Diecinueve

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14/03/16

HARRY

Cada minuto que eu passava sozinho, (o que, na verdade, não eram muitos; desde que voltei a falar normalmente com Niall, ele não saía mais do meu pé) me colocava a pensar sobre como eu estava me sentindo.

Precisava definir meus sentimentos o mais rápido possível. O último surto que tive, quando desabafei com Louis era a prova disso.

Sim, eu gosto do Niall. Ele é meu melhor amigo, me entende, me conhece como ninguém. Me magoa vê-lo gostando de outra pessoa, eu assumo. É isso.

E eu sou gay. Disso, agora, eu tenho toda certeza. No começo me assustou um pouquinho (provavelmente por causa de toda a merda que a sociedade enfia dentro do seu cérebro), mas agora eu me aceito como sou.

O melhor disso é que eu tinha plena certeza de que, quando chegasse a hora de me assumir, minha mãe e minha irmã me aceitariam. E esse é um sentimento inexplicavelmente bom.

Eu também gosto do Louis. Entretanto, o meu medo não era esse em si, mas que fosse um sentimento passageiro, ou falso. Que eu só gostasse dele por causa de toda essa vibe de "proibido".

Mais assustador que isso, agora, era a ideia de perdê-lo. De ele me odiar quando descobrir quem sou de verdade e não querer mais falar comigo. Ou ainda, se Louis me aceitasse e quisesse andar comigo, mas Niall nunca conseguisse me perdoar por ser amigo de seu inimigo.

O karma realmente é uma vadia. Eu reclamava com Niall por alimentar um sentimento unilateral por Alissa e o que aconteceu? Eu literalmente tenho DOIS sentimentos unilaterais agora.

Sempre que assisti a algum filme ou li algum livro onde existia esse tipo de "triângulo amoroso", a pessoa certa para o protagonista era óbvio para mim. Mas agora, que é a minha vida, isso me deixa perdido.

Quer dizer, eu não sei de quem eu gosto mais. Mas, espero conseguir descobrir logo.

Entretanto, é como Louis sempre diz. Eu preciso relaxar. Nenhum dos dois aparenta gostar de mim. Não vale a pena tanto estresse...

É, adolescência realmente é uma bosta.

"Eu preciso relaxar" Repeti a mim mesmo, baixinho.

"Yep" Niall ouviu e meu xinguei internamente por isso.

Estávamos na cafeteria agora; eu já havia acabado de almoçar e Niall estava só enrolando, mesmo.

"Niall, se você não vai comer, vamos embora logo"

"Eu não gosto de jogar comida fora"

"Muito menos eu. Mas, você prefere o que? Enfiar toda essa comida aí e depois ficar passando mal?"

"Não. Você tem razão" Parecia decepcionado consigo mesmo. Observei-o jogando quase a metade do prato de comida no lixo e depois voltando até nossa mesa. "Vamos, ainda dá tempo da gente ficar um pouquinho no teatro"

Lá era o nosso lugar favorito para descansar depois do almoço. A combinação de silêncio e uma temperatura amena era maravilhosa.

Em menos de 10 minutos, chegamos. Dessa vez, Niall foi até o palco e se deitou sobre ele. Peguei meu celular e fui até onde estava, mas invés de me deitar, apenas me sentei e me encostei na parede.

Meu primeiro instinto foi pegar o aparelho para mandar uma mensagem pro Lou. Ainda não havíamos conversado hoje. Sim, estava levando a regra de não usar o celular na sala de aula muito a sério. Agora já a de evitar sentimentos confusos...

"Hey, sem celular, Haz!" Levei um susto com o bote que Niall deu nas minhas mãos, quase derrubando o aparelho. Por sorte, consegui bloqueá-lo para que não lesse a mensagem que estava digitando.

"Ok, ok" Suspirei. Foi inesperado quando Niall voltou a se deitar, agora mais perto, e colocou sua cabeça no meu colo.

"Eu posso te fazer uma pergunta, Harry?"

"Uhum"

"Você está com raiva de mim?"

"Não" Evitei encará-lo.

"Aconteceu alguma coisa? É por causa da separação dos seus pais?"

"Não, Niall"

"Eu sinto como se você estivesse me afastando"

"É só bobeira minha" Encostei minha cabeça na parede e me pus a olhar o teto.

"Harry, você é o meu melhor amigo de todos. Só, por favor... Não me deixe pra sempre"

Que droga, por que aquelas lágrimas teimavam em se formar nos meus olhos? Eu acariciei levemente seus cabelos, numa tentativa de me distrair.

"Hey, eu não estou indo a lugar nenhum"

Nossa, como eu odiava essa situação. Quando eu começara a achar que estava organizando as coisas na minha mente...

Magnets (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora