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Assim que chegamos no hospital, fomos direto para o quarto onde a mamãe está internada. Há anos atrás, mamãe descobriu um problema no coração e começou a se tratar, porém um tempo depois os remédios já não faziam efeito. Os médicos até cogitaram a idéia de um transplante de coração, mas até agora não encontramos nenhum doador.

Agora a única coisa que podemos fazer é esperar.

Bati na porta e escultei um "pode entrar". Quando abrir a porta, vi o papai ao lado da mamãe segurando a sua mão.

Posso afirmar com todas as letras que eles estavam trocando juras de amor, antes de chegarmos. O papai apesar de parecer forte, está muito abalado com isso tudo que está acontecendo, ele passa todas as noites aqui com ela. Para mim, que sou filha está difícil de aceitar que o coração dela pode parar a qualquer momento, imagine para o homem que a ama desde de os dezessete anos? Que construiu uma família ao lado da mulher dos seus sonhos?

- Bom dia, meus amores. - Falei sorrindo.

- Bom dia filha, eu já estou atrasado para uma reunião com os franceses, você pode ficar aqui até eu voltar? - Ele falou com o semblante cansado, e além de enfrentar tudo isso, ele também tem que trabalhar na empresa de perfumes da famila.

- É claro que eu fico, as meninas ficaram cuidado da Mel. - Expliquei.

- Ok, mais tarde vou passar em casa para lhe dá um beijo de boa noite, não pude ir ontem porque cheguei tarde aqui no hospital.- Ele sorri e olha para minha mãe e lhe dá um selinho. - Fica bem querida, eu te amo, viu? Volto o mais rápido possível. - Ela sorriu.

Ele se despediu de nós e foi embora.

- Mãe, a Mel mandou mais um desenho para senhora. - Peguei o desenho que minha pequena artista fez e entreguei a ela.

- Realmente, a minha neta vai ser uma grande desenhista, quando crescer. - Ela sorriu ao ver o desenho e uma pequena lágrima escorreu dos seus olhos.

- Tia Dith, não chora. - A Arya falou indo abraça-lá.

- Eu...não vou está aqui, para ver a Mel crescer. - Ela falou com a voz embargada por causa do choro e eu não estava muito diferente dela.

- Mãe não fala assim, eu não gosto de pensar desse jeito, por favor...

- Mas é a realidade, Lily. - Ela me interrompeu. - A vida não é um conto de fadas com finais felizes, todos vamos ter um final e pode ser ele trágico ou não.

- Eu tenho esperanças e vou ter até os últimos estantes. - Abracei ela como a abraço todos os dias,desde quando ela está nesse hospital.

- Filha. - Ela eleva meu queixo para que ela me olhe nos olhos. - Eu sei o quanto isso dói, mas depois que você aceitar tudo o que que está acontecendo, essa dor que está sentido vai aliviar. - Ela sorriu.

- Mas é tão difícil mãe, às vezes parece que tudo vai desabar em cima de mim. - Limpei suas lágrimas.

- Arya, pode colocar esse desenho no mural junto com os outros. - Ela fez o que a mamãe falou.

Melissa quase todos os dias faz desenhos para a mamãe, neles ela retrata toda a família. Esse assunto é muito delicado, eu fiz de tudo para não voltar para o Brasil, mas não consegui convencer a mamãe, então eu apelei para a chantagem, se eu ficasse grávida mamãe não me deixaria longe do pai da minha filha, certo?
Errado, quando eu descobri que estava grávida, eu já estava no Brasil e minha mãe fez questão de esconder meu passaporte para que eu não pudesse voltar para Londres.
Melissa acabou nascendo no Brasil e eu acabei deixando esse assunto de lado, pois se ele quisesse realmente um filho, ele teria lutado por nós. Quando a Mel estava com dois meses, o Max entrou na nossa vida, ele deu o seu sobrenome a ela e cuidou dela como um pai de verdade.

- Lily? - Minha mãe me chamou

- Oi, desculpa, eu divaguei. - Sorri amarelo.

- Eu quero que você faça uma coisa para mim. - Ela me olhou com seus grandes olhos azuis.

- Se estiver no meu alcance, eu faço. - Dei de ombro.

- Eu quero que vá até a casa da Rose e...

- O quê? - Me afastei dela e a olhei incrédula. - Como assim ir na casa da tia Rose? Depois de tudo que a senhora fez, agora quer que eu vá lá com com a cara mais lavada? - A raiva me subiu.

- Elizabeth! Eu ainda sou sua mãe e quero me despedir da minha amiga, de qualquer forma isso que está acontecendo comigo, é o preço a ser pago por ter te proibido ficar aqui, não é mesmo? - Ela se alterou

- Tia, se acalma aí.

- Não Arya, a Lily falou isso. É um castigo que eu estou recebendo por acabar com a felicidade dela. - Ela me olhou com tristeza. - Eu fiz tudo isso para proteger ela, mas ela não sabe reconhecer isso porque eu a memei demais, devia ter deixado ela quebra a cara, pra ver aprender a ser uma garota de caráter e não uma que só pensa em si próprio.

- Tia, se acalma por favor. - A Arya implorou chorando. - Se a senhora quiser eu vou, eu entedo que a senhora queira se despedir da senhora Dornan, mas se a Lily não for eu vou.

- Não precisa minha querida, eu peço para o Ian ir. - Ela falou mais calma.

- Eu até hoje não entendo o motivo de termos nos mudado para o Brasil, e isso não tem sentido nenhum.

- Então vá até a casa da Rose e peça para ela vim me ver, se fizer isso, eu responderei todas as suas perguntas.

- Jura? - Faleu insegura.

- Sim, você irá fazer isso? - Ela me olhou de soslaio.

- Ok, não vai custar nada mesmo. - Me dei por vencida, sempre soube que esse dia iria chegar, o que adianta ficar adiando.

- Então leve a Melissa junto, e conte a verdade para a Rose.

- Não! Isso nunca.

- É isso ou nada feito.- Ela semiserrou os olhos, me desafiando.

- Tudo bem, eu vou. - Levantei os mãos pro alto me rendendo.

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#A.Winterblue

When We Were Young (EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora