💧um💧

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Uma fugitiva azarada!
                       ...

---NÃO! MÃÃEEEE!!!!!

As lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Me sinto inútil. Minha mãe se fora, e eu não pude fazer nada para impedir.

A chuva molha meu corpo e minha roupa parece pesar 10 quilos, meus cabelos cacheados e castanhos pregam em meu rosto. Me sinto perdida, vazia,  obscurecida.

Minha mãe,  minha linda mãe!  Caio de joelhos na grama enlameada. Há uma enorme e densa floresta ao meu redor. Maldita hora que decidi fugir de casa no meio da noite.  A culpa é minha! Toda minha!

---Mãe....... PORQUE?!?!?!?!?

Me deito no chão a noite está fria e eu estou quase virando parte do chão.
Sinto que isso foi um castigo, não era para minha mãe ter me seguido,  se ela queria ficar com aquele maldito, ficasse, mas não me obrigasse a viver sob o mesmo teto que ele.

Termino de colocar as roupas dentro da mochila. Pego algum dinheiro do meu padrasto, sei que é roubo se eu não pedir, mas...enfim ele é podre e não é só de rico.
Não fico mais nem um minuto nessa casa. Na casa desse maldito! Ele sempre me humilhou. Eu contava a minha mãe, mas no final ela acabava ficando do lado dele. E daí que eu sou diferente? Eu sou uma pessoa e mereço ser tratada como tal!
Por isso que estou fugindo. Para ser livre!  Corro até a janela e olhos a altura que terei que pular, cálculo que uns 4 metros. Respiro fundo, arregaço as mangas do meu moleton azul marinho e pego impulso.  Pulo e dou um mortal no ar, pousando intacta no chão. Santa ginástica artística! Mas acabo fazendo barulho ao tropeçar em um brinquedo barulhento de Pomposo. Odeio esse cachorro tanto quanto o dono. Olho para a casa que estou abandonando. Vejo uma luz se ascender. Oh, droga! Já é mais de meia noite!  O que fazem acordados à essa hora? Era para eles estarem dormindo, isso vai atrapalhar o meu plano de fuga! Minha mãe abre a janela. Pulo para detrás de um arbusto qualquer do jardim na esperança de me esconder.

---Apague essa luz que eu quero dormir, mulher!

Escuto o nojento do meu padrasto dizer. Não ouço a resposta de minha mãe e assim que ela desaparece da janela, começo a correr pelo jardim em busca da minha tão sonhada liberdade. Passo rapidamente pelo portão e corro rapidamente pelo asfalto. Quase começo a rir de alegria quando ouço uma voz gritar por mim no deserto da noite escura. Mãe.

---VALENTINAAA!!! VOLTE IMEDIATAMENTE PRA CASA!!!

Merda! E agora o que eu faço?  Porque parar estática no meio da rua não parece a melhor solução pra alguém que queria fugir de casa. Me viro e vejo minha mãe, seus cabelos cacheados estão soltos ao vento que faz a sua camisola e robe de seda serem poucos pra suportar o frio cortante, ela se abraça em busca de proteção.

---Volte para casa, Valentina! O que pensa que que está fazendo?

Ela está visivelmente alterada e segura meu braço com força fincando suas unhas em minha pele fria. Por que eu fui arregaçar as mangas hein?

---Eu não volto para aquela casa! Me solta!

Grito e puxo meu braço quando ela parece querer me arrastar de volta.
Me viro em direção a floresta, a casa na qual vivia, fica bem no fim da cidade, próxima a uma mata. Eu queria correr pro outro lado, alugar um quartinho em uma pensão e ver o que faria pela manhã, mas minha mãe está me cercando. Então a floresta é o único jeito​.

Valentia - Livro 1(Série Os Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora