Capítulo 3-Memórias

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-Sendo assim a menina "Calissa" -disse ele enfatizado o meu nome. -Está livre de um castigo mas, mais uma dessas e vai para a diretoria.

Dessa vez me concentrei. É que eu tenho uma bolsa para andar aqui, e se a perco a minha mãe tem um ataque. Meu pai me fez prometer que iria cuidar de minha mãe e irmã, tenho que me formar para dar uma vida boa ás duas.

Finalmente o sino toca saio um pouco apressada pois não queria que ninguém falasse comigo principalmente o Tyler, estava um pouco envergonhada.

Senti alguém puxar o meu braço.

-Onde vai com tanta pressa, garota?

-Vou...vou...sentar...comer...relva-não sei como esse garoto me deixa tão nervosa.

-Está nervosa porquê? Não vou morder você-diz em tom de risada e malícia.

-Eu estou indo- saio sem lhe dar tempo de dizer alguma coisa.

Olho para trás e vejo ele ainda ali parado, vou-me sentar na entrada da escola que tem um relvado, tiro o meu lanche da bolsa. Um sanduíche bem pobre com manteiga. Estava observando um céu e senti-me a viajar para o meu país onde eu era feliz. Vejo o meu pai a rir e eu a brincar com outras crianças. Vejo ele chegando na nossa casa e me abraçando, aquele abraço que me fazia sempre sentir segura.

De repente o sol começou a desaparecer e o céu acabou por ficar cinzento, ver aquele céu me trouxe antigas memórias de que eu não queria lembrar
Como a vez em que a minha aldeia estava a ser queimada. Lembrar disso me fez deitar uma lágrima.

                                   -

No mesmo dia, á tarde
Depois de almoçar, como hoje não tinha aulas decidi ir passear um pouco pelas ruas da minha cidade.
É muito estranho chamar ela de "minha cidade"
Eu não a considero "minha" muito menos como "casa".

A minha verdadeira casa sempre será junto do meu pai, junto do resto da minha família que tive de deixar para trás. A chuva já havia parado mas o tempo ainda estava nublado, o que condizia muito com o meu humor naquele momento. Eu tentava não pensar nessas coisas, nem no meu pai.

Mas era difícil.

E no colegial isso se tornava mais fácil, pois tinha sempre algo com que eu me podia distrair. Aulas, professores babacas, aquele rapaz...
Mas quando essas distrações desapareciam e eu tinha um pouco de tempo para pensar eu percebia o quanto tudo estava ruim, o quanto tudo podia ter sido melhor se o meu pai estivesse aqui, o quanto tudo poderia ter sido mais fácil se eu não o deixasse lá, se eu pudesse voltar o tempo, eu nunca deixaria aquela casa.

-Sai da frente maluca!- Me assustei com a busina do carro, olhei a volta e estava no meio da estrada, quase fui atropelada.

-Meu deus! O que eu faço aqui?-corri o mais rápido possível, me dei conta de que já estava escuro e não sei por quanto tempo corri, andei e chorei.

Já estava de noite e eu não fazia a mínima ideia de onde estava. As luzes dos faróis dos carros me encadeavam, sem eles não conseguiria ver nada da rua. Pessoas desconhecidas passavam por mim falando um inglês muito carregado, tentei encontrar alguma placa que me indicasse onde é que eu estava, mas a placa que encontro é de metal e está toda enferrujada, sendo que eu só conseguia ver o início das palavras. "Sot..." não conseguia ver mais. Não sabia o que fazer.
Fiquei parada a olhar para a placa desejando que a ferrugem desaparece-se por magia, mas nada acontece.

De repente o meu bolso começou a tocar uma música bem alta, dei um salto.

Meu bolso não deveria estar tocando música, o que está acontecendo? Daí entendi que era o meu celular.
Tirei o celular do bolso e olhei para o visor que brilhava com a palavra "Mãe".

Estaquei e senti uma grande sensação de alívio, finalmente ia sair daquele sítio estranho.

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Espero que estejam gostando, o próximo capítulo será publicado em dois dias.

O que será que vai acontecer com Calissa?

CalissaOnde histórias criam vida. Descubra agora