2. Banheiro

860 49 19
                                    

Minha casa estava uma bagunça e faltava muito a se fazer nela, mas até que eu conseguisse algo para comer, qualquer outra coisa de casa ficaria para trás.

Terminei de me arrumar pra faculdade e nem olhei para a bagunça quando fechei a porta. Me dirigi até a garagem e montei na minha moto, pilotando até o "inferno". Eu ia me atrasar para o treino antes da aula, mas era tudo culpa da Ana.

Sim, a Ana! Ela me respondeu no fim da tarde de ontem e desde então eu só consegui me atrasar para absolutamente tudo na minha vida. Conversamos sobre as nossas vidas para tentarmos nos conhecer melhor.

A conversa com ela era boa, envolvente e me fazia rir. Mas mesmo com toda a distração que causava, não saía da minha cabeça o jeito como ela fez aquela pergunta. Quem tinha atitude o suficiente para fazer aquilo? Acho que ninguém que eu conheça.

Eu havia dito à ela que não adicionava qualquer um e ela logo emendou:

"Mas eu não sou qualquer uma. E eu te adicionei por um motivo: quero te beijar."

Quero te beijar.

Beijar.

Eram essas exatas palavras que rondavam a minha cabeça do meu acordar até o dormir, que me atormentavam durante o meu sono.

Essa garota era louca e estava me deixando maluca!

Eu disse que não beijava garotas, que era hétero e deixei às claras que ela nunca conseguiria algo comigo. Não tinha "mas, porém, contudo, entretanto".

Deixei minha moto no estacionamento e cumprimentei o pessoal que já conhecia dali, correndo até a quadra onde já havia começado o treino das garotas. Felizmente, eu já estava equipada por baixo do jeans então foi só tirar ali mesmo na quadra e esperar a minha vez de entrar na quadra.

Eu estava focada no jogo, completamente imersa e finalmente com um momento de paz, sem pensar nas minhas conversas com a Ana. A garota era uma boa amiga e eu com certeza havia arrumado alguém para a vida toda.

No sentido da amizade, não de me casar e passar a vida junto. Não, isso nunca. A minha família me mataria.


Ana Torres

- Essa batata frita vai me matar. - Gabriela andava reclamando na frente. - Olha, parece que eu tô grávida. - Continuou, passando a mão na barriga e me fazendo rir. - Deixa eu ver a sua. - Parou e passou a mão na minha barriga como sempre adorava fazer.

- Nem brinca com isso, tive duzentas gravidez psicológica só esse ano. - Bati na sua mão e a vi se afastar na frente.

- E me causou duzentos infartos também. - Murmurou na frente.

- Eu ouvi!

- Era pra ouvir mesmo, neném. - Mandou um beijo e piscou, abrindo a porta para entrar no banheiro. - Esses macho vão me matar de tanta mensagem. Olha esse aqui, namorando e atrás de mim! Bando de cachorro.

- Nossa, ela é a rainha dos contatinhos! - Ri e me fechei em uma das cabines.

- Sou mesmo, ainda bem que você sabe.

Revirei os olhos e saí do banheiro, arrumando minha calça depois de terminar.

- Vamos, senão a gente vai se atrasar. - Gabi foi na frente mais uma vez e eu a segui.

Assim que abriu a porta e saiu, deixou meio aberta para que eu pudesse passar. No entanto, quando a sua mão a soltou, eu preparei para a porta me acertar em cheio, mas uma mão a segurou.

Olhei primeiro para sua mão e então segui por seu braço até encontrar quem estava ali. Meu coração saltou dentro do peito e eu senti minhas pernas fraquejarem.

Aceita-me [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora