Capítulo 14

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Liara

Os dias se passaram, e tudo parecia tomar seu rumo. O Benjamin havia conquistados seu primeiro "A" na matéria que vinha tendo dificuldade. E eu observando um dia os dois estudarem, cheguei a conclusão que o problema não estava nele, e sim na forma em que nós estávamos explicando para ele.

A Manu usava o dia-a-dia que eles viviam, para estudarem português, história, ciências e política. Eles falam do jogo de futebol, sobre os grupos de amizades formados na escola que virava exemplos e grupos políticos e históricos e assim ele foi melhorando até o dia em que cheguei do trabalho e o encontrei em casa todo feliz.

- O que houve? Assustei-me com seu telefone dizendo sobre sair mais cedo.

- É porque a partir de hoje estou oficialmente de férias.

- Uma semana mais cedo?

- Isso. Junto com mais oito alunos da minha sala. E alunos claro, os alunos das outras salas. Quem não alcança média fica mais duas semanas, que é o que sempre acontecia comigo.

Eu podia sentir a alegria do meu filho de longe.

- E a Valentina?

- Ainda não chegou. O calendário escolar dela é diferente.

É verdade. Ela havia dito ontem que como conseguiu a média entraria de férias uma semana antes com os que haviam conseguido, isso quer dizer que ainda seria na sexta feira, e os que não seguiam para a semana da frente que antecedia a semana do natal.

Com o fim do ano se aproximando também vinham os dutos natalinos e as demais pendencias que haviam acontecido em nossas vidas.

O Cairon e a Valentina ainda não haviam totalmente voltado ao que eram antes, mas já conversam mais. Estavam mais próximos novamente. Minha esperança é que agora com a proximidade do Natal eles deixassem o espirito natalino terminar de fazer o que é necessário para que a cura acontecesse em seus corações.

Sobre o Élcio. Durante o resto dos meses desde nossa conversa, evitamos contato com ele. E ele conosco. Levamos nosso trabalho de boa assim como ele trabalhou sem cruzar o caminho do Cairon. Ao contrário parecia até fugir de nós. A Não ser por uma ou duas vezes em dois julgamentos em que estavamos presentes, e peguei-o olhando para mim, mesmo não estando a trabalho. Mas assim que notava que eu o observava desviava o olhar. Achei por prudência não comentar nada ao Cairon para manter a "ordem no tribunal e em minha vida particular." O Cairon não tinha ideia de que o homem chegara a pensar que eu poderia ser feliz ao seu lado.

Por fim, veio as festas de fim de ano e a maioria dos estabelecimentos públicos estavam de recesso. Não viajaríamos porque toda família estaria por aqui, mas no começo do ano passearíamos com as crianças, ao menos um fim de semana.

- No que está pensando? - Sentei-me em seu colo.

- No suplicio que é as tais compras de fim de ano. - Ele estava nos esperando para irmos às compras. Realmente era bem complicado. Eu gostava de comprar presentes para meus filhos, para ele, meus sogros, mandava sempre uma lembrança para meus primos, principalmente depois que minha tia veio a falecer e que eu deixei de visitá-los. E os enfeites de casa eu nunca deixava de lado. Sem falar nas pessoas que trabalhavam conosco que sempre precisavam ser lembrados com carinho.

- Por que não tenta se divertir enquanto vamos às compras?

- Eu tento. Mas nas lojas de livros não me deixam ler como deixam vocês experimentarem roupas. Se deixassem me poupariam de comprar vários livros ruins.

- Pronto mãe! - A Valentina chegou à porta. Ficamos de pé e seguimos para a saída de casa. O Benjamin nos aguardava.

Passeamos por longas horas e depois de visitar várias lojas estávamos com as mãos cheias de pacotes, menos o Cairon que não trazia muita coisa. Uns poucos embrulhos.

O vi conversando com o Endrigo, um advogado amigo de longa data. E como estávamos acompanhados pelo Murilo e pela Késsia, os meninos caminhavam lado a lado, os nossos e os da Késsia.

A praça de alimentação foi um refúgio para um descanço aos pés e alimentar o corpo. Nesse momento avistamos o Heitor e a Josy, que pareciam animados para quem estavam rompidos há algum tempo.

- Então isso é uma reunião de amigos ou negócios? - O Cairon brincou com o Heitor que se levantou nos abraçando sendo seguido pela Josy.

- Acabei de perguntar ao Heitor como ele me faz uma graça dessa? Estar na cidade e não nos chamar nem mesmo para um café?

- Culpado. Vim somente comprar algumas lembranças e estou de partida. Só não podia deixar de vê-los e como tudo está fechado eu achei melhor vir direto ao shopping. Se é uma coisa que sei que é tradição, são essas compras. Jantamos animadamente, e na saída nos deparamos com o Élcio de mãos dadas com uma mulher. Ela era loira, de aproximadamente uns vinte nove anos e muito linda por sinal.

Ele só fez um gesto com a cabeça e passou a diante com várias sacolas nas mãos subindo as escadas rolantes rumo a lojas enquanto íamos buscar as crianças que haviam assistido a uma sessão de cinema nos dando um tempo entre adultos para o café.

Em casa, entrava no banho enquanto o Cairon ainda se dirigia para o escritório. Fui ao quarto do Benjamim e o beijei no rosto.

- Comprou tudo o que precisava?

- Sim.

- Não se esqueceu de ninguém?

- Não. - Ele me olhou com olhos que pareciam os olhos do pai. - Mãe... Eu, eu... Eu comprei uma... Comprei uma lembrança para a Manu. - Abaixou a cabeça.

- E eu ficaria muito triste se não tivesse comprado filho. Afinal ela ajudou muito você este ano, acho que a gratidão é um sentimento muito lindo. Principalmente nesta época do ano. Eu acredito que ela ficará muito feliz. O que comprou para ela filho, se é que posso saber?

- Veja, mãe... - Ele abriu a caixa e me mostrou uma tiara linda com uma flor dourada com uma pedra. - Foi meu pai que me ajudou a escolher. Estava surpresa, o Cairon sempre tão sensato ajudando o filho a escolher um presente para uma garota? Estaria pensando que seria só amizade ou seria um primeiro encantamento do filho?

- É linda filho! Eu particularmente amaria receber um presente assim. Tenho certeza que ela irá ficar mais linda do que é.

- Eu também.

- Então está afirmando que ela é linda!

- Ela é legal! Bom... - Coçou a cabeça sem jeito.

- Não é proibido dizer que a garota é bonita Benjamin. Ela é muito bonita mesmo e passando tanto tempo juntos não seria estranho que se...

- Que me apaixonasse por ela? Acha que posso estar apaixonado por ela? Ela é mais velha que eu. Ela vai completar quinze anos semana que vem. - Parecia desanimado.

- São só meses meu filho. Daqui dois meses vocês também farão. Viu como o tempo passa depressa? Outro dia comemorávamos os catorze anos de vocês e agora... Já farão quize. Se a Valentina tivesse esperado. - Passei a mão em sua cabeça.

- Está dizendo que quando eu fizer quinze anos poderei namorar com ela?

- Se a tia dela deixar meu amor.

- E amanhã poderia ir comigo até a casa dela entregar o presente?

- Claro. Aproveito para conversar com a tia dela, enquanto vocês conversam. Bom... Agora se quiser... Peço a tia que os deixem ir até alguma sorveteria perto, enquanto conversamos.

- Acha que ela deixaria?

- Se prometer se comportar?

- Eu prometo.

- Aí você entrega o presente.

Deixei-o no quarto e fui até o quarto da Valentina, mas antes mesmo de chegar a vi entrando no escritório do pai. Então passei direto e fui para meu quarto, esperar que eles conversassem.. Suas conversas estavam ficando mais constantes embora o pai ainda respondia com sim, não e talvez na maioria das vezes. Meu coração de mãe não se enganava... Tudo estava voltando ao seu lugar.

A Esposa do Juiz - RepostagemOnde histórias criam vida. Descubra agora