo. Fica bem longe, sua gralha.

Fomos até o bar entre brincadeiras. Ana parecia um tanto distante, mas sempre rindo das palhaçadas de Gabi.

Ana sumiu para o bar enquanto nos ajeitávamos na mesa e logo voltou com um litrão e copos para todas, sentando na minha diagonal direita.

- Começaram as minhas músicas! Ninguém me segura! - Gabi se levantou, indo dançar mesmo que ninguém estivesse fazendo.

Olhei para a garota, sorrindo com a sua felicidade contagiante quando a mão de Ana na minha perna chamou a atenção.

- Achei que você não ia beber. - A garota tinha uma sobrancelha arqueada e eu quase perdi o fôlego lembrando do meu sonho.

- E eu não vou. - Dei de ombros.

- E o que esse copo tá fazendo cheio? - Com com sorriso de lado, Ana apontou com o olhar o copo que eu havia enchido para mim.

- Não sei. Vai que me dá sede. - Tinha uma expressão cínica no rosto, vendo minha amiga rir com a resposta.

- Claro.

Ana se recostou na cadeira e começou a morder seu copo, deixando-o cheia de marcas de mordida, enquanto intercalava entre beber do líquido amarelado de dentro.

Uma batida conhecida soou e eu pude ver Ana se levantar enquanto a amiga a chamava. Algumas pessoas dançavam junto às duas amigas, mas elas estavam mais interessadas em tocar uma a outra.

Eu sabia que elas já haviam ficado, Ana tinha me contado, mas conseguiam separar com perfeição a amizade do romance. Fiquei jogada na cadeira de madeira dobrável enquanto via as amigas imersas no jogo de sedução.

Enquanto Gabi passava as mãos no corpo de Ana descendo e subindo no processo, a outra se ocupava em rebolar, passar as mãos pelo cabelo e fechar os olhos, sentindo a música.

Aceita-me [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora