💧 quatro 💧

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                    Carne moída!
                               ...
   
 

    Depois de ter sido bombardeada com perguntas pelo senhor Bernardo, eu não sabia de onde ele tirava tantas perguntas, Daniela se lembrou que eu existia e foi me buscar. Seguindo as instruções que haviam sido passadas para ela, providenciou um quarto em um dormitório para recém chegados, que segundo ela não paravam de aparecer, de verdade, eu já estava cansada de tudo aquilo e olha que fazia somente um dia que eu havia chegado aqui.

O lugar era pequeno mas aconchegante, com uma cama de solteiro, um pequeno armário, uma escrivaninha perto da janela, era simples, mas ia servir. Quando perguntei à Daniela onde ela morava ela me disse que era em um condomínio e que lá só havia Elementais do Fogo. Ela também me explicou que cada elemento tinha um condomínio uns eram bem pequenos enquanto outros já eram bem maiores. Segundo ela o condomínio dos Elementais da Água estava totalmente vazio e à muito tempo não era usado, quando ela me disse isso um arrepio me subiu pela espinha. Era triste saber que uma raça de Elementais inteirinha havia sido dizimada e que minha mãe poderia ter sido uma das últimas.

Veja, estou falando igualzinho a eles, mas é como diz o ditado, se não pode contra eles junte-se a eles. E no momento eu estava completamente sozinha, o jeito era seguir a onda.

Valentina!

Sussurra uma voz feminina, olho para os lados a procura de alguém que possa ter dito meu nome, mas me lembro que estou sozinha.

Valentina, venha me buscar!

Isso está começando a me apavorar.
Se passa um tempo e não ouço mais a voz, será que foi maluquice minha? Argh! Eu preciso de um psicólogo, estou começando à ouvir coisas.

Ouço batidas na porta e me levanto da  cama para ir abrir, do outro lado está Daniela, ela usa uma roupa idêntica à que usava no dia que me salvou, só que ao invés de preto seu macacão super colado tem um tom de vermelho vinho​ escuro, seus cabelos ruivos estavam presos em um coque perfeitamente arrumado. Ela me lança um de seus sorrisos e me pergunto se alguma vez na vida ela teve motivos pra chorar.

--- Oii, animada?

Forço um sorriso.

--- Animada pra que?

Ela entra no meu quarto e joga minha mochila limpinha em cima da cama. Vou até o armário pego e devolvo sua mochila vermelha.

--- Oh, Desculpe, eu acho que não te expliquei, três dias na semana treinamos para sair nas missões e hoje temos que estar no campo de lutas daqui à 40 minutos!

Mas eu sou humana! Eles querem me matar! Nem ferrando eu entro num lugar daqueles pra lutar, só se eu quisesse virar carne moída.

--- Não se preocupe, vai dar tudo certo! Coloquei o uniforme dentro da sua mochila. Seja pontual!

Ela sai correndo sem me dar tempo pra questionamentos. Droga! Abro minha mochila e de lá tiro uma roupa igual à de Daniela só que a cor era bem diferente, um cinza desbotado, confesso que me deu vergonha de vestir isso, sem contar a dificuldade que foi, é muito apertado!

Prendo meu cabelo em um coque e saio do quarto, vejo várias pessoas vestidas da mesma forma e me sinto mais confortável por não ser a única.

Vejo olhares questionadores em minha direção e a sensação de conforto se esvae feito água em ebulição. Acompanho os vários outros adolescentes em direção ao campo de lutas. O lugar é como da primeira vez que o vi. Várias arquibancadas em volta de uma grande arena, tudo feito de pedra, é incrível!

Vejo Cameron perto de pessoas com a mesma cor de roupa, um tom de preto desbotado.

--- Telecinese e telepatia.

Daniela diz ao meu lado.

--- O que?

Ela ri fraco.

--- Ele se encaixa no grupo de telecineticos! Pessoas que controlam as coisas com a mente! Os telepatas e os telecineticos andam juntos e dividem o mesmo condomínio por seus dons envolverem a mente.

Faço uma careta.

--- E o que te faz pensar que eu queria saber disso?

Ela dá de ombros.

--- Nada, só o fato de você ficar encarando ele.

Merda. Agora ela não vai sair do meu pé!

--- Só estava bolando uma forma de me vingar por ele ter me ameaçado!

Ela até ia comentar alguma coisa, mas uma pessoa nos chama para o centro da arena, um homem que parecia estar na casa dos 45, alto e forte. Devia ter pelo menos umas 300 pessoas. Era bem espaçosa. E a nossa volta nas arquibancadas estava várias pessoas mais velhas a nos observar.

--- Hoje, teremos híbridos em nosso treinamento, acredito que estão todos praparados.

Arregalo os meus olhos. O homem continua a falar e tenho vontade de sair correndo.

--- Eles são extremamente letais, sugiro que tenham cuidado! Não machuque nenhum de seus colegas sejam eles do mesmo Elemento ou não! A equipe que matar o maior número de híbridos ganha a noite especial da semana! Boa sorte à todos, especialmente pra humana novata!

Todos olham pra mim! Socorro!
Olho desesperada em direção à Daniela mas ela só me arrasta para um canto e começa a espalhar armas por todo o meu corpo desde adagas, dardos à armas de fogo com calibre bem elevado julgando o tamanho das armas.

--- Eu vou morrer!

Ela sorri.

--- É só se proteger.

Por fim ela me entrega uma espada que deveria pesar no mínimo uns 5 quilos. Percebo à nossa volta recipientes cheios de água. Não entendi. Pra que água se não tem nenhum Elemental da Água aqui?
Daniela percebe e explica.

--- É só uma forma de homenagem...vamos! Não deixe seus pontos fracos expostos! Sugiro que nem tente matar nenhum híbrido, você não recebeu treinamento nenhum!

São um bando de loucos, nunca lutei contra nada na minha vida e eles me mandam direto para a morte!

--- Então por que me mandaram pra cá?

Pergunto desesperado.

--- Acho que possa ser um teste, pra saber se você é capaz de sobreviver, afinal, você deve ter algo de especial, quer melhor forma de descobrir que essa?

Quero! De preferência uma que não envolva armas e criaturas esquisitas.

--- Hoje veio muito gente! Acho que todo mundo quer saber como um humano consegue ver um híbrido passar pela barreira e ainda sobreviver!

Ótimo agora eu virei a notícia da semana!

--- Que comecem a luta!

O homem diz, portões de pedra em volta da arena começam a se abrir e várias criaturas horrendas e sedentas de sangue passam por elas. Minhas mãos começam a suar e a espada pesada começa a escorregar da minha mão. Meu coração bate doído em meu peito.

--- Não se preocupe, eu vou estar por perto caso precise de ajuda!

Ela sai correndo. Sei, perto de mim caso precise de ajuda! Várias pessoas começam a lutar mas não vejo nenhum híbrido morto.

Me sinto estranha parada, nenhum híbrido parece querer me atacar.

Escuto um barulho estridente ao meu lado, um híbrido! Esse parece ser... não parece nada! Tem três olhos na testa uma boca enorme e cheia de dentes quatro braços com garras enormes no lugar dos dedos o corpo lembra de um homem, mas é coberto por penas e tem pelo menos dois metros de altura.

Legal, eu vou virar carne moída!

                            ❄🌀🌊
  
                                             Continua...

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⏰ Última atualização: Oct 11, 2017 ⏰

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Valentia - Livro 1(Série Os Elementais)Onde histórias criam vida. Descubra agora