- POSSO ENTRAR nesse jogo? - perguntou timidamente o recém-chegado.
- Po-pode... é claro que pode... - gaguejou Laurinha.
Os "olhos ambulantes" do novo garoto pareciam observar tudo mais ou menos, mas Laurinha achou que, diretamente mesmo, eles estavam olhando só para ela.
- Esse bicho nada? - perguntou o garoto, com aquela coisa de olhar firme dentro dos olhos dela.
- Hum...?
Laurinha recebeu aquele olhar como se o olhar tivesse tocado de verdade seu rosto. Como uma carícia. Ficou meio sem jeito e respondeu:
- Não... não nada...
- Voa? - continuou o garoto.- Se voa? Sim...
Maíra olhava de Adriano para Laurinha e de Laurinha para Adriano. Sorria de leve e não dizia nada.
- Hum... - raciocinava o garoto. - Se voa e não tem penas, não é pássaro. Se voa e não tem pêlo, não é morcego. Então, ficamos com os insetos, não?
- S-sim...- O Adriano disse insetos! - gritou Leo. - Se a palavra que a Laurinha pensou não for insetos, o Adriano tem que sair fora do jogo!
- Ei , espere aí! - defendeu-se Adriano. - Eu não usei o verbo ser!
Todos começaram a discutir se a pergunta do recém-chegado valia ou não. Laurinha nem quis saber da discussão. O novo garoto também não parecia muito interessado em ter ou não razão. Os olhos dos dois agarravam-se no ar e não de desgrudavam."Adriano", dissera Ernani. O nome daquele desconhecido era Adriano... Adriano!
Por fim, ficou decidido que a pergunta do rapaz valia e que ele podia continuar na brincadeira.
- Inseto! - continuou Maíra do ponto em que tinham parado. - Tem tanto inseto que vai ser impossível descobrir que raio de bicho é esse!
- É... - apoiou Suelen. - Tudo o que é inseto voa...
- Menos as formigas. Formiga não voa! - palpitou Toco, que se esquecera da regra de ficar calado.
- Formiga voa sim. Pelo menos as rainhas, quando saem do formigueiro para formar outro, voam, sim - informou Patrícia, que era incrível em Ciências. - São as içás.
- Ora... - Toco fez a cara de envergonhado pelo "fora" que acabara de dar. - E cupim? Cupim é inseto e não voa. Cupim é aquela minhoquinha branca que fica só lá roendo os móveis, roc-roc...
- Mas que roc-roc, que nada, Toco! - gozou Maria Rosa. - Cupim também tem içá, feito formiga. Você não vê, no verão, quando fica de noite e vem aquele monte de bichinho voando em volta das lâmpadas? Aquilo tudo é içá de cupim!
O Toco ainda estava vermelho, de tanto dar fora. Mas, assim mesmo , veio com mais um:
- E aranha? Vai me dizer que aranha voa?
- Não voa porque não é inseto, seu bobo! - brincou Patrícia. - Aranha é aracnídeo!
- Araque-o-quê?
- Aracnídeo. Como o escorpião.
- Você está inventando! - protestou Toco, irritado. - Inventando palavra difícil só pra gozar com a minha cara, Patrícia!
- Fique quieto, Toco! - ordenou Ernani, que não queria ver os amigos brigando. - Ninguém está gozando você!
- Vamos parar de falar em bicho asqueroso e continuar com a brincadeira? - propôs Maíra, ajudando a acabar com a discussão.
- Isso! - apoiou Ernani. - Vamos ás perguntas. Esse inseto tem veneno? Faz mal ás pessoas?
- Que pica as pessoas com veneno ou que transmite doenças? - devolveu Laurinha. - Não para o veneno e nããão para o perigo.
- Esse inseto voa desde que nasce? Voa a vida toda? - continuou Adriano.
- A vida toda? - Laurinha sentiu-se avermelhar-lhe o rosto.
- Oba, isso sim é que é pista! - gozou Leo. - Que pergunta mais boba!
Adriano sorria, de braços cruzados, sem desviar os olhos de Laurinha. Nem ligou para a gozação do Leo e esperou calmamente pela resposta.
- Você quer dizer como as formigas e os cupins? - prosseguia Laurinha. - Não... não voa a vida toda...
O sorriso de Adriano abriu-se mais um pouco e ele declarou, com ar de triunfo:
- Então, Laurinha, lá vai... Você acha lindo esse inseto?
- Eu... acho lindo, sim...
- Esse inseto gosta de flores?
- É...
- Esse inseto nasce como uma lagarta?
- Sim...
- E só depois vira... borboleta?
Laurinha sorriu sem jeito e falou, com um fio de voz:
- A-acertou, Adriano. Eu pensei mesmo em borboleta...Maíra riu alto, como se borboleta fosse a palavra mais engraçada do mundo.
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O Primeiro Amor de Laurinha
Teen FictionDo primeiro amor, a gente nunca esquece... Laurinha, a deliciosa protagonista de O mistério da fábrica de livros, fez de tudo para a história do seu primeiro amor fosse eternizada em um livro. E aqui está esse livro, trazendo toda a magia da primeir...