Quando me aposentei da minha conversa com o Justin pensei nele. Achei-o engraçado e…diferente. E com diferente não me refiro a um diferente do tipo verde e com olhos amarelos ou assim. Estou a falar do seu interior, embora pouco conhecesse dele. Nem sei bem como explicar, mas é algo bom, é uma sensação boa. Finalmente encontrei alguém que seja capaz de conversar normalmente.
Estou a percorrer todo o salão, à procura da Anna ou outra das raparigas com quem eu vim, pois não vejo nenhuma delas desde o início desta festa. Estava a sentir-me desconfortável com os olhares desejosos dos homens, os piropos e os assobios que estavam a ser lançados – mas mesmo assim, eu não ligava. Não gostava, nunca gostei ou achei piada a esse tipo de coisas; Sempre tive esperança de ser conquistada por alguém com carácter e que soubesse como tratar uma rapariga, levá-la a lugares significativos, fazer os gestos certos, dizer as palavras mágicas. Tudo aquilo que nós lemos nos livros de contos de fadas e vemos nos filmes – não na vida real.
Vi a Anna ao fundo a falar e forçando o riso para um rapaz; ri e dirigi-me a eles. Ela reconheceu-me e levantou-se.
- Ashton, esta aqui – colocou o seu braço no meu ombro – é a Sophia.
- Olá – cumprimentei o rapaz – Anna, preciso de falar contigo!
- Entendi – disse ela disse piscando o olho – Ashton, tu não achas a Sophia linda? Ela é das melhores que estão a cursar astronomia o que possivelmente lhe vai garantir uma boa segurança económica –
- O quê? Anna! – Coloquei a minha mão na sua boca – Ela deve ter abusado do whisky – Ri.
- Já falei que tu tens de seguir em frente – Ela gritou e algumas pessoas olharam-nos – O Harry não é bom para ti.
Era mais que óbvio que a Anna estava embriagada, que lindo.
- Quem é o Harry? – Ashton perguntou.
- Não é da tua conta – Anna respondeu-lhe, apontando-lhe o dedo indicador.
- Vocês são malucas – Ele disse e bazou, ou seja, foi embora.
Anna não poderia estar a fazer uma cena dessas. Quem iria conduzir? Eu nem tenho permissão para conduzir e provavelmente serei a única sóbria do nosso grupo. Algo me cheira que essa noite vai trazer sarilhos.
- Onde é que estiveste? – Anna perguntou abraçando-me – Eu adoro-te, amiga.
- Estive com alguém –
- Ashton! – Ela chamou o rapaz – podes esquecer, ela é comprometida!
- Ok, nós vamos embora.
Arrastei a Anna para fora do salão, contra a sua vontade, claro. Anna raramente fazia coisas deste género, mas quando fazia era triste, vamos dizer. Foi por esse mesmo motivo que votei que a legalização das bebidas alcoólicas deveria ser para maiores de vinte e um anos. Se a Anna com vinte anos já bebe e fica desta forma (sem controle), imagina-se um adolescente de dezoito anos. Exatamente como nós vemos na tv: acabam a vomitar e vão parar no hospital. Mais tarde os pais acabam na cadeia por deixarem o filho menor beber. Não são cenas bonitas de ver, embora muitos americanos achem isso fixe. É atitude de criança autêntica.
Chamei a Christina e a Bridgit pelo telemóvel e informei que tínhamos que sair deste lugar; A primeiro ficaram zangadas mas passou assim que viram o estado da Anna.
- Quem vai conduzir? – Bridgit perguntou.
- Eu bebi vodka – Christina denunciou-se – é forte.
- Eu não posso, vocês sabem – Defendi-me – e a Anna não está em estado de conduzir.
- Só restas tu, Bridgit – Christina disse enquanto cruzava os braços e ria provocativa.