Capítulo 3

59 5 0
                                    


Eu e Alice estamos juntas, desde o dia que ela me beijou  a gente não se desgruda mais. Arrumei outro emprego agora mais perto de casa. Estou trabalhando no supermercado, sou caixa agora, estou aqui a uma semana, Alice continua com a impressão de ser seguida, acho bobagem.

Termino meu turno e vou para casa. Chego lá e encontro tudo revirado, móveis tudo fora do lugar. Me desespero. Ele pegou ela, agora como vou achar ela? Onde ela vai está? 

Procuro a Polícia, eles falaram que precisava esperar por 24 horas.
Fico muito nervosa, choro de raiva. Quando eu ver aquele infeliz eu vou matá-lo, como ele ousa pegar meu anjo e minha filha. Falo desde o dia que eu a encontrei até o que aconteceu hoje de manhã, contei tudo a eles. Procuramos os vizinhos. Agora só procurar.

[..]
             |ALICE|

Ele me encontrou e me pegou. Naquela manhã eu tinha saído para comprar um pote de sorvete na sorveteria da rua de baixo. Quando eu abri o portão da casa, mãos me empurraram para dentro, quando olhei para trás meu coração congelou, meu pior pesadelo voltou. Levanto e entro em casa, ele entra e tenta me pegar, derrubando as coisas dentro de casa, quando ele me pega tento gritar mas ele tampa minha boca com um lenço e minhas vistas escurece e não vejo mais nada.

Acordo com minha cabeça doendo, sentada numa cadeira com  minhas mãos amarradas para trás. Minhas costas doem e estou sentido muita sede. Preciso de água e comida. Principalmente comida, meu estômago roncou nesse exato momento. Quantos dias será que não me alimento? Não posso fica sem alimento, minha filha precisa de vitaminas. E pensar que eu estava feliz, com a pessoa que eu amo, á espera da nossa filha que chegaria logo, talvez semana que vem, vai e acontece isso comigo, a mesma coisa que um banho de água fria.

- Acordou meu amor! - só de ouvi aquela voz meu estômago revira- Está querendo água?-  pergunta com uma garrafinha de água na mão, eu sei o seu joguinho e não estou nem um pouco afim disso - Ok, já que não quer falar vou te deixar aí, mas pra não dizer que sou um monstro - diz com um sorrisinho convencido- Irei te desamarrar e eu trouxe caneta e papel, você ama desenhar. - começa a desarramar a corda, me levando até cama, o mesmo maldito quarto de antes- Já ia me esquecendo, não precisa se preocupar já estou estudando como tirar essa coisa de dentro de você e jogar fora, pois somos só eu e você e ninguém mais.

Quando ele fala isso, meu coração dói. O que eu irei fazer? Ele vai matar minha filha, eu não vou deixar. Sem pensar mais eu ataco ele, dando socos em seu rosto, no começo ele se assusta, mas logo se recompõe e começa a me bater, dando várias tapas em meu rosto, caio no chão e ele chuta minha barriga, uma dor aguda toma conta da minha barriga, grito muito. Ele só para quando cansa, me deixando no chão praticamente desacordada, não tenho mais força pra gritar e nem pra chorar, acabo apagando.

Mas tarde eu acordo com muita dor na minha barriga e percebo que estou sangrando, me desespero com isso e começo a chorar, Meu Deus! Minha filha não, meu anjo não! Com muito esforço eu consigo sair do chão. Encontrei a garrafinha de água que estava com Douglas, tomo tudo. Depois que sento na cama, me sinto muito mal e fraca. Pego a caneta e o papel e escrevo uma carta pra Juliana, tenho certeza que ela está me procurando, mas sinto que não resistirei até lá, com muito esforço termino e coloco o papel dentro do meu sutiã e apago de novo.

Ouço barulhos estranhos, mas não consigo abrir meus olhos, de repente ouço a porta sendo aberta com muita força. Sinto sendo chocalhada de um lado para o outro, sei que é Juliana seu perfume é muito bom. Eles conversa entre si, sinto sendo carregada no colo e a Juliana chorando sem soltar  minha mão, com isso eu apago.

Acordo num lugar todo branco, com muita vozes a minha volta. Uma Juliana brava e chorando ao mesmo tempo. Viro minha cabeça e vejo que estou numa mesa de cirurgia, procuro ela e a vejo sendo segurada por dois homens e outro falando que se ela não se acalmar vai tirar ela daqui. Ela se controla e olha em minha direção, ela vem correndo e segura minha mão e começa a chorar, choro junto com ela. Começo a ter contrações e a passar mal, os médicos gritam algo que não consigo entender. Começo a ficar fraca, quando penso que não irei mais resistir ouço a coisa mais linda: um choro, o choro do meu anjo. Ela nasceu, sorrio sem me controlar. Juliana está radiante, escuto um som irritante e o sorriso da Juliana morrendo, braços a puxando para trás. Vejo tudo em câmera lenta, sorrio para ela que está num pranto de choro que me corta o coração. Viro meu rosto com dificuldade e vejo uma enfermeira com um embrulho lindo em mãos, branca e loirinha. Minha filha, meu anjo.

Minha filha, meu anjo.Onde histórias criam vida. Descubra agora