Prólogo

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Julho de 2012 – Funeral do Andrew: Como vou entrar para historia agora?

Os povos antigos gostavam de pensar que seriam lembrados pelas gerações futuras pelos seus feitos ou por simplesmente fazer parte historia. Acredito que tudo isso começou milênios atrás, quando os homens das cavernas se comunicavam através de pinturas nas cavernas, eles sabiam que deixariam suas marcas na historia.

Hoje em dia nossa geração não está mais preocupada com os nossos feitos ou as marcas que deixaremos para trás.

Sempre gostei muito da historia da vida humana, e sempre tive esse desejo de deixar minha marca para trás, ser lembrada.

Pelo que eu gostaria de ser lembrada?

Eu gostaria de ser lembrada por amar demais, amar como nunca ninguém viu alguém amando outra pessoa daquela forma. Mas nem sempre nossos planos podem ser concretizados. 

Será que o povo antigo também tinha esse problema de não conseguir realizar seus desejos? Ou será que tudo era mais fácil?

Levanto meus olhos para onde a mãe de Andrew está. Ela continua a contar historias de quando Andrew era pequeno e como desde sempre ela soube que ele seria diferente, como ela sempre soube que ele mudaria a historia. Engraçado é que ele realmente conseguiu fazer isso, a única parte que ela se esqueceu de mencionar é que ele morreu para que mudasse a historia.

Gina, a mãe de Andrew, termina de falar e então os aplausos começam nada muito acalorado é claro, é algo calmo e reconfortante. Ela vem sendo muito forte, acredito que em grande parte isso se deve a nossa recém-descoberta de que Andrew não deixou apenas uma marca nesse mundo, ele nos salvou.

Passo a mão na minha barriga que ainda não está protuberante, e deixo uma lagrima escapar quando penso que ele nunca vai conhecer nosso filho ou filha.

Chegou a minha vez, mas pela primeira vez desde que Andrew morreu sinto que não estou sozinha. Levanto-me e me encaminho para frente da igreja, sinto os olhares penosos queimarem minhas costas, e consigo ouvir até pequenos sussurros que dizem praticamente o mesmo "Pobrezinha, tão nova viúva e com um filho na barriga". Passo a mão na minha barriga novamente antes de enfim tomar coragem e me virar. Respiro fundo e tento focar em um ponto no fundo da igreja. Aproximo-me do microfone e abro um sorriso tímido. E então começo:

– Marcas no mundo, entrar para a historia....

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