Trajeto

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Ela começou a refazer os passos até o quarto,
Havia flores e sangue espalhados no corredor,
As lembranças eram vivas e se moviam,
Por isso ela se sentia um código indecifrável,
A cada passo via ranhuras nas paredes,
Eram cicatrizes que foram construídas,
Desde as travessuras da sua infância,
Suas pernas tremeram por algum tempo,
Ela não podia falar, apenas observava tensa,
Por um momento as dores foram maiores,
Não suportando o peso das memórias, chorou,
Mas o choro evocou a lembrança dos pais,
Ela os viu chegar e colocando-a nos braços,
Brincavam e cantavam até que o sorriso,
Daquela criança insegura se misturou,
Ao sorriso da grande mulher que se tornou.

Ela continuou seu trajeto por seu próprio ser,
Quando se aproximou do quarto viu o berço,
A porta estava entreaberta por sensações,
Ela podia sentir como acontece nos sonhos,
Todas as emoções vividas naquele corredor,
Mas agora havia algo diferente em seus olhos,
Os medos estavam se dissipando pelo tempo,
Uma maturidade começava a envolvê-la,
E de repente alguém segurou sua mão,
A levou de volta pelo corredor que estava,
De um modo enigmático, se transformando,
O sangue tornou-se em rosas vermelhas,
O sujeito misterioso tinha o poder de fazê-la,
Sempre que se perdia em sua própria casa,
Construir novos corredores que a levassem,
Ao trajeto que sempre sonhou, o infinito.

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