- Ansiosa? - Jack disse ao lado de Anne observando a tripulação.
- Para morrer? Não, não estou,e não nego minha preocupação.
- Fica tranquila... - ele deu um tapa de leve em suas costas, cheirava a rum.
- Rackham, o quanto você já bebeu? - a menina resmungou - Você tinha que está sóbrio! Isso é sério!
- Eu estou sóbrio o suficiente! - o hálito dele o contrariava - Já disse, sou o Jack Rackham.
- Sua arrogância ainda o levará para a forca! - ela resmungou de volta.
- E ainda assim você está aqui comigo! - ele deu um sorriso malicioso e se virou para tripulação - Homens! Entraremos agora na Garganta da Sereia, lembre-se, o local é cheio de pedras e bancos de areia, necessito de atenção total de todos!
Dito isso ele começou a lançar várias ordens para os tripulantes. Anne ficou ali, vendo aquelas pedras se aproximarem mais e algo dentro dela pedia para que fosse para o outro lado imediatamente. Mesmo que estivesse na água, ali não era seu território.
- Anne assuma o leme! - Jack falou no final com um olhar sério.
- Sim, capitão!
- Capitão, acha mesmo uma boa ideia deixá-la com isso? - o imediato falou com calma
- Anne consegue prestar mais atenção do que a maioria de nós juntos. - Jack sorriu - Além disso eu e Brutos passamos horas treinando-a. Confio nossas vidas nela!
O imediato olhou para a garota com pura reprovação, saiu resmungando a sua opinião para quem quisesse ouvir. Jack colocou a mão de leve sobre o ombro dela.
- Vai dar tudo certo! - ele pegou a garrafa de rum e deu um longo gole.
- Principalmente... - ela tirou o conteúdo com o líquido da sua mão - Se você ficar longe disso.
- Estou bem! - ele tomou a garrafa de volta - Não seja tão mandona!
Suspirando a pirata assumiu seu lugar no timão, as mãos suavam frio e inconcientemente ela tinha tirado o seu casaco da cintura vestindo-o. Aquilo ia dar errado! Aquilo ia dar errado!
- Vai dar tudo certo! - Jack repetiu ao seu lado.
- Por que fica repetindo isso? - ela quase gritou
- Porque sua cara transparece a preocupação! - ele riu.
Anne pelo canto do olho viu o rapaz de cabelos preto longos e encaracolados dando um sorriso brilhante e um pouco embriagado para ela, uma estranha calma a tomou.
Mais rápido do que gostaria se viu no início da Garganta da Sereia, pedras dos dois lados se projetavam e inclinava sobre eles, o Sol ficou mais fraco e um vento frio passou tornando o suor que cobria a pele de Anne em gelo, estremeceu.
- Fechar as velas! - Jack gritou, alguém repetiu isso e as velas foram fechadas.
- Banco de areia a esquerda! - um dos tripulantes gritou de volta.
Anne virou o timão de modo que o barco fosse para a direita, mas com muito cuidado para que não se aproximasse ainda mais das pedras daquele lado. Um silêncio perturbador soou no navio, apenas o casco de madeira da embarcação rangia. Até mesmo o mar parecia não querer incomodar o que quer que estivesse ali.
Jack dava um gole no rum a cada vez que se sentia tenso e Anne o chamava de bêbado mentalmente com o mesmo objetivo calmante. Na metade do caminho quando começou a temer que ele parasse de comprir o papel de capitão do navio a música soou.
Era uma canção suave e começou de forma tão sutil que Anne só percebeu quando ela havia tomado completamente o ambiente. Ela olhou ao redor desesperada, os piratas estavam quase que largados no chão, com olhares moles e expressões bobas.
- Merda! Merda! Merda! Rackham! - ela olhou para Jack, mas ele estava do mesmo jeito, desesperada ela escutou o barco ranger de maneira estranha. Banco de areia! Ela virou para o outro lado, pedra, outro, para o outro - Puta que pariu!
A música envolvia o navio inteiro, e a primeira mudança da água ecoou naquele ritmo infernal. No rocheado, uma mulher maravilhosa apareceu, mas no lugar das pernas tinha uma cauda de peixe vermelha.
Ainda tentando pensar viu um dos piratas caminhando lentamente até a ponta do navio, para perto de uma das mulheres, que agora apareciam que nem pragas. Elas não estavam cantando nada de obseno e nem relacionado aos sonhos de alguém, eram apenas canções sobre está em casa, família e felicidade. Havia um conforto tão profundo que até Anne ficou tentada a dar mais ouvidos, só que tinha problemas maiores, aquele homem ia morrer!
- Não! - ela deu um grito alto, tinha que se sobrepor a música - Não! Volte!
Quando o pirata se preparava para pular Mark apareceu e o segurou pela cintura com muita força. Jogou ele dentro do convés e olhou para Anne assustado.
- E agora? - o pirata perguntou.
- Amarre todos eles! - ela respondeu desesperada e muito confusa.
Mark não tinha sido levado pela a música, não foi seduzido pelas belas vozes daquelas mulheres. Isso só podia significar um coisa, aquele pirata era uma mulher! Infelizmente, não era hora de discutir sobre isso.
- E agora? - Mark, ou seja lá o seu nome, gritou.
Anne estava pensando qual seria o próximo passo quando, com muito horror, viu o cozinheiro sair para o convés. Brutos, um amigo que ela tinha entre a tripulação, era um homem grande e forte, impossível das duas o seguraram.
- Abaixe a âncora! - Anne gritou soltando o timão e correndo para uma corda pendurada.
Que algo a ajudasse agora! Mantendo as mãos firmes na corda, torcia muito para que o impulso tomado desarcordasse o homem. Esperou o momento correto, sentiu um balançar estranho no navio, as sereias estavam o atacando. Ainda pedindo ajuda ela se jogou.
Acertou Brutos na cara, derrubando-o no chão, caindo também do outro lado do navio. Mark foi até ela a levantou com um puxão nem um pouco delicado.
- Obrigada! - Anne disse se olhando, tudo em ordem - Guardarei seu segredo.
- Ótimo! - Mark respondeu.
Mais um balança do navio, Anne viu o desespero no olhar da sua companheira, as sereias estavam por todos os lados cantando cada vez mais alto. Caudas vermelhas, de acordo com as lendas do pai, eram marcas das sereias guerreiras.
Foi com esse pensamento desesperador que a garota viu Jack se levantar do outro lado do navio e caminhar para uma delas. Anne saiu correndo, mas sabia que não ia dar tempo de salvá-lo.
- Jack! - ela gritou, ele se virou, mas foi uma esperança vazia já que em seguida ele continuou sua caminhada para morte - Mark, eu preciso que também guarde um segredo!
O casaco que ela usava tinha se tornado sua segunda pele, flexível e maleável. Ainda correndo, Anne foi em busca daquilo dentro do seu peito, o balançar do mar. Juntando toda a sua força ela fez água se levantar, formando uma parede entre Jack e a sereia.
Caiu de joelhos, tinha usado mais energia do que esperava. As sereias olharam para Anne e a canção voltou a ser uma melodia suave. Um barulho de água veio seguido de um clarão, um dos seres míticos estavam a bordo com corpo de mulher, tinha uma coroa sobre a cabeça.
- Selkie! - a voz dela era forte e melodiosa - O que faz com humanos onde as sereias guardam seus tesouros?
- Calma... - Anne ainda ofegava - Por favor.
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Lendas Do Mar [Degustação]
FantasíaPRIMEIRO LUGAR EM FANTASIA NO CONCURSO TROFÉU DE OURO SEGUNDO LUGAR EM FANTASIA NO CONCURSO FLORES DE OURO Toda lenda tem um fundo de verdade. E Anne Bonny é a prova viva disso. Depois de fugir de sua terra para fazer parte da tripulação do pirata...