Começamos a jantar.
O Roberto me lembrou o quanto as refeições podem ser divertidas quando acompanhada de uma pessoa relaxada e que ama a vida.
Ele é assim. Poderia dizer que ele é um “bon vivant” irresponsável e mimado. Mas o Roberto é simples, meio italiano caricato que não gosta de assuntos sérios à mesa.
Na verdade a Nona Geovana é tia dele. Seus pais, jornalistas, morreram em um ataque terrorista na Turquia, enquanto cobriam um encontro de blocos econômicos ou algo assim. Ele era muito pequeno e a Nona o criou entre a Itália e o Brasil.
Apaixonado por motos, investiu em sua carreira, primeiro como vendedor, depois como mecânico. Com o tempo tornou-se esse empresário dono de lojas aqui e na Itália.
E hoje sou surpreendida ao descobri que este espartano é um admirável cozinheiro.
- Não nego que aprendi para conquistar ragazze [garotas]. Má vem a calhar quando io estoi sola, non?
Ainda para piorar este sotaque, o deixa mais irresistível. Ele sabe disso.
- Non tem medo de ficar sozinha aqui?
Olhei ao redor da sala de jantar.
Era uma sala de jantar bem comum para estes tipos de casa. Os móveis ainda são do tempo de minha avó, de madeira maciça e pesada. O bufê e a cristaleira completam o conjunto que associada a magnífica louça disposta e taças de cristal, te remete à um tempo não muito longe, mas não tão perto.
Os quadros na parede eram de nossas família, gerações e gerações montados à cavalo, ou em fotos em datas comemorativas.
Todos os estilos juntos e misturados, registrando décadas da família.
- No inicio, logo depois que voltei para cá, sim. Mas não classificaria como medo, era receio de não conseguir mais viver, era saudade de tudo que perdi.
Larguei o garfo e uma lágrima descia. Lembrar de meus pais era algo que sempre fugia. Fechei os olhos e senti a mão do Roberto segurando a minha.
- Bella.. non fique triste. Aposto que eles estão bem. Se crê no pradiso, eles estão lá.
Tentei sorrir.
- O Zés vinha e ficava comigo. Muitas noites eu não dormia, então ele ficava acordado comigo, na sala.
Olhei para ele.
- Como você fez comigo, logo quando cheguei na casa da Carla. Você estava lá fingindo que estava bebendo.
Ele levantou levemente os ombros.
- Io? Como sabia que finto [fingia] que bebia?
- Quando você me levou carregada para o quarto, senti que o sol nascia, mas não cheirei um pingo de álcool em ti.
Ele subiu a mão, limpou minha lágrima alisou minha meu rosto com as costas da mão.
- Non nego che io sono attratto da te [Não vou negar que sou atraído por você]. Ma naquele dias io sabia que avevi bisogno [você precisava]de tempo. E non sabia sua vida com o “cowboy”.
- Roberto, sobre isso, precisamos conversar.
- Sim, precisamos... Mas non agora.
Ele se inclinou mais e me deu um beijo casto nos lábios.
- Não é que não goste de você, mas eu e o Moisés...
- Shiiii...
Beijou meu rosto de forma carinhosa.
- Io entendo.
Ele se levantou.
- Entende?
- Se você está in love pelo cowboy.
Segui-o com o olhos até o carrinho onde ficam as bebidas. Ele se serviu de um licor de passas.
- Dizer que estou apaixonada é muito cedo. Mas gosto dele bastante, depois de hoje – ele parou e olhou o copo.
Merda, falei demais!
Ele bebeu um gole do líquido e me olhou de cima abaixo. Estava me analisando.
- Vocês?
- Nós? – me fiz de desentendida e peguei um pitú na bandeja e comecei abri-lo.
- Fatto sesso [Transaram] – comecei a colocar os pedaços da carne branca na boca sem olhar para o Roberto.
Ouvi sua risada e ele se sentou na minha frente.
- Principessa, não fiques tímida.
- Eu não quero falar de minha vida íntima com você, assim, Roberto, já entendes que eu e o Moisés...
- Non podem estar definidos uma vez que non v'è dubbio [há uma interrogação] enorme em sua mente.
- Como você tem certeza? – me levantei de forma abrupta.
Ele veio junto a mim.
- Se fosses certa não estaria jantando comigo.
- Só queria deixar claro que a sua brincadeira com o Moisés não vai tão longe.
- Infelizmente, Bella, nossa brincadeira chegou em una linea [em um patamar] muito mais interessante do que immaginassi.
Ele me agarrou pela cintura, puxou minha nuca a fixando próxima a ele. Seu olhar era de puro desejo.
Me beijou com paixão, me deixando ciente de que não queria só aquilo.
Soltou-me e respiramos um olhando para a cara outro.
- Seu .... cretino.
- Sou. Io sono quello che vuoi [Serei o que você quise]r. Ma nesta notte voglio amarti [eu te amarei ]
- Roberto...
Quanto mais me afastava, mas ele se aproximava. Minhas costas encontrou o bufê e o leve tombo fez as taças titilharem.
- É só dizer non, non te quero Roberto.
Engolia seco, algo impedia de eu dizer aquilo, não só o bolo na garganta, mas meu próprio corpo, que formigava com os leves toques dos dedos do Roberto em meus braços.
Me senti arrepiar. Pior, me senti excitada.
Ele me puxou contra si.
- Basta dizer não... - me disse sério com a voz rouca
Me beijou com calma e aos poucos o desejo entre nós trasnformou o beijo em algo avassalador.
Ele gemeu quando puxei seus cabelos e encaixei meu quadril em sua ereção.
Seu corpo era firme assim, como o do Moisés, mas seus músculos eram maiores devido aos períodos na academia.
No entanto, sua pegada era tão boa quanto ao do...
- Moisés – me afastei dele – eu....
Ele segurou meu rosto e me deu beijinhos.
- Assumiram compromisso?
- Não, nós....
- Faça amor comigo, Sue..... - disse com muito sotaque e desejo.
Beijou-me de novo.
Eu vou para o inferno. Deitar-me com dois homens diferentes no mesmo dia.
Relaxa Sue.
Assim, relaxei.
Fui com o Roberto até seu quarto.
Ficamos nus em pouco tempo. Me deitou na cama e ficou sobre mim, me beijando e dizendo coisas em italiano ao pé do ouvido. Mordiscava minha orelha e cada vez que roçava sua ereção em mim gemia.
Ele tem uma concepção de corpo de mulher de idolatria. Teve mais paciência e adorou meus seios e minha barriga. Lambia-me, beijava e chupava como uma refeição. Sem pressa. Sua barba era macia e me fazia cócegas, completando a sensação de prazer.
O Zés é bom, mas do modo dele, que me mordia e beijava com frivolidade. No entanto, hoje à tarde estávamos sem tempo, talvez o Moisés...
Fiz o mesmo com o Roberto. Lambi, beijei e mordisquei seu tórax, mamilos e abdômen travado.
Ele me deu a camisinha.
- Mi calvague[Monta em mim] Princessa, me domina.
Coloquei a camisinha e montei nele.
Ainda estava dolorida devido às investidas do Moisés, mas logo esqueci a dor.
Aos poucos nosso ritmo foi aumentando e sem sair de mim, ele me virou ficando em cima de mim.
Ele me olhava com seus olhos castanhos claros.
- Vem comigo, Bella...
Ele sussurava.
Gozamos juntos.
Ele deitou do meu lado soltando o ar.
Fechei os olhos, me senti uma vagabunda. Dois homens no mesmo dia. O que minha mãe diria sobre mim.
Senti ele retirar a camisinha e se voltar para meu lado.
- Sue.
- Não olha para mim, me sinto...
- Ah, Bella... Não se sinta uma vadia.
- Como sabe como me sinto?
- Eu conheço donne como você. O pregiudizio culturale que vocês carregam dentro de vocês mesmas.
- O que você quer dizer com isso?
Me voltei para ele, apoiando minha cabeça com a mão.
- Linda – ele circundou os bicos dos meus seios que responderem ao seu toque – Sue, tive o caso com uma executiva do setor de carros de luxo na Itália. Sabe quantos amantes?
Neguei.
- Cinque.
- Cinco?
- Sim, 5. Ela tinha due figli [dois filhos], e não misturava, negócios, prazer e família. Ela é eccezionale [excepcional].
- Você era um deles?
- Noin, io era o caso nos dias que ela não queria de nenhum dos 5.
- Sério?
- Sim.... Não me importava em não ser exclusivo. Era só diversão e uma boa oportunidade passar uma noite em um hotel grandioso, em boa companhia, com bom sexo...
- Não se sentia usado?
- Porquê? Eu a usava. Mas este não é o ponto. Eu quero que você entenda que o que você fez...
- Deitar com você e o Moisés....
- Isso, foi algo que você quis... que não danneggiato [prejudicou] ninguém.
- Mas posso ter o magoado.
- Não pense assim... ele sabe que eu tentaria...
- Ele sabia que você?
- Tentaria te seduzir hoje e que provavelmente, conseguiria.
Deitei de costas novamente.
- Tô confusa.
- Está confusa porque pensa como uma mulher do século XIX, raciocinie como uma do século que vives. Você já vive como uma: é independente, comanda uma empresa desse porte com várias pessoas dependentes do que produz aqui, vive sozinha em uma casa gigantesca... O que a faz pensar que seus relacionamentosr poderiam ser convencionais? - ele falou isso sem misturar o italiano com o portguês, de forma clara e bem definida. Parece que já tinha ensaiado essa frase algumas vezes.
- Isso é desculpa.... – me levantei – eu posso ter magoado o Zés....
- Se quer viver se condenando, boa sorte. O Moisés sabia no que estava se metendo quando transou com você, quando mi hai visto qui, que eu não desistiria sem tentar.
Ele se levantou e vestiu a calça.
- Aonde vai? - fiquei ao seu lado, estava nua em pelo e ele me passava o olhar de meu rosto, ao meu corpo.
- Arrumar a sala de jantar, sou um homem do século XXI que divide as tarefas de casa e arruma sua bagunça - também disse isso em português claro.