Um dia eu estava no metrô, dentro do trem
Indo pra faculdade
Chovendo...
Puts! E o guarda-chuva? Estava sem..
Um pouco atrasado na verdade
Naquele momento, não saia da minha cabeça a Sé
Todos amontoados
Estudante, idoso, criança
Homem, mulher.
Olhei para o painel
A luz piscava na Paraíso
Mas a cara das pessoas que ali estavam
Estava muito longe disso
O cansaço impregna as estações
As pessoas sempre em silêncio
Ouvindo em suas cabeças, seus pedidos as suas orações
Agem como se aquele tempo não existisse
Não existem de fato as pessoas no trem
Alguns aparecem com a arte, e queriam que vissem
O que só alguns poucos vêem
Pedindo aplausos, uma vez, um palhaço aparaceu
Dizendo que a vida é um circo
E o mestre do picadeiro, sou eu.
Um outro com um violão
Dizia que precisamos amar
Emocionado com suas próprias palavras
Desabou de tanto chorar
Um choro sozinho
E aquela emoção se vaza
Em troca recebeu apenas olhares de
"O que será que vou comer quando chegar em casa?".
Uma menina
Mexendo em suas mechas
Me chamou a atenção
Mas não me deu nenhuma brecha
Pra uma conversação
Quando percebi aquela chance
Já tinha ido embora
Naquela outra estação.
No Jabaquara
O trem para
Coração dispara
Estamos eu e mais um cara
E o tempo não passa
O metrô não anda
O homem se aproximava
Bem no instante em que o trem balança
Volta andar
Abre as portas
Como um tiro eu saí
Não olhei pra trás
E correndo dei de frente com um gari
Pedi perdão, e prossegui
O ônibus já vai partir
Preciso correr
Vou me atrasar
Preciso ir.