Cinco passos

Capítulo 4 - Hunter

Obviamente não dormi. Assaltar um banco definitivamente não é o assunto com mais informações no google. Eu não sabia o que fazer. Que situação. E já era 12h00.

Desesperado, comecei a procurar pessoas online que pudessem me dar alguma informação. Aquela altura, qualquer coisa seria ótimo.

14h20 quando já estava pensando em desistir, resolvi ir atrás do Josh. Precisava desabafar com alguém. Meu Deus. Eu precisava conversar.

Indo atrás do Josh, com olhos atentos pelo corredor, vi a menina que me levou a pensamentos constrangedores no dia anterior. Dessa vez ela estava com o cabelo preso. Pude ver todas as sardinhas do seu rosto com perfeição. Aqueles olhos verdes brilhantes rapidamente me transportaram para outro mundo, o mundo antes de Taylor ir embora, o mundo em que eu paquerava várias meninas e não as evitava. Eu podia passar a vida trocando olhares com essa garota.

OPS! O EXTINTOR!

Tarde demais.

- Parece que temos um distraído por aqui. - a garota se aproximou estendendo a mão até a minha testa - Uau, isso vai ficar feio. Vamos ao meu quarto, tenho um kit de primeiros socorros que vai ser mais útil que ir à enfermaria! - ela riu.

Uau. Que sorrisão. Nem liguei para os outros alunos que estavam rindo de mim enquanto passavam. Só tinha olhos para ela.

A enfermeira é realmente inútil, deve ter uns cem anos, e só está exercendo a profissão por vontade própria. Como ela é muito querida, muitos alunos ficam fazendo hora em sua salinha, e quem realmente está precisando espera bastante até ser atendido. A maioria só quer matar aula mesmo.

- Claro, mas só se me disser seu nome. - disparo. - Você tem olhos muito bonitos.

Ih... O Josh! Ai meu Deus, eu estava indo desabafar com o Josh. Quem liga? Nesse momento, com certeza não sou eu.

- Obrigada. Tessa. Tessa Springs. - esticou a mão esperando que eu a cumprimentasse.

- Espera, eu conheço esse sobrenome. Você é dona daquela marca de iogurte? Aquele de morango é o melhor do mundo! -  eu estava prestes a dizer que o de baunilha precisava de um pouco mais de açúcar quando fui interrompido.

- Por que todos perguntam isso? Aquela marca se pronuncia SPRINGUIS. Que saco. - ela bufou e revirou os olhos antes de continuar - Sou filha do prefeito. Sean Springs. - notei que quando ela disse isso, parecia meio triste, ou seria com raiva?

Pessoas passavam olhando pra gente. Pra gente não, pra ela. O que a filha do prefeito teria para conversar com o menino que ficou maluco após perder o irmão gêmeo?

- Primeiramente, quando você diz seu sobrenome, não noto a menor diferença do iogurte. - dei uma risada. - E nossa, a cidade não está em seu melhor momento, agora deve ser duro ser filha do prefeito.

Ela me olhou como se eu fosse um ET. Eu ia perguntar o que disse de errado, mas ali caiu a ficha. O que eu estava fazendo? Devia fugir de filha de autoridade. Eu estava prestes a assaltar um banco. Não existe relação que daria certo nessas condições. Nem de amizade, que certamente não era o que queria mas é o que acabaria tendo.

Estava prestes a me despedir, mas ela foi mais rápida:

- Vamos, se demorarmos mais, esse troço vai inchar antes que eu consiga dar um jeitinho - Tessa tirou o celular do bolso, deu uma olhada rápida e me puxou rumo à seu quarto.