- O ADRIANO ADIVINHOU a palavra! - encerrou Maíra. - Então agora é ele quem pensa outra!
Adriano sorriu, com seu jeito meio tímido:
- Está bem. Já pensei. Podem perguntar.- É borboleta? - perguntou Toco.
Leo caiu na risada:
- Ah, Toco! Como você é boboca!
- O Toco está fora de novo!
- Deixe ele, Ernani - propôs Laurinha. - Se a gente tirar o Toco da brincadeira toda vez que ele der um fora, ele nunca mais vai brincar!
E Toco continuou na brincadeira, mesmo com todo o seu desligamento.- Eu pergunto primeiro! - recomeçou Maíra - O que você pensou tem vida?
- Sim.
- Pensa? - continuou Suelen.
- Sim.
- Pronto, já sabemos que é gente - concluiu Ernani. - Essa pessoa está morta?- Não.
- Que bobagem, Ernani! - riu Leo.
- Bobagem, por quê? O Adriano podia estar pensando em algum personagem histórico, por que não?
Patrícia procurou situar melhor:
- Essa pessoa já está velha?
- Não.
Foi a vez de Maria Rosa:
- Nasceu no Brasil?
- Sim.
Suelen:- Faz barba?
- Não.
- Ora, Suelen! - brincou Maria Rosa. - Você acha que com essa pergunta descobre se é homem ou mulher? E se for criança, um menino que ainda não tem barba?
- Então eu pergunto de outra maneira: essa pessoa usa o banheiro masculino?- Ah, ah! Não, não usa.
Ernani achou um jeito complicado de perguntar sem usar o verbo ser:- Já sabemos que é mulher. Estamos falando de uma criança?
Adriano fez uma careta:
- Hum... mais ou menos... Não é mais criança, né?
Laurinha até aquele momento não tinha feito nenhuma pergunta. Com as orelhas pegando fogo, mas tentando sorrir, perguntou:
- Estuda na nossa escola?
Adriano encarou novamente a menina e sorriu de volta:
- Sim...
- Essa é boa! - admirou-se Ernani. - E agora? Tem um milhão de meninas nesta escola!
- Um milhão nada! Um milhão não tem nem na cidade inteira! - corrigiu Xexéu.
- É um modo de falar, Xexéu, pôxa!
Laurinha achou que já tinha adivinhado. Mas não conseguia falar.
Suelen coçou a cabeça:
- Hum... agora fica difícil. Quem disser algum nome e errar sai fora da brincadeira...- Ora, não é preciso dizer nenhum nome - palpitou Patrícia. - A gente vai perguntando de acordo com o jeito de cada aluna, até adivinhar!
- É isso! - concordou Toco. - Já sei o que perguntar. Essa menina está de uniforme?
- Ai, ai, Toco! Isso é pergunta? - riu Maria Rosa. - Todos nós estamos de uniforme!
Ernani continuava:
- Ela estuda na nossa classe?
- Na sua classe? - devolveu Adriano. - Acho que sim...
- Oba! Ficou mais fácil - Suelen estava excitada. - Na nossa classe só tem doze meninas!- Está aqui no pátio? - perguntou Maíra.
- Sim...
- Na nossa roda? - continuou Maria Rosa.
- Já sei! É a Maíra! - berrou Toco.
- Fique quieto, Toco!- Não, não é a Maíra - respondeu Adriano.
Maíra riu de um jeitinho estranho, como se soubesse muito bem por onde andava o pensamento de Adriano:
- Ah, ah! É claro que não é em mim que o Adriano está pensando.
As alternativas resumiam-se agora a quatro meninas: Patrícia, Suelen, Maria Rosa e... e Laurinha!
Não só ela, mas todos do grupo - menos Toco, é claro! - sabiam agora que era só perguntar detalhes fáceis, uma usava tranças, outra era negra e Laurinha... Bom, ela era a única que tinha um cabelo com uma cor maluca como aquela. Confusa, sem saber por quê, a menina sentia dentro de si a certeza de que Adriano havia pensado justamente nela. Nela!
O próprio Adriano tentou quebrar o silêncio:- E então, Laurinha?
Laurinha baixou os seus olhos dos olhos do garoto e disse:
- Então eu acho que é...
- Quem? Vamos, fale, Laurinha! - incentivou Ernani. - Você tem uma chance em quatro! Ou é a Suelen, ou a Maria Rosa, ou a Patrícia ou... você mesma!
O rosto da menina estava em brasa:
- Acho que...
- Ora, fala logo, Laurinha! - Maíra parecia estar se divertindo a valer. - Todo mundo já adivinhou!
Nesse momento tocou o sinal e a brincadeira foi encerrada pela balbúrdia dos alunos correndo para as classes e por dona Iracema, que tentava inutilmente conseguir alguma ordem.
Laurinha subiu as escadas sentindo uma coisa nova. Por que o simples fato de um menino pensar em seu nome numa brincadeira fazia seu coração pular tanto dentro do peito?
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O Primeiro Amor de Laurinha
Teen FictionDo primeiro amor, a gente nunca esquece... Laurinha, a deliciosa protagonista de O mistério da fábrica de livros, fez de tudo para a história do seu primeiro amor fosse eternizada em um livro. E aqui está esse livro, trazendo toda a magia da primeir...