Capítulo II

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              Juliane
- Está dois minutos atrasada. - Karina me recebeu desse jeito, como sempre.

- Fica quieta que a gente tem uma festa para arrumar. - respondi pegando minhas bagagens na mala do carro.

- Me explica uma coisa : por que você trouxe uma mala SÓ para enfiar a fantasia? É feita de chumbo por acaso?

Ignorei a mesma reclamando e entrei dentro de casa. Havia sete meses que não pisava no chão de mármore gelado, mesmo no verão. O cheiro de lar invadiu meu corpo, me dando uma nostalgia enorme. Passei por tanta coisa aqui dentro...

- Não era você que estava apressada para arrumar a festa? - Karina passou por mim, dando de brinde um soco no braço para que eu saísse da imaginação.

Subimos ao meu quarto com todas aquelas malas e deitamos na cama ao mesmo tempo.

- Minha fantasia é sensacional - eu disse rindo.

- A minha vai te pisar que nem as provas de matemática.

Minha melhor amiga é uma desgraçada.

Levantando apressada, Karina pegou minha mala vermelha e pôs ao meu lado. Logo em seguida, pegou a dela, abriu quase rasgando o zíper e tirou de lá uma capa vermelha com capuz.

- Caralho Karina, chapeuzinho vermelho? O Lorran vai te ver assim? De "levando doces para a vovó?"

- Você é tão chata que não deixa eu mostrar tudo e já fica reclamando - ela respondeu tirando outros atalhos.

Saiu da mala uma calcinha preta de renda, um vestido curtíssimo e um salto 15.

- Karina, o que você pretende?

Ela me lançou um sorrisinho e começou a rir igual psicopata. Normal. Eu era assim também.

- Agora me mostra a sua - ela pediu sentando na cama e me olhando com seus olhos brilhantes e negros.

- Na-na-ni-na-não. Surpresa. Só amanhã.

Após me xingar, resolvemos começar a arrumação com a lista e as pulseiras.

- Lorran? Sim, óbvio. - ela disse digitando no computador.

- Meus professores - eu disse com medo de levar um tapa.

- Epa, calma. Qual deles você quer? - ela perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

- Eu não quero nenhum deles, Karina. Só chamar. - respondi engolindo seco.

- Juliane. Quais. Professores. Você. Quer? - ela lançou lentamente a pergunta, queimando todo o meu estômago.

- Emerson, V... - quando eu ia citar o resto, fui interrompida.

- Você é louca. Pirada. PSICOPATA!

- Vinicius, Daniel, Felipe e o Dilmar também. Eles que vão me dar o diploma, já está combinado. - terminei ainda nervosa.

- Ok, Emerson... - ela digitou dando ênfase no nome.

Respirei fundo e tentei não pirar. Minha imaginação para a festa e sua reação ao me ver consumia minha mente. Já não conseguia mais raciocinar.

- Você sabe que eu sei o que você sabe que o Emerson vai pensar quando te ver, né? Ata. - Karina continuou digitando enquanto se conectava com minha cabeça.

Merda.

Ao terminar, ligamos para os outros organizadores afim de arrumar o salão. A decoração estava escolhida, porém queríamos presenciar enquanto eles arrumavam.
As luzes da entrada eram vermelhas, com um pano preto cobrindo a porta. Antes de entrar para o salão, havia um corredor comprido, coberto nas paredes por um acolchoado roxo escuro, com botões espalhados, como um sofá gótico.
Ao final, outro pano preto se estendia, dando de cara para o salão. Não era muito grande, mas era muito bem espalhado e tinha espaço para o que você quisesse.

O que você quisesse fazer. Ou imaginar.

Uma Noite De HalloweenOnde histórias criam vida. Descubra agora