Prólogo

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Ar. Eu preciso de ar. Estou correndo o mais rápido que posso, não posso parar. Olho mais uma vez para trás, mesmo não vendo ninguém sinto que estou sendo perseguida.
Está muito escuro, a única coisa que vejo são pequenos pontos brilhando longe, muito longe. Apenas estou seguindo elas, que seja algum lugar longe daqui.

Meus pulmões estão ardendo preciso parar, mas não posso. Fugir de um maníaco não é um papel fácil, Douglas Alencar o cara que mais odeio nessa vida. Ele me tem como prisioneira a quase 2 anos, pelo meus cálculos. Claro que essa não é a primeira vez que tento fugir, mas todas foi em vão. Já essa noite é diferente, eu consegui atacar ele com a cadeira, batendo com toda minha frágil força que ando tendo ultimamente devido a minha má alimentação e tratamento.

Não sei exatamente onde estou, só sei que ele mudava muito. Durante essas mudanças ele me dopava e só acordava horas depois. Nem sei se ainda estamos no Brasil, ou até mesmo fora dele. Eu era de São Paulo, mora sozinha, tanto na cidade quanto em casa. Minha família é de Belo Horizonte, todos são de lá. Não sei se eles ainda estão me procurando. Douglas me dizia que eles tinham se esquecido de mim, e pararam de me procurar. Eu não acredito, papai e mamãe não iria fazer isso comigo, ou iria? Isso não importa agora, só quero estar bem longe daquele monstro.

Minha pernas não me obedecem mais, não consigo correr nem um centímetro a mais. Respirando com muita dificuldade, o ar que inalo entra queimando tudo. Diminio meu ritmo, mas não paro. Ando muito, estou tão cansada que não consigo nem calcular. As luzes, consegui chegar nelas. É um posto na beira de um viaduto. Vou para a parte de trás do posto,  onde parece ser uma lanchonete,não posso e nem quero chamar atenção. Finalmente acho algo pra sentar, tem duas cadeiras encostada na parede, ao sentar nela meu alívio é tão grande que suspiro alto.

- Tem alguém aí?-  ouço uma voz.

O que faço agora? Se for ele? Um amigo? Se essa pessoa não me entender e nem me ajudar? Meu Deus! Ouço passos se aproximando, encolho minhas pernas e escondo meu rosto, com medo de ser pega de volta e voltar para aquele inferno.

- Hey, você está bem? Está passando mal? - fala  tentando me tocar, mais eu desvio de seus toques. É uma mulher. Sinto medo, e um grande desespero me atinge. Preciso pedi ajuda.

- Me ajuda...- falo mim fio de voz.

- O que você disse?  Eu não ouvi? Porque você está aqui a essas horas sozinha? Me diga. - Fala balançando meu ombro de leve .

- Me ajuda por favor!- falo dessa vez olhando para ela. Branca, cabelos castanhos e olhos hipnotizantes. Ela é linda.

- Quem... é você? - fala franzido as sobrancelhas, com pura confusão.

- Só me tira daqui, por favor! Ele vai me pegar, ele vai me pegar!!- falo completamente desesperada.

- Pra onde você quer ir? Porque você está assim? Quem é ele?- pergunta tudo de uma vez.

- Me leva pra onde você quiser, só me tira daqui por favor.

- Você está me assustando. Qual seu nome? - pergunta ainda confusa, eu entendo ela, uma desconhecida pedindo sua ajuda no meio da noite, é muito estranho.

Ela com certeza é garçonete da lanchonete, pois está com uniforme azul claro e uma jaqueta de couro marrom.

- Se você não responder nem uma das minhas perguntas eu irei te deixar aí sozinha?-  diz com um tom de voz diferente, ela quer respostas. Mas não posso dar agora.

- Alice .

- Ok Alice, agora me diz de quem você está fugindo?- se abaixa na minha frente e olha em meus olhos e pergunta.

- Dele.- digo apenas, torcendo para ela parar de perguntar e me tirar daqui.

- Entendi, você não quer falar. Ok, eu vou te tirar daqui. Onde você mora? Ou alguém pra onde quer ir? - pergunta me olhando.

- Para casa. - digo já chorando.

- Onde?

- São Paulo. - vejo ela erregalar os olhos e me fitar alguns segundo.

- Você sabe onde estamos?- pergunta, eu discordo com a cabeça. - Estamos em Campo Grande. Tem certeza que é lá que você mora?

- Sim, me leva daqui! - peço mais uma vez.

- Ok, te levarei para minha casa depois para sua casa pode ser?- pergunta.

- Pode.

- Então me espera aqui, vou buscar meu carro.- diz já saindo, sumindo de meu campo de visão.

Volto a esconder meu rosto em meus joelhos, cansada querendo apenas dormir. Minhas pálpebras estão cada vez mais pesada, elas se fecham por um instante e acabo me assustando quando alguém toca em mim, fazendo eu soltar um pequeno grito.

- Desculpa, eu não queria assustar você.- ela fala tirando as mãos de mim .

Caminhamos até seu carro, ela abre a porta pra mim entrar. Ela dirigi pela cidade com calma, sempre pegava ela me com canto dos olhos, não dava atenção e ficava olhando a paisagem lá fora. Ela dirigiu muito, damos muitas voltas, passarmos por muitos lugares, restaurantes, mercados, lojas e casas. Chegando em uma rua estreita, ela para em frente a uma casa verde, pega um pequeno controle e aperta, fazendo o porta abrir. A casa dela é bonita, mas pequena. Para o carro mais ao fundo da casa.

- Vamos.

Desço do carro e vejo ela procurando algo na sua bolsa, são as chaves.  Assim que abre a porta ela entra e dar espaço pra mim entar, fico meio receosa mas entro, com passos lentos.

- Pode ficar tranquila, eu não vou fazer nada com você.- diz me olhando.

Desvio meu olhar do seu e olho a casa, é pequena, uma pequena sala, uma porta a direita e outra a esquerda, tem mais uma á frente, e um pequeno corredor.

- Minha casa é pequena, mas da pra você ficar.-  fala, percebendo que estava olhando sua casa.- Esse é meu quarto.- mostra o quarto a porta direita- Esse será seu, por enquanto.- abre a porta esquerda, entrando e me chamando.

Ela me mostra toda a casa e foi tomar um banho, pois estava cansada.
Será que agora sim estarei livre de Douglas?

Minha filha, meu anjo.Onde histórias criam vida. Descubra agora